Foto: Crinabel Teatro
Ao entrar na sala de espetáculo, já os atores estavam no palco à nossa espera. De um lado, um grupo de atores sentado, do outro, um ator de pé de frente para o público. Começou o espetáculo. Percebi que a atenção e a concentração tinham de se manter ao longo do espetáculo. E assim foi.
Ao meu lado estava uma pessoa que, tal como eu, tinha experiência de conviver com uma pessoa com deficiência e sentir a sua vida. A Hanna (a menina que procurava o pai) parecia-se tanto com ela! Percebi que a pessoa que estava ao meu lado estava entalada... eu também, confesso. Os atores assumem de forma muito autêntica as personagens de um texto muito intenso.
Não é o texto, em si mesmo, de Gonçalo M. Tavares, que me traz a escrever estas linhas. É o encontro desse texto com o projeto Crinabel Teatro. O espetáculo e cada ator são preciosidades. A intensidade com que os atores interpretam as personagens e dizem o texto torna o pensamento e a representação que alguns “normais” têm da deficiência desinteressantes e nada construtivos. Este espetáculo ensina-nos a ver de forma mais cuidada os pormenores mais escondidos presentes no texto, no desempenho dos atores e, acima de tudo, na vida. Há algo a acontecer no palco que nos fascina e nos prende à cadeira. De facto, há mais vida para além do “normal” que nos rodeia. Uma vida preciosa! Parabéns a todo/as!
Ermelinda Macedo