30.12.15

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Foto: Scenic Park – Mann Ngohayon

 

e os barcos passam a ser um e um

onde uma vez quiseram quase ser dois

e a tempestade deixa o mar encrespado

por isso cuidado

mesmo muito cuidado

que é frágil o pano

que veste as velas do desengano

que nos empurra em novo oceano

frágil e resistente ao mesmo tempo

 

Mudemos de assunto; Sérgio Godinho

 

 

- Desculpa interromper mas necessito de fazer um ponto de situação, para não me perder – se é que não estou já perdido.

- Está bem.

- Afirmas ser um homem que reconhece as emoções, a sua importância e valor, entre elas, o medo. Afirmas saber como passar das emoções, trabalhando-as, aos sentimentos. Afirmas que ao longo da tua vida apenas tens tido um medo, sentimento maduro, trabalhado – o do sofrimento físico por força duma doença grave e prolongada. Mas de há algum tempo a esta parte tens um novo e inesperado medo, que tem vindo a crescer e a consolidar-se: o medo de não conseguires amar. Como sabes, já vi e ouvi muita coisa no que a emoções e sentimentos respeita e, nesse campo, encontro medo da solidão, medo de não ser amado, por vezes medo do abandono. O medo de não conseguir amar é, para mim, uma novidade e, talvez por isso, não o entendo. É isto ou perdi-me pelo caminho?

- Sim, meu caro, é isso.

- Mas de onde vem, então, esse medo de não conseguires amar? E como é ele?

- Vem de amar, com toda a energia, com tudo o que amar implica, contemplar, desejar, acarinhar, mimar, proteger, honrar, elogiar, valorizar, estimular, incentivar, ajudar, partilhar, conciliar, perdoar, agradecer, com entrega, com convicção, com respeito, etc., mas sentir não ser o amado, não ser o amante nem ser o desejado, ser colocado num lugar subalterno no qual se reconhece um valor de segunda escolha, nunca suficiente e nunca justo. Não ser estimulado, nem incentivado, a quem não se agradece, com o qual há coisas que não podem ser partilhadas. E apesar disso, continuar a amar, amar sempre, por força do impulso e da razão, combinação que carateriza o amor. Recomeçar, sempre. Mas ir perdendo energia, progressiva e irremediavelmente, que nunca será recuperada, que nenhum processo comunicacional conseguira resgatar. E é nesta perda progressiva de energia que o medo surge, sorrateiro, ganhando espaço. Pode chegar o dia em que não consiga mais amar. E essa ideia é terrível. Poderei ser abandonado, conseguindo recuperar ou não, mas disso não sinto medo. Poderei ficar só e daí resultar dor, mas sempre exercitei a solidão, sempre desenvolvi a capacidade de estar apenas comigo, daí que disso não sinto medo. Poderei não ser amado – aliás, não sei se o sou, mas não faço disso uma exigência e, talvez por isso, não sinto medo. Mas tenho medo que chegue um dia em que não consiga amar. O que serei eu nesse dia e nos que se lhe seguirão? O que valerá, então, a minha vida, a minha existência?

- Sim, agora entendo… E não sei o que replicar.

E em silêncio continuaram, em passo sereno, ao longo do parque.

 

Fernando Couto

 

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28.12.15

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Foto: Cry – George Hodan

 

Escrever um artigo sobre o medo é sempre muito complexo, atenta a singularidade do ser humano e a imensidade de fatores psicológicos que nele interferem.

O medo nasce connosco e pode ser aterrador nos primeiros meses de vida para a criança recém-nascida. Para ela nada é relativo, visto não ser capaz de entender que o leite desejado vai chegar dali a pouco e desespera-se, por isso, diante da perspetiva de lhe faltar esse alimento. O seu medo exprime-se pelo grito do seu instinto de sobrevivência.

Naturalmente que, com o passar do tempo, esses medos primitivos vão dando lugar, inevitavelmente a outros, condicionando o ser humano para o bem e para o mal.

Não raras vezes chega a ser utilizado como arma de pressão, limitando direitos e impondo condições inaceitáveis à vivência do ser humano, como acontece, nomeadamente, em regimes ditatoriais e com as ações terroristas.

O medo faz parte integrante do caráter de uma pessoa ou de um grupo social, pelo que, frequentemente, se torna necessário adotar algumas terapias para saber lidar com ele, aprender a não temê-lo, sobretudo quando degenera em obsessão. Não podemos deixar-nos vencer pelo medo, é preciso superá-lo de modo a que não nos prive da razão de viver.

 

Qualquer comunidade social não pode alhear-se da problemática do medo, hoje tão comum e assumindo várias formas nas sociedades atuais, que vivem sob o paradigma da competição, da escassez e do consumo. Sob esse paradigma somos compelidos a ter medo de tudo: medo de não ser amado, medo de não ser aceite, medo de ser rejeitado, medo de não corresponder às expetativas e, sobretudo, medo da solidão.

