30.4.18

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Foto: Umbrella - Gerd Altmann

 

Hoje chove a cântaros. Apesar dos dias prolongados de frio, chuva e algum cinzento na alma, acordei tranquila, descansada e mimada, com os três gatos na cama. Respirei fundo, lentamente, senti-me feliz por estar viva. Por sentir que as coisas avançam na minha vida, mesmo que os meus passos ainda me pareçam incertos. Estar inteira, aqui e agora, faz-me sentir coisas debaixo da pele que me levam a saltar da cama de manhã (na grande maioria dos meus dias), cheia de sol e vontade, ainda que troveje no firmamento. Cá dentro, em cada uma das minhas células, assinam-se tratados de paz, acordos territoriais e de segurança, protocolos de intervenção e, embora nem sempre o consenso entre as partes seja possível, nenhum demónio tem autorização de permanência. Ainda há quem grite, quem sofra, quem reivindique o ar que respira em nome de memórias nefastas, mas a comitiva da paz, com olhos postos no futuro, tem contido a onda de indignação, com determinação e carinho. Lá fora, o vento arrasta as vozes e os pés mas nada contém a mudança que trago em mim, silenciosa e determinada. Pela primeira vez em muito tempo, sinto a paz regressar. A vida não se tornou mais fácil, tão pouco os próximos anos serão mais tranquilos, mas o tempo da cura interna já se faz sentir. Os males do mundo continuarão a chegar sem aviso prévio, sem dó nem piedade, jamais poderei travá-los. Aceito as circunstâncias do mundo e dos outros, simplesmente: sei-os à margem de mim, tal como me sei deles. Aqui e agora, todavia, partilhamos este planeta, numa coexistência frágil, carregada de incompreensão e ignorância: como é triste sermos gente que não compreende gente, num mundo feito de (e para) gente que se esquece de ser gente. Talvez nunca o consiga entender mas já não me permito navegar nestas águas. No meio do caos, atento nos lutadores, nos audazes, nos humildes, nos compassivos, nos humanos que insistem, dia após dia, em ser melhor do que foram ontem, para si e para outros.

 

No meio do temporal, caminhando às cegas, debaixo do guarda-chuva, esbarro numa amiga que não via há muito. Insiste em que lhe conte “as novidades”, quer saber acerca de todas as coisas que não fiz. Pouco convencida pela minha resposta sucinta, segreda-me, sorridente, que os meus olhos lhe dizem que cheguei ao meu destino, que algo (ou “alguém”, repete) muito especial deve estar a acontecer. É óbvio para ela, que estou a ocultar algo importante, que não quero falar do que me traz “tão iluminada” mas, claro, apesar de triste e um pouco ofendida, deseja apenas que eu seja “muito feliz”. Na pausa em que aguarda a minha resposta, a minha boca não se move. Penso: não estou a chegar a nenhum lugar, nem a ninguém, estou em viagem. Parti de uma estação à qual jamais poderei voltar e, em cada paragem, deixo bagagem que não me pertence. Ainda não posso dizer que só trago comigo, apenas, o que me faz falta mas a leveza crescente cá dentro torna, definitivamente, as pernas mais velozes e o coração mais sereno. Sei porque estou a ir. Sei para onde quero ir. Sei o que não deve viajar em mim. Sei quem não deve caminhar comigo. Não sei, no entanto, de quantas paragens mais precisarei ao longo do percurso, para viajar cada vez mais leve, com que passageiros partilharei ainda a jornada ou quando será a última vez que poderei escolher o trajeto, mas sei que está tudo bem e que estou no único caminho que me validará a viagem. E quando eu tiver convertido toda a dor em amor, saberei que estou em casa. Pensei isto tudo mas não o disse, não creio que pudesse entender uma só palavra. Devolvi o abraço em que me envolveu e respondi, sorrindo: “… que eu seja muito feliz… Obrigada, amiga. Assim seja”. Desejei-lhe o mesmo de volta e voltei a partir, sem mais delongas. A viagem continua – e a chuva também.

