31.10.14

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Durante anos a minha vida resumia-se à frase “Não sei o que quero ser quando for grande”. Já eu era Grande e não o sabia. Grande em vários sentidos: em espiritualidade, em singularidade e em idade. O coração que bate em compasso acelerado não prescinde da insatisfação e da incerteza de um final feliz.

Durante anos, também, não entendi esse tal conceito de “Não há caminho para a Felicidade; a Felicidade é o Caminho”. Tive de chegar aos 34 anos para vivenciar isto mesmo.

No último ano sofri como um cão. Sejamos transparentes nas palavras! Sofri, sim! Sofri como um maldito qualquer! Aquela dor que, de tão dor, se tornou boa e que, qual fado, alimentei-me dela. Fez parte da minha vida. Eu, que nunca gostei de músicas tristes, só ouvia melodias de fazer chorar as pedras da calçada! Chorei, chorei, chorei, era um chorão em pessoa! Agora rio-me, até com um certo deleite, por me ver e não me rever; por verificar que sou tão mais… Como dizem os espanhóis: tão mais Grande! E isto porque o símbolo da nossa Vida é mesmo vivê-la. Com drama ou não; o que interessa é viver.

A Felicidade não é necessária no final de tudo. Não há Felicidade em tudo. Eu não fico muito contente por apanhar um acidente ou encharcar as minhas botas… Mas não sofro com isso. Por vezes até me rio de mim mesma, de uma figura que se limita a viver com aquilo que a rodeia. Para além do mais, a Felicidade, na realidade, está mais em mim do que nos outros, ou do que nas outras coisas. A Magia são os meus olhos que criam, o meu coração que rebenta, o meu cérebro que despoleta. Não há muita ciência para a Felicidade nem muita receita para o Amor. Apenas a certeza que só tu é que podes fazer-te feliz. Tu e o valor que dás às coisas. Porque podes querer mandar passear aquele namorado chato, aquela vizinha ranhosa, ou até o chefe maldisposto. Mas és tu que crias Amor numa flor, num rio de águas mornas, num chocolate da confeitaria. E é tão bom quando Amas. Aquilo que quiseres. Aquilo que tiveres. Ama-te para seres Feliz. E a Felicidade acompanhar-te-á sempre no Caminho.

E se a Magia não surgir logo no teu Horizonte… olha melhor e confirma se realmente ela está ausente.

Não há receitas para Ela. Só mesmo a Tua Existência.

 

Sofia Cruz

 

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29.10.14

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Alto! Para tudo!! Não posso acreditar no sublime vento que esvoaça sobre o meu corpo, rasgando fundo a vontade de viver. Suado o silêncio de um vigor perene, fornece as forças à paisagem perdida.

Quisera outrora vencer o cansaço do ideal nefasto da meta almejada.

O infinito que se coneta à essência não jaz infame. Torna-o teu, porque podes… Torna-o teu, porque sim… Na fogaça que passa transbordante no imaginário do teu potencial, fica com a certeza da tua realidade, a transposição do agora.

 

Marta Silva

 

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27.10.14

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Não existe receita mágica para se atingir objetivos ambiciosos, a fórmula do sucesso foi definida há muito tempo atrás e com recorrência temos assistido a tentativas frustradas de contornar essa lógica. Daquilo que se sabe e que de bom se pode colher dos eruditos é que o sucesso é resultado de muito trabalho, entrega, disciplina, método e atenção seletiva entendida como “foco no meio de estrépito indica atenção seletiva, a capacidade neuronal para nos concentrarmos apenas num alvo, ignorando ao mesmo tempo um mar ondulante de estímulos, cada um deles com um foco potencial", Goleman (2014).

O sucesso pressupõe um processo cíclico e organizado de gestão estratégica de recursos, âmbito e resultados, variáveis com forte grau de dependência entre si. As fases que compõem a consecução do sucesso obedecem, regra geral, ao seguinte faseamento: planeamento, organização, liderança e controlo.

O primeiro passo para o sucesso é definição de objetivos realísticos que possam orientar a nossa atuação presente, um guia e orientação clara sobre como agir no presente para alcançar nossas metas no futuro, de curto, médio e longo prazo. Consoante o horizonte temporal, mais complexos se tornam os objetivos definidos e específicas são as atividades operacionais, havendo alinhamento entre os objetivos de curto, que orientam para os médios e estes para os de longo prazo.

A segunda fase é organização que consiste, após definição de objetivos, na identificação de recursos e arrolamento de capacidade endógena e exógena, necessários para a formação de um veículo responsável pela administração das ações conducentes ao alcance do sucesso. Nesta fase aquilatam-se as capacidades existentes e de forma seletiva identificam-se os recursos críticos e indispensáveis e os que podem ser externalizados tendo em consideração, fundamentalmente, o sacrifício envolvido na contratação de recursos externos.

Uma vez definidos os objetivos e identificados os recursos, a fase posterior é meramente de articulação – designada de liderança, fase crucial e transversal a todos os níveis hierárquicos que pressupõe comunicação, motivação e responsabilização, assegurando uma efetiva coordenação dos recursos e que estes possam dar resposta aos objetivos que foram impostos.

A quarta e última fase é de avaliação sistemática dos resultados alcançados face aos definidos para avaliação de desempenho. Com base nas métricas definidas apuram-se os desvios e tomam-se medidas necessárias