Todas as pessoas possuem um sentimento de medo, por ser inato ao ser humano, podendo constituir um problema se não houver atitudes que ajudem a ultrapassar as dificuldades para que possa ser vencido. O medo é um estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e inibição ante a impressão iminente do que poderá acontecer e que se pretende evitar.

Segundo alguns especialistas, o ser humano nasce com dois medos: o medo de cair e o medo do barulho, a que se pode acrescentar o medo de lhe faltar alimento, já que está intrinsecamente ligado à sua autopreservação. Todos os outros são medos adquiridos e como tais devemos afastá-los do nosso subconsciente.

 

Mas afinal o que é o medo? Na sua definição mais simples encontra-se nos dicionários: “sentimento de inquietação que se sente com a ideia de um perigo real ou aparente”. Pode assim traduzir-se tal sentimento na angústia que sente um ser humano perante o risco de uma possível ameaça.

Sabe-se que, pela experiência da vida, o medo está por trás dos fracassos, das doenças e das relações sociais desagradáveis. Muitas pessoas têm medo do passado, do futuro, da velhice, da solidão, da loucura e da morte. Chegam a ter medo do próprio medo, o que reflete, nessas situações, um estado de alma doentio que carece de adequado tratamento médico. Segundo José Luís Peixoto, na sua temática sobre o medo, “pior medo é o medo de nós próprios”. É este medo que assusta, apavora, paralisa, impede e angustia, que obriga as pessoas a recorrer aos médicos.

Podemos considerar o medo normal como bom, manifestamente o seu lado positivo, quando refreia, contém e limita os nossos ímpetos emocionais, numa palavra: o que se domina; o anormal será considerado mau e destrutivo, quando exacerbado e desproporcional, que escapa ao nosso controle. Permitir e alimentar constantemente os pensamentos de medo acarreta o medo anormal, obsessões e complexos. Daí a necessidade de os afastar, orientando o subconsciente para algo mais agradável da vida e salutar para a mente.

Não deixemos nunca que o medo tome conta de nós, aprendendo com persistência, coragem e paciência a não temê-lo, sob pena de nos paralisar e de nos roubar os sonhos que comandam a nossa vida.

Saibamos viver com o medo.

 

José Azevedo

 

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25.12.15

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Foto: Foucault's Pendulum – Andrew Schmidt

 

Dos medos, de todos eles, já nestas páginas se falou muito, e muito bem. Eu tive e tenho muitos medos que nunca se concretizaram e, muito provavelmente, nunca se concretizarão; outros, pela certa, sim, lá virão a plasmar-se em realidade, na minha realidade. Mas os verdadeiros medos, os piores, os que já me passaram por cima e me viraram do avesso e quase me levaram a melhor, bem como os que aí hão de ainda vir... nunca tenho imaginação à sua altura.

O medo é uma faca de dois gumes, ambos bem afiados: com ele paralisamos, sem ele morremos. Ou por fora, ou por dentro, ou das duas maneiras.

É, por exemplo, por isso que há terrorismo, para nos paralisar e aturdir, para nos tirar rumos e objetividades. Para nos fazer odiar quem estiver mais a jeito. Para nos impedir de evoluir, de expandir a mente, de sermos inclusivos, de termos no coração sempre o calor do amor, puro e desinteressado. De nos guiarmos por esse coração, mesmo correndo riscos.

O medo impede-nos de ser a melhor versão possível de nós próprios.

Mas podemos, ousamos viver sem medo? O medo também nos salva. Salvou-nos nas cavernas de sermos comidos por animais maiores. Hoje, em sentido normalmente não tão literal, faz a mesma coisa. Salva-nos de esquecermos os nossos amores; salva-nos de esquecermos os nossos objetivos. Dá-nos rumo e chão e pode ser um bom companheiro de viagem desde que devidamente domesticado.

 

Jean Bernard Foucault pendurou um longo e pesado pêndulo no Panthéon, em Paris, no já longínquo ano de 1851. Destinava-se a comprovar, através do seu movimento de oscilação, o movimento de rotação da Terra em torno de seu próprio eixo.

A expetativa era que o pêndulo oscilasse em um movimento retilíneo em um único plano vertical. No entanto, o que foi observado, foi que a oscilação do pêndulo parecia girar com o tempo, mudando a sua direção em relação a esse plano considerado. O medo é assim, um pêndulo a oscilar sobre as nossas vidas.

Quando o pêndulo é colocado em movimento, pelas Leis de Newton, a oscilação depende somente da força gravitacional, da tração do fio e da resistência do ar, que faz diminuir a amplitude das oscilações com o passar do tempo. Nenhuma outra força age para explicar a mudança de direção da oscilação do pêndulo. Em Paris, a rotação é medida em cerca de 10° por hora, no sentido horário.