 

Alexandra Vaz

 

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27.4.18

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Foto: Girl - Adina Voicu

 

Quero ir. Não importa o destino! Caminhar, fazer, ver, escutar, partilhar, aprender...

Porque ao partir, vou eu mas regresso outra. Essa bagagem que trago de volta pode ser insignificante. Ou pode marcar, por ser boa ou má. Não importa! Partir é sempre melhor que ficar. Ficar é não viver. É não ser. E eu não sou assim.

Por isso, vou. E, afinal, já não volto.

Adeus.

 

Sandrapep

 

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23.4.18

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Foto: Wanderer - Hermann Traub

 

Não se pode dizer que se trata de uma questão de ambiguidade. O facto de ter tantas possibilidades de significados diferentes, até opostos, dá-lhe riqueza e cada contexto torna a aceção clara, bem definida.

Pode, comecemos então, ser pedra. Alguém tem que o fazer, é duro, mas necessário e produtivo, ainda que nem sempre com resultados imediatos, até porque tal se faz, frequentemente, no início dos processos.

Pode ser um espelho, para desgraça de quem seja supersticioso. É que estar convencido de 7, esse mágico número, anos de azar é meio caminho andado.

Partir a louça toda é que não passa despercebido a nada nem a ninguém, só talvez à louça, para sorte dela, que tem aqui o papel de figura de estilo.

Há de ser triste, dramático, trágico e deixar saudades. Depende da possibilidade de voltar, regressando numa questão de tempo, ou não. Ser para sempre.

Vamos aproximar-nos do que queremos, ainda que para efeitos diversos e para sustentar a base de um argumentário. É sempre bom estabelecer qual a base de partida, determinar princípios.

Partir. Como mencionado, pode dar azar, fazer chinfrim, ser triste, originar saudade. Ser um fim.

 

Vamos, no entanto, tomar partir como uma partida, um começo. Algumas vezes o começo não parte de uma decisão, já o recomeço, partir para outra, mudar, carece de uma decisão, de uma iniciativa própria. Por força das circunstâncias, por força de vontade.

Porque queremos, porque precisamos, porque desejamos. O mais certo é que seja preciso estar disposto a suportar o desconforto, a dor, torná-la nossa amiga, sabendo que o processo que a produz nos vai trazer novos horizontes, novas conquistas. Atingir outro plano, outros e melhores, mais ambiciosos resultados. Partir para atingir. E depois, quiçá, partir de novo. Acompanhado, de preferência.

Vamos? Eu vou.

 

Jorge Saraiva

 

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20.4.18

People - Stock Snap.jpg

Foto: People - Stock Snap

 

Quando naquela tarde a morte lhe tocou com seus dedos de pedra fria, não encontrou senão restos. Restos de uma força que o tempo foi consumindo, de um corpo outrora belo, de um ser em sofrimento. Restos de um quase acreditar nos avanços da medicina.

Tinha chegado o momento. Sentiam-no. Tomaram-se de uma tristeza que lhes gelou a alma e paralisou o corpo. Esquecer a inevitabilidade da partida tinha sido o esforço dos últimos tempos, mas aquela tristeza paralisante não os deixava iludirem-se por mais tempo. Não tinham mais do que segundos, talvez minutos. Quem saberia ao certo? Mas não mais do que isso. Pouco, muito pouco para serem e se darem. Ele lia-lhe a desistência no olhar. Ela queria compreensão. Não conseguia continuar, ele tinha que compreender e perdoar-lhe a fraqueza.

- Não te zangues, meu amor. Não encontro forças para continuar, já tudo me é insuportável. O fogo que me queima as entranhas é um sofrimento difícil de aguentar, desumano, e, no entanto, isso é nada comparado com a dor de te ver abandonado. Abandonado por mim! Não gastei a vida, ela é que me esvaziou. Escapou-me a concretização de alguns sonhos, haveria muito mais para fazer, para fazermos, mas já nada tenho que me possa manter.

