O Eu conduz-nos imediatamente para a personalidade. As teorias da personalidade assumem contornos bem diferentes, que vão desde a psicanalítica de Feud, às abordagens dos traços, às baseadas na aprendizagem, até à biológica evolucionária e à humanística.
Já nascemos com personalidade, como referem as vertentes biológicas e evolucionárias da personalidade (Kupfermann, 1991; Buss, 1997), ou seremos apenas resultado do ambiente exterior, fora do controlo interno, uma coleção de padrões de comportamentos aprendidos, reforçados ou não, (B.F.Skinner) como referem as abordagens da aprendizagem?
Será que cada um de nós é único e especial, naturalmente bom e com uma tendência para crescer e superar-se de forma automotivada? Será que a necessidade básica de sentirmo-nos valorizados deverá assumir esse papel de dependência perante o outro, quando a obtemos (Rogers,1971). Será que, ao aceitarmo-nos tal qual somos, sem reservas, tendencialmente evoluiremos cognitivamente e emocionalmente para patamares de consciência superiores e autoconceitos mais realistas?
Conseguiremos entender o comportamento se entendermos a personalidade?
Poderemos dizer que o nosso comportamento sendo consistente será previsível, independentemente da situação? Ou possuiremos diferentes aspetos de personalidade, parecendo um “tipo” de pessoa a uns e outro “tipo”, bem diferente, a outros?
Vejamos o exemplo de Lori Helena Berenson nascida a 13 de Novembro de 1969 em Nova Iorque: Lori sempre foi vista pela comunidade, durante a sua adolescência e início da vida adulta, como uma pessoa com um elevado sentido de justiça para com os necessitados. Chegou a trabalhar em Nova Iorque na ajuda alimentar e em bancos de sangue. Quando foi para o Peru acabou condenada a prisão perpétua, em 1996, por ser considerada pelo governo da altura, como uma terrorista violenta e membro do movimento revolucionário Túpac Amaru. Berenson referiu na altura do julgamento que “seria condenada por causa do seu interesse pelos esfomeados e pobres que existem no Peru”. Para muitos que a conheciam esta afirmação fazia todo o sentido mas não para o juiz que a sentenciou.
Ana Teixeira