Mas, se não há nenhuma força atuando no pêndulo para que mude a direção da oscilação, por que o pêndulo gira? Na verdade, o pêndulo não gira. O plano de oscilação do pêndulo permanece constante. Nós, os observadores, temos a impressão de que o pêndulo gira, por que estamos “presos” à Terra.

Nós, cada um de nós, tem pois o seu próprio pêndulo do medo a girar tanto tempo quanto dure a nossa existência. O truque é sabermos que temos uma espécie de pêndulo de Foucault pessoal, cuja rotação depende da nossa rotação e só existe porque nós existimos. O nosso medo é pois algo que devemos amar e respeitar, mas de longe. E nunca, mas mesmo nunca, colocarmo-nos na sua trajetória. É mais um “compagnon de route”, o nosso querido grilinho falante.

 

Laura Palmer

 

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23.12.15

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Foto: Meditation By The Lake - Nat Sakunworarat

 

O medo é um involuntário estado de espírito, temporário ou definitivo, que antecede a realização de um evento, ou o resultado astronómico dali obtido respetivamente. Por si, o medo é também um evento antecedente de um outro, o seu perfil estranho é ocorrer num lapso de tempo que separa dois estados emocionais sucessivos designadamente a expetativa e o resultado real que se obtém.

Cada pessoa é uma amostra de toda uma sociedade onde se insere, a sua complexa e variada natureza corporiza as pessoas e vivências encarnadas numa única, e o medo afigura-se como a vertente emocional das pessoas, o lado romântico e sonhador, a ânsia da conquista de um resultado na forma de uma vitória ou derrota.

Eis, em sentido ilustrativo, como se descreve o medo vivido tipicamente por um entusiasta: o foco no objeto conjugado com a superatenção no objetivo, aumentam a energia corporal que desperta a atividade cerebral, consequentemente, a ansiedade impede a continuidade do sono sossegado por ter chegado, finalmente, a hora de entrar em ação, para o posterior alívio da alma.

Duas perspetivas do medo são distintas, salientes e identificáveis para saber como lidar, se é medo de agir ou medo da consequência que advém do ato. Na primeira situação, a pessoa está mais concentrada na ação, se irá resultar ou falhar, e a segunda, no impacto da ação face aos seus objetivos, se irá ou não satisfazer as suas necessidades.

 

Contudo, desenvolver a audácia necessária para pôr em prática a ação é muitas das vezes um ato de coragem, a superação de um conflito individual que pode desencadear em revolução, regra geral, percurso para o desenvolvimento humano e rompimento dos ciclos viciosos. O mecanismo catalisador da transformação requerer, para além da afinação da capacidade produtiva (saber fazer), o desenvolvimento da criatividade e inovação, alguma frieza e encarar os factos o mais cedo possível para ganhar tempo de reação, aprendizagem e assimilação.

Dito isto, a forma mais económica de vencer e diluir o medo é imposta por uma adequada e atempada preparação antes da ocorrência do evento, um exercício diário e sistemático de superação das barreiras e limitações que derivam e são alimentadas pelas especulações, lições contadas por outros autores e experiências passadas por este.

 

António Sendi

 

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21.12.15

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Foto: Monkey Training for a Circus - Yongzhi Chu

 

Há poucos dias vi numa revista as fotos vencedoras do World Press Photo. Entre várias, deparei-me com uma que me perturbou à primeira vista por ser, para mim, o retrato do medo, do pavor.

A expressão na cara do macaco é perturbadora, porque vemos o medo estampado na face e porque o vemos indefeso, encurralado, atado, sem poder fugir. A sua expressão assustada parece pedir clemência, parece dizer “Por favor, não!”.

O tratador aproxima-se dele, armado com uma corda, em posição de quem o vai castigar sem piedade. O tratador que acorrenta o pescoço do macaco ao pescoço da bicicleta, que prende o corpo do macaco ao corpo da bicicleta com o objetivo de tornar os dois um corpo só, para exibir em sintonia, no circo.

Não se vê a cara do tratador. É alguém grande, maior, poderoso, que usa uma arma para infligir o medo. A cara do macaco está claramente visível. Alguém pequeno, mais pequeno, fraco, indefeso, preso e amedrontado. O tratador é desconhecido, o macaco somos todos nós. Esta expressão é universal, humana ou animal. Perante algo que nos assusta é assim que reagimos, vê-se na cara, no corpo, não há como esconder.

Por isso mesmo o medo é uma arma poderosíssima – quem sabe usá-la, usa-a sem piedade e quanto mais medo vê no outro, mais poderoso fica; quem é vítima não consegue ocultar, fica encurralado, encolhido, preso e frágil. Pelo menos enquanto não se conseguir soltar.