Ela sussurrava despedidas num fio de voz emocionada, arrancada com esforço. Os olhos dele, pungentes, eram a expressão da dor. Uma dor seca sem lágrimas, que essas foram gastas nos dias a seguir à condenação, poucos meses antes. Desde então, viviam a acumular recordações, agarravam o hoje na certeza de que não existiria o amanhã.

Quando por períodos, ainda que escassos, conseguiam expulsar a nuvem negra que se abatera sobre eles, vendando-a qual jogo de cabra-cega e punham em campo a esperança de olhos bem abertos, viviam intensamente. Davam grandes passeios, admiravam as cores da natureza, sorviam o ar puro dos campos e os aromas delicados dos perfumes. Faziam duetos sem qualquer sucesso, ela de voz doce, mas desafinada, ele afinado, mas sem melodia na voz, e cantavam. Riam de alegria, gritavam ou choravam de medo, mas tudo isto fazia sentido e enriquecia os dias incertos.

- Sinto-me viva quando choro ou quando rio - dizia ela com vivacidade.

 

Era chegado o final. Sabiam-no. Antes do diagnóstico nunca perderam mais do que um minuto a pensar que um dia se separariam. Sonharam com uma vida, planearam e construíram o mundo deles, indestrutível e intemporal. Pelo menos assim o pensavam. Por vezes, franqueavam as portas desse mundo e deixavam-se visitar por familiares ou amigos íntimos, por momentos partilhavam a vida com eles, mas isso não os distraia um do outro, ao contrário, aumentava-lhes a saudade e o desejo de se entregarem rapidamente aos seus hábitos, horários, às brincadeiras quase infantis que só eles entendiam e que tanto os divertia. E ele, mais por admiração dessa jovialidade e menos por repreensão, perguntava-lhe se ela sabia a idade que tinha. Sabia e glosava o tema, nunca seria uma velha rabugenta. Que ironia! Agora também sabia que nunca seria velha. Triste sabedoria! Mas que ninguém tivesse pena, tivessem sim, admiração. A pena não faz justiça às coisas que triunfam, como este amor que os uniu.

Trocavam elogios que outros diriam, quão pouco fundamentados eram. Talvez fossem! Talvez se vissem como mais ninguém os via. E que importância isso tinha se, para eles, eram agrados e bondades com que se mimavam?

- Quem é linda, quem é? - perguntou ele olhando a silhueta sem forma e inchada da mulher, a cabeça lisa e a pele de lagartixa manchada e maltratada pelos medicamentos. Ela respondeu com fingida vaidade e sem nenhuma certeza:

- Não sei. E acrescentou: - Mas, muito, muito linda sou eu.

- Acertaste meu amor, mereces um prémio.

E o prémio veio prazenteiro num beijo quente. O sorriso que ela lhe devolveu não passou de um esgar sem profundidade, a pressão das mãos entrelaçadas afrouxou até à lassidão e ele, impotente, não conseguiu evitar que os olhos dela se fixassem, sem expressão, no vazio.

 

Cidália Carvalho

 

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16.4.18

Autor desconhecido - Coleção F. Cabral.jpg

Foto: Autor desconhecido - Coleção F. Cabral

 

Dali, daquele sítio sobranceiro ao rio Douro, é possível desfrutar de toda a panorâmica fabulosa que a vista alcança, dominada por essa excelente via fluvial pela qual veio, desde tempos imemoriais, o progresso e o desenvolvimento à “mui” nobre cidade do Porto. O afluxo e o movimento de barcos às ribeiras de ambas as margens foi sempre uma constante, o que parece dar vida eterna àquelas paragens. As próprias marginais, com a intensa circulação de pessoas e tráfego de mercadorias, também muito concorreram para ser um lugar de grande atividade comercial e turística. Toda a zona envolvente está repleta de história e de “histórias”, não fosse aquele o lugar donde proveio o nome de Portugal. Era dali que o menino da “rua” observava o “vai e vem” dos barcos, a chegada e a partida dos navios de maior calado que rumavam para muito longe, para lugares distantes que ele sonhava um dia visitar.