O macaco já está solto, pois, felizmente, criaram-se alternativas ao circo com animais. Mas será que algum dia vai soltar o medo da sua memória?

 

Patrícia Leitão

 

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18.12.15

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Foto: Halloween Vampire - George Hodan

 

Tudo começa quando reparamos que, no meio do silêncio escuro do quarto, há a possibilidade de haver monstros debaixo da cama. Ou então, de haver bandidos a observar-nos e à espera de uma oportunidade para nos atacar. Por vezes ouvimos passos, outras vezes vemos vultos. Mais tarde, esses monstros tornar-se-ão bem mais reais e esconder-se-ão em sítios bem menos prováveis.

Assim nasce uma das ferramentas mais importantes na garantia da nossa sobrevivência: o medo.

 

De facto, se não tivéssemos medo de nada, se não nos sentíssemos ameaçados, nunca teríamos a suficiente motivação para agirmos. Não basta termos objetivos e empenharmos esforços em alcançá-los. É preciso também fugir, sabermos o que não queremos, de todo, para nós, ou para os nossos e empenharmo-nos nessa fuga.

Mas uma coisa é o medo adaptativo, outra é o medo inútil. E deste está o mundo cheio. Por exemplo, quando os pais educam os seus filhos usando de um estilo permissivo, aceitando as falhas e desvalorizando as consequências disciplinares que delas advêm, estão a confundir tolerância com o medo de não serem amados e respeitados pelos filhos. Quando paira sobre nós a constante ameaça de um ataque terrorista eminente, estamos a favorecer um clima de crescente desconfiança sobre tudo aquilo que é diferente, como se a diferença fosse sempre (ou, pelo menos, cada vez mais) perigosa. Quando não dizemos o que sentimos, julgando que a liberdade de expressão não é, afinal, lá grande liberdade, estamos a criar a oportunidade para sermos mais e mais manipulados. Quando nos agarramos com unhas e dentes ao mais miserável dos empregos como se de uma tábua de salvação se tratasse, numa economia debilitada, estamos a validar a ideia de que fazemos parte dessa miséria.

 

Vivemos tempos de medo, uns genuínos, porque fazem parte da sobrevivência diária, outros implantados, porque dão jeito à organização das massas. Vivemos hoje assim, mas, se virmos bem, desde que as pessoas se organizaram em sociedades, vivemos sempre com medo. O medo é uma consequência da ansiedade de perdermos algo. E só não temos nada a perder quando estamos sozinhos. Porque este é o mais temível dos medos. A solidão é uma fera que nos come por dentro, que nos transforma em bichos selvagens. E uma vez bicho, não há medo que nos afete.

 

Joel Cunha

 

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16.12.15

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Foto: Pomnicek V Lese – Jana Illnerová

 

You may say I’m a dreamer

But I’m not the only one

I hope someday you’ll join us

And the world will live as one

 

Imagine; John Lennon

 

 

John Lennon cantava pedindo aos povos que imaginassem um mundo sem fronteiras, sem motivos para matar ou morrer, um mundo sem ganância e sem fome, onde cada um pudesse viver o presente e em paz. Ambicionava uma sociedade mais tolerante e compreensiva, sem medos, uma sociedade que aceitasse as diferenças de cada um. Sonhava com uma humanidade em que todos eram irmãos. Cada humano, em vez de se assustar com o desconhecido, sentir medo e aversão, segregar, atacar ou destruir um seu irmão diferente, que se aproximasse para conhecer, informar-se e aprender sobre essas diferenças.

O medo é uma reação emotiva dos organismos vivos ao desconhecido de forma a manter e perpetuar a sobrevivência das espécies. Nos seres humanos, acontece o mesmo, reagimos com a emoção medo a tudo o que nos é desconhecido, diferente, e que pensamos ser ameaçador, seja uma ameaça real ou imaginária. O medo surge quando achamos que estamos perante situações de perigo. Também há medos irracionais, não justificáveis, medos tão intensos, conhecidos por fobias, que infernizam os quotidianos daqueles que os sentem.

 

Nesta era da globalização, esperava-se que a humanidade estivesse mais evoluída. Uma humanidade mais inclusiva, informada, culta e tolerante, todavia, nesta aldeia global observa-se que, por vezes, os recursos tecnológicos são usados ao serviço de poderes de vária ordem, para acirrar os medos e alimentar ódios.

O medo e a ignorância passeiam-se de mãos dadas. O medo do desconhecido, daquilo que se ignora, gera comportamentos de segregação, desumanidade, até de crueldade, racismo e xenofobia em todos os que não são iguais, que não se comportam de acordo com o formatado.

É a ignorância e a falta de humildade para a admitir, que está a carburar este recente movimento retrógrado da humanidade. Cabe a cada um mudar a sua atitude perante o medo. Observando-o, explorando-o para o conhecer até ele se desvanecer.