De vez em quando, ouvia a narrativa dos “embarcadiços” que demandavam a Gronelândia à pesca do bacalhau, cujos barcos, na época do defeso, ficavam atracados no cais de Massarelos. O que mais o encantava e obcecava era o “partir” desses navios. Para ele, a palavra “partir” assumia um sentido mágico, qual sortilégio da imaginação infantil, porque significava ir viajar, ir conhecer outros lugares, outras gentes e, sobretudo, a possibilidade de adquirir mais conhecimentos, ganhar mais “vida da vida para a vida”. No sítio, que lhe servia de autêntico miradouro, podia divisar a entrada e saída de navios, ao mesmo tempo que lhe servia também de fonte de inspiração para os sonhos que alimentavam a sua fértil imaginação de menino. Mas do que ele gostava mesmo era de partir para alguma parte do Mundo, demandar outras terras, sentir o encanto, o fascínio e o cheiro de outros lugares; por isso, fechava os olhos e, nesse devaneio, sonhava como se estivesse a viajar. Queria ser um homem das “sete partidas” a exemplo de outras figuras conhecidas da nossa história.

 

José Azevedo

 

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13.4.18

Auto - Albrecht Fietz.jpg

Foto: Auto - Albrecht Fietz

 

“Não vou procurar quem espero

Se o que eu quero é navegar

Pelo tamanho das ondas… Volto a partir em paz.”

Ornatos Violeta

 

Espero que o levante sopre quente e sereno nessa tua viagem. Decidiste pegar nas coisas e largar, mudar de ares. Que tinhas de ir, sentias ganas de sair. Na volta, é o mais simples. Começar novas pessoas e hábitos. Mesmo que depois tudo fique igual, temos a sensação de que algo se mexe, que não fica igual, não é verdade?

Na volta, um dia fitas o horizonte e pensas como estás no mesmo ponto. Como é que, a dada altura, mudar era mais simples que ficar. Até, sinceramente, uma parte de ti já tinha pegado nas malas e partido. A coragem veio depois com a crescente sensação de que dia-a-dia já não havia ali mais amor para ti e que saías da mesma forma que entraste. Pelo teu próprio pé.

Um dia o horizonte fita-te e responde se o desafio maior não será ficar. Perto do bater do teu coração, partindo dentro de ti.

Um dia contar-me-ás que mundos e peles cruzaste e quem te deixou a pele tisnada pelo sol e pelo sal. Até lá, encontras-me por aqui.

Boas marés!

 

Maria João Enes

 

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9.4.18

Airport - Jé Shoots.jpg

Foto: Airport - Jé Shoots

 

Pensámos muito relativamente a esta partida. Ponderámos prós e contras. Chegou o momento. Despedimo-nos das pessoas que nos acompanharam ao aeroporto. Que despedida! Entramos no avião ainda com incertezas. Sabemos que vai ser uma viagem que nos vai transportar para aquele lugar por algum tempo. Vamos à procura de qualquer coisa que não temos cá. A saudade começou quando ainda ponderávamos os prós e contras.

 

Durante a viagem apetece desistir. Agora já não dá. Ainda na viagem, a nossa cabeça lembra-se daquela festa onde conhecemos algumas pessoas que deixamos cá; das corridas que fazíamos ao fim de semana, todos juntos; dos encontros ao fim da tarde com aqueles que escolhemos para nossos amigos; das namoradas e namorados que deixamos cá, dos pais e irmãos com quem partilhamos, face a face, os nossos problemas, os nossos segredos e as nossas aventuras; dos filhos que deixamos cá; a relva que regávamos ao fim de semana, das flores dos nossos jardins; daquele quarto onde dormimos toda a vida; daquele recanto da casa onde nos sentíamos melhor; das desavenças que tivemos com os nossos pais, com os nossos filhos, com os nossos irmãos e com os nossos amigos; dos momentos de alegria e de sofrimento que fizemos questão de partilhar com os filhos, com os pais, com os nossos irmãos e com os amigos; dos momentos de alegria e de sofrimento que os filhos, os pais, os irmãos e os amigos fizeram questão de partilhar connosco; dos altos e baixos das nossas vidas. Na viagem, a nossa cabeça lembra-se de tudo isto… e de outras coisas. Estamos sozinhos com o nosso pensamento.