A sociedade evoluída e culta, vive isenta de medos, aceita e respeita a diversidade: as diferentes etnias, culturas, raças, rituais, religiões, orientações sexuais, estruturas familiares, pessoas com limitações ou caraterísticas físicas diferentes.

 

E sim, ele não era o único sonhador a acreditar que é possível uma humanidade mais fraterna, sem medos, com todos os povos a viverem em paz e harmonia.

 

Tayhta Visinho

 

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14.12.15

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Foto: I Can Not Speak – George Hodan

 

Medo que grita sem voz.

Medo, medo, medo.

O medo em silêncio é o que mais destrói e corrói.

Medo de verbalizar o medo que o coração já sente e que o corpo sofre.

Medo que não sai da cabeça. Que mói e que dói.

A angústia, a dúvida, a incerteza que é já uma certeza, mas que enquanto não ouvimos na voz parece doer menos.

Ilusão. Engano. Mentira.

Está tudo lá e ela sabe disso. Só finge não saber.

Medo de assumir, medo de se ouvir. Ouvir o que toda ela já sabe mas a quem o medo impede de falar, porque não quer acreditar. Porque não pode ser possível. Porque não pode ser verdade. Porque falar é assumir, enfrentar, e no silêncio mora a ilusão de que nada se passa.

Nem à mãe, nem à irmã ou melhor amiga. A ninguém. Guardar, fechar, tentar matar dentro de si o que há muito vive na pele, dos pés à cabeça, de noite e de dia, no sono e sem sono que insiste em não vir.

Falar é morrer de pressa. É confrontar-se. É tornar real o que já o é, mas que finge não ser.

 

Que se fale sempre. Porque morrer devagar e por dentro é matar-se sem morrer.

Já o morrer por fora, gritando de viva voz o medo que dói e a dor que destrói, ajuda ao fim da dor, que com o tempo há de sarar.

E em cada fim há sempre a esperança de um renascer.

 

Joana Pouzada

 

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11.12.15

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Foto: Sentiero Nella Neve – Any Bay

 

Hoje o tempo voa, amor

Escorre pelas mãos

Mesmo sem se sentir

 

Não há tempo que volte, amor

Vamos viver tudo o que há pra viver

Vamos nos permitir

 

Tempos Modernos; Lulu Santos

 

 

Ter medo é algo normal e inerente a qualquer ser humano. É um mecanismo de aprendizagem e muito importante, para assegurar a nossa sobrevivência em situações de risco.

Quando crianças, experimentamos o medo do desconhecido e, aos poucos, vamos desvendando as cortinas que cobrem nossos olhos e deixando para trás o medo do escuro, o medo de ficar só, o medo de alguém que nos olha de soslaio, o medo de experimentar...

No entanto, crescer não nos faz deixar de sentir medo. A vida moderna, cada vez mais atribulada, os desafios que temos que vencer diariamente, a violência das grandes cidades, tudo isso nos faz sentir medo e muito.

Mas talvez o medo mais difícil de vencer seja aquele que perturba o nosso juízo todos os dias: o medo de falhar, de não conseguir estar à altura, de não corresponder as expectativas. O medo que habita a nossa mente.

 

A maioria das pessoas sente vergonha em externar suas inquietações e acaba por conviver com esses temores sem se dar conta do quão exaustivo é viver dessa forma. O medo é um sentimento sorrateiro que vai se instalando e crescendo e quando percebemos nos tornamos prisioneiros de nós mesmos. Aos poucos vamos deixando para trás nossos sonhos e desejos e abandonando nossas vidas, por medo. Quantas vezes desistimos de alcançar um objetivo por medo de fracassar? Tentar um novo trabalho, mudar de país, voltar a estudar...

E por nem tentarmos, deixamos a vida passar em paralelo. Muitas vezes julgamos as pessoas que se atiram à vida como privilegiados. Por arriscarem e (às vezes) conseguirem realizar o que nos julgamos incapazes. Mas não podemos esquecer que para ter êxito é preciso arriscar e será que estaríamos dispostos a enfrentar esses mesmos riscos? Certamente essas pessoas também sentem medo, mas fazem para que ele não as paralise.

Não é preciso deixar de ter medo para seguir em frente. Não vamos deixar de sentir medo, nunca. Sentir medo é inerente a experiência de estar vivo. No entanto é preciso ser vigilante e não permitir que seja ele o único a guiar as nossas vidas.

 

Leticia Silva

 

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9.12.15

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Foto: Sem Nome – Peter Griffin

 

13 de novembro de 2015, uma sexta-feira. Num restaurante no centro da cidade da Maia, encontro-me rodeado de amigos e família que, em poucos minutos, vão-me cantar os parabéns. A mesa está disposta num T grande e eu encontro-me de costas para a televisão. Do nada, algumas expressões transitam. Da alegria e boa-disposição para algo diferente. Rodo cabeça e ombros, permitindo a visão de algo que não compreendi de imediato. Apenas a legenda em rodapé ajudou. A contagem, nesse momento, iria em menos de 20 mortos.

Entre os convivas, a palavra do dia – parabéns, foi sendo substituída por outras. Filhos da puta, terão sido das primeiras. Lembro-me de pensar que, felizmente, tinha feito anos no dia anterior. A minha data de nascimento não ficou marcada para sempre.

 

Nos dias seguintes muitas outras palavras e frases entraram no léxico diário do meu grupo próximo. Isis, terroristas, Paris, foto de perfil do facebook, vítimas, outros países, refugiados, fronteiras, controlo, execuções, perseguições e… medo.

Levantaram-se vozes apaixonadas e geraram-se conversas quentes, principalmente quando se falava de pessoas e migrações.

Eu, por estes dias, sabia que teria de entregar um texto sobre o medo. Evidentemente decidi que o mesmo teria como fundação o 13 de novembro. Hesitei, confesso, de mais. Hesitei tanto que falhei rotundamente a data de entrega do mesmo. Tive medo. Tive medo das minhas opiniões coladas a imagens de corpos. A histórias que foram surgindo logo nas primeiras horas. Histórias de pessoas. Como eu e tu. Pessoas que foram colhidas numa espiral absurda e desumana, de uma guerra que não é delas.

Conclui que, mesmo passados muitos dias, o texto não seria sobre o malogrado dia. Penso que já escrevi, noutro texto para este blogue, que detesto o politicamente correto. E por aqui me fico sobre o tema.

Contudo, sobre o medo não escrevi.

Por mera sorte (porque a expressão ajuda divina não serve evidentemente para este texto), o problema resolveu-se por si. Finda uma auditoria aos meus serviços, sem medo, diga-se, meti-me no carro e dirigi-me a casa. Antena 3 como ruído de fundo e o anúncio de uma música desconhecida, de uma artista conhecida. “Medo do medo”, da Capicua. Ri-me. Aumentei o volume. Prestei atenção. Peço-vos o mesmo.

 

Ouve o que eu te digo,

Vou-te contar um segredo,

É muito lucrativo que o mundo tenha medo,

Medo da gripe,

São mais uns medicamentos,

Vem outra estirpe reforçar os dividendos,

Medo da crise e do crime como já vimos no filme,

Medo de ti e de mim,

Medo dos tempos,

Medo que seja tarde,

Medo que seja cedo e medo de assustar-me se me apontares o dedo,

Medo de cães e de insetos,

Medo da multidão,

Medo do chão e do teto,

Medo da solidão,

Medo de andar de carro,

Medo do avião,

Medo de ficar gordo, velho e sem um tostão,

Medo do olho da rua e do olhar do patrão e medo de morrer mais cedo do que a prestação,

Medo de não ser homem e de não ser jovem,

Medo dos que morrem e medo do não!

Medo de Deus e medo da polícia,

Medo de não ir para o céu e medo da justiça,

Medo do escuro, do novo e do desconhecido,

Medo do caos e do povo e de ficar perdido,

Sozinho,

Sem guito e bem longe do ninho,

Medo do vinho,

Do grito e medo do vizinho,

Medo do fumo,

Do fogo,

Da água do mar,

Medo do fundo do poço,

Do louco e do ar,

Medo do medo,

Medo do medicamento,

Medo do raio,

Do trovão e do tormento,

Medo pelos meus e medo de acidentes,

Medo de judeus, negros, árabes, chineses,

Medo do “eu bem te disse”,

Medo de dizer tolice,

Medo da verdade, da cidade e do apocalipse,

O medo da bancarrota e o medo do abismo,

O medo de abrir a boca e do terrorismo.

Medo da doença,

Das agulhas e dos hospitais,

Medo de abusar,

De ser chato e de pedir demais,

De não sermos normais,

De sermos poucos,

Medo dos roubos dos outros e de sermos loucos,

Medo da rotina e da responsabilidade,

Medo de ficar para tia e medo da idade,

Com isto compro mais cremes e ponho um alarme,

Com isto passo mais cheques e adormeço tarde,

Se não tomar a pastilha,

Se não ligar à família,

Se não tiver um gorila à porta de vigília,

Compro uma arma,

Agarro a mala,

Fecho o condomínio,

Olho por cima do ombro,

Defendo o meu domínio,

Protejo a propriedade que é privada e invade-me a vontade de por grade à volta da realidade, do país e da cidade,

Do meu corpo e identidade,

Da casa e da sociedade,

Família e cara-metade…

Eu tenho tanto medo…

Nós temos tanto medo…

Eu tenho tanto medo…

 

O medo paga a farmácia,

Aceita a vigilância,

O medo paga à mafia pela segurança,

O medo teme de tudo por isso paga o seguro,

Por isso constrói o muro e mantém a distância!