A viagem continua e a incerteza também. De cima, conseguimos ver que passamos mar, cidades, montanhas e aldeias. A nossa cidade ficou para trás no mapa.

 

Chegamos ao destino. O que nos reversa este destino? Nós pesámos prós e contras e os prós ganharam, por isso, a decisão foi de partir. E agora? Vamos iniciar um ciclo novo da nossa vida? Como fazemos relativamente a tudo o que a nossa cabeça pensou no avião? Como gerimos a saudade? Partir para outro lugar no mapa, para nos dar qualquer coisa que não temos cá, implica um descontinuar de tudo o que deixamos cá? Dizem que agora estamos todos muito perto; que “somos do mundo”; que temos instrumentos fantásticos, como a Internet, viagens baratas e rápidas que nos permitem entrar na nossa cidade num instante e, também, que o ser humano se adapta com facilidade. Pois… talvez seja verdade. Sim, vamos ter experiências novas e diferentes, talvez enriquecedoras, mas não podemos “tocar” nas pessoas que deixamos cá. Isso é problema? Bem… vou fazer o exercício para aceitar que “somos do mundo”, que temos instrumentos fantásticos, como a Internet, viagens baratas e rápidas que nos permitem entrar na nossa cidade num instante e, também, que o ser humano se adapta com facilidade e talvez, assim, me sinta mais tranquila.

 

Ermelinda Macedo

 

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6.4.18

Train - Luís Ferreira 4X4.jpg

Foto: Train - Luís Ferreira 4X4

 

Sim, gostava de apenas ir.

Ir para um lugar longe daqui, onde tudo seja mais fácil e descomplicado. Onde o sol brilha mas não magoa, onde a chuva faz crescer mas não constipa. Será que existe?

Tiro o bilhete de comboio e vou, mas quando lá chego é tudo igual. Diferente, é certo, mas igual.

Encho o depósito de combustível do carro e parto, percorrendo quilómetros. Por fim, chego ao meu novo destino e sinto o mesmo. Vejo diferente, é certo, mas tudo igual.

Compro um bilhete de avião e faço o check-in. Ao levantar voo já me sinto diferente, como se estivesse a encher a alma. Quando lá chego, o cheiro é diferente, é certo, mas tudo igual.

Depois de tantas viagens, acredito que a maior viagem que fazemos é a interior. Mas como sair de mim mesma e partir para outra? Será possível?

 

Sónia Abrantes

 

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2.4.18

People - TréVoy Kelly.jpg

Foto: People - TréVoy Kelly

 

Há sempre um ponto de partida e de chegada. Dia a dia. De mês a mês. Ao longo de vários anos.

Toda a existência é feita de estações, transportando memórias e impactos. Das pessoas que vêm e permanecem, das que saem sem enunciar o adeus, das que expulsamos por vontade própria ou até das que entram de rompante, conquistando um teimoso lugar. Elas vêm com as suas próprias bagagens, a par da mercadoria preciosa que se enche e preenche de relatos, vivências e marcas.

É nesta relação simbiótica conjunta que prosseguimos viagem, abarcando as flutuações inevitáveis dos seres e bens que alternam quantitativamente ao longo do caminho, deixando apenas espaço para a saudade.

O que é certo, é que nada do que está fica. Não na escala do tempo que nos ultrapassa. Pouco a pouco os vazios agigantam-se e contemplamos, de forma cada vez mais próxima, o nosso destino.

 

E que mais se pode dizer face a isto se não que é uma aventura num imenso transporte coletivo que todos acolhe e abrange, não requerendo assinatura mensal.

Pagamos apenas em sorrisos, lágrimas, abraços, amuos... O que de outra forma não teria preço.

E de estação em estação partimos, recheando o saldo memorável (que não bancário), até ao derradeiro ponto de chegada.

 

Sara Silva

 

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