Eles têm medo de que não tenhamos medo.

 

Medo do Medo, Capicua; 2012

 

Rui Duarte

 

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7.12.15

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Foto: Couple – George Hodan

 

Com os olhos lacrimejantes, fixou-a. Estava rosado de medo.

- Não quero perder-te. Não posso voltar a perder. Foram demasiadas partidas. Não sabes como é dizer adeus, uma, outra e mais outra vez. Não me abandones. É demasiado para mim.

Acariciou-lhe o rosto e recebeu, em contrapartida, serenidade.

- Não tenhas medo. Ninguém sabe o amanhã. Não te prometo o sempre. Estou aqui agora, neste momento. Na verdade, vamos perder-nos, mais dia, menos dia.

Os olhos tornaram-se ainda mais redondos, como se contemplassem o terror emaranhado no mundo.

- Como podes dizer isso, depois de te confessar o meu medo?

Voltou a acariciar-lhe o rosto, como se aquele toque fosse um calmante da alma.

- Que coragem teria eu de mentir-te? Vamos, um dia, perder-nos do que somos agora. Mas isso é o destino de todos nós. Aceita. A partir daí viverás sem que o medo te impeça de, realmente, seres e pertenceres.

- Tenho medo de voltar a sentir aquele abandono de quem vê partir para nunca mais ver regressar.

- Eu sei. Quem não tem esse medo? Faz parte da nossa carne, do nosso sangue, da nossa alma. Às vezes é mais desperto em pessoas que, como tu, sentiram na pele esse medo tornar-se mais do que uma ameaça. Porém, não te iludas. Todos sofremos desse mal. É tão pouco o que nos faz despertar.

- Então, se tens medo e compreendes o que sinto, porque não me prometes o sempre?

- Porque estou aqui, agora, contigo. Não pelo medo. Não sou sua prisioneira. Não te prometo um sempre para, simplesmente, confortar-te e mascarar o teu medo. Sou crua para que sintas que o que aqui está é real e mesmo que se finde, fará parte de ti, como tudo o que se perdeu permanece em ti. Não te iludas com nada que é, aparentemente seguro, pois é aí que tudo pode, repentinamente como a vida, perder-se.

 

Abraçou-a tão forte como um sufoco, repleto de medo. Breves momentos depois, constatou que não arredara pé. Viu-a sorrir. Fixou-se nesse sorriso e, naquele momento, esqueceu o medo.

 

Cecília Pinto

 

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4.12.15

OldChildSwing-GeorgeHodan.jpg

Foto: Old Child Swing – George Hodan

 

Entre a baforada de ar quente que lhe saia da boca e o cheiro de lenha queimada que a chaminé exalava, Helena relembrava aquele momento 25 anos antes. Era apenas uma miúda de 12 anos. Estava em casa da avó num domingo de habitual convívio entre família e amigos, repleto de conversas cruzadas e gargalhadas e esgueirara-se para o quintal, onde deveria esperar por Jaime. Era o grande momento e Helena sentia-se a tremer. Jaime era seu namorado há 3 meses e, por timidez e falta de experiência, o primeiro beijo ainda não tinha acontecido, apenas uns beijinhos inocentes nos lábios e nada mais. Planearam esse emocionante acontecimento na semana anterior e a ideia era simples: depois do anoitecer e no meio da domingueira algazarra, Helena deveria esgueirar-se para o quintal, para junto do baloiço suspenso no cedro – foi aí que tudo começara – e Jaime segui-la-ia passados alguns minutos, não seria complicado porque a casa da avó estava sempre cheia de gente e ninguém daria pela falta dos dois.

O cheirinho a lenha queimada que saía da chaminé, junto com o aroma do cedro, combinavam na perfeição com aquela tarde gélida de quase inverno, que vidrava o olhar e tornava o rosto dormente. Helena sentiu naquele momento que, afinal, é possível o coração sair pela boca, de tal forma o seu coração ansioso lhe palpitava quase na garganta. Há anos que conhecia Jaime, mas só meses antes é que ambos perceberam que gostavam um do outro mais do que como simples amigos. E agora que se aproximava o momento que acalentava há mais tempo do que alguma vez reconheceria, estava nervosa e receosa, com o pensamento a rodopiar num turbilhão de curiosidades e expetativas. O Jaime finalmente ia beijá-la… O seu Jaime, de nariz arrebitado e pintalgado de sardas, com uma palinha de gel no seu cabelo dourado, e irresistível ar de malandro.

 

Mas, quem chegou ao pé do cedro antes do Jaime, junto do baloiço onde durante anos brincara com Jaime, foi o seu tio Vítor, marido da tia Gui, uma das grandes confidentes de Helena, que era ainda muito jovem e, por esse motivo, uma verdadeira companheira para Helena. Era habitual o tio Vítor desaparecer por entre os campos e aparecer do nada, por isso não lhe fez confusão encontrá-lo ali, simplesmente queria que ele fosse embora. Mas o tio estava estranho, com um olhar vidrado e com uma conversa nada habitual, não era bem conversa, o que fez com que Helena, naquele momento, desistisse de esperar Jaime e começasse a rodar os calcanhares para regressar a casa; mas não teve tempo de dar um passo. O tio puxou-a para si, segurou-lhe os braços, cercou-a e enfiou-lhe literalmente a língua na boca. Helena sentiu-se morrer naquele momento em que um estranho corpo quente e escorregadio lhe entrava na boca, com um bafo levemente alcoólico, fugiu aflita enquanto ao longe ouvia o tio a chamá-la e a rir-se, como se tivesse pregado uma partida. Bandalho.

 

Ao entrar em casa chocou com Jaime que tinha, finalmente, conseguido ver-se livre para ir ter com ela e que ficou atónito quando a viu entrar, completamente transtornada. Nem se atreveu a segui-la. Talvez Helena se tivesse arrependido.

Helena foi para a pequena sala de estar completamente arrasada de medo: medo de ter feito ou dito alguma coisa que levasse o tio a ter aquele comportamento, medo de contar a alguém, pois podiam não acreditar nela, ou pior, culpá-la pelo sucedido, medo de semear discórdia entre os familiares, medo de desiludir a tia, medo de estar próxima de alguém e, sobretudo, medo que aquela cena hedionda se repetisse. Reviu mentalmente, vezes sem conta, a conversa com o tio, para tentar perceber se foi alguma coisa que disse que originou aquela situação. Durante dias, Helena teve pesadelos com essa imagem tão fugaz quanto esmagadora e por uns tempos teve de ignorar os olhares nojentos e fugir aos avanços do tio. Ao mesmo tempo, nunca mais se aproximou de Jaime e, gradualmente, deixou de frequentar a casa da avó aos domingos.

 

Passados 25 anos, ainda conseguia sentir o sabor daquela língua, quente e viscosa a invadir-lhe a boca, sentia o cheiro do seu after shave rasca e não conseguia evitar um esgar de nojo e dor ao recordar aquele medo petrificante. Não que se lembrasse disso todos os dias, mas de vez em quando essa memória insistia em voltar e a sensação de repugnância era a mesma.

 

Helena não foi violada sexualmente, não foi agredida, mas foi atacada na sua mais profunda inocência e, inevitavelmente, algo se quebrou dentro dela a partir daquele dia. Durante anos não conseguiu relacionar-se com o seu próprio corpo, sentindo uma certa aversão por si mesma e cultivou a ideia de não ser digna de nada, posicionando-se sempre na cauda de todos os cometas. Não lhe foi fácil perceber a origem da sua insegurança, nunca tinha tido coragem para confidenciar esta cena a ninguém, era estranha demais, horrível demais, nojenta demais e ainda sentia na pele o medo avassalador de poder ter sido a culpada. Mas passados anos e alguns relacionamentos falhados, chegara a um ponto em que tivera de procurar ajuda para fazer uma profunda reflexão sobre toda a sua vida, a sua insegurança, a sua teimosia em achar-se pouco válida e a sua necessidade de depender sempre de outrem para gostar de si própria. Chegara a hora de avançar com o seu crescimento pessoal, de se cuidar e de deixar de sentir medo de apontar.

 

Durante anos fizera, inconscientemente, o luto do beijo do Jaime, que não pode receber e estava ali para enterrá-lo de vez. Abeirou-se do cedro, já sem baloiço, e agradeceu-lhe em silêncio por todos os momentos bonitos que viveu em seu redor, repletos de amor e ternura, e finalmente murmurou: “Obrigada por teres esperado por mim o tempo suficiente para eu te vir cá dizer que chegou a altura de voltar a ser a Leninha feliz, segura e descontraída que sempre conheceste. Não assististe ao meu primeiro beijo, mas prometo que vais assistir ao próximo.”.

 

Ana Martins

 

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2.12.15

BeCareful-PeterGriffin.jpg

Foto: Be Careful – Peter Griffin

 

Estas linhas, que se seguem, são mesmo para si, caro leitor. Para o mais profundo de si mesmo. Servem para lhe lembrar o quão é especial, o quão é necessário e o quanto pode aprender com aquilo que teme. Tem medo de alguma coisa? Tudo bem… faz parte de se SER. Mas como disse uma vez um sábio: “Onde é que reside o teu maior medo? É para lá que deves dirigir-te!”. Porque geralmente o medo é muito superior à situação que se teme… Faça sempre o possível para acalmar os seus receios, mas se puder, enfrente-os. E depois confie. Tudo passa… até o medo.

 

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

                                                                                                                        

 

Sara Almeida

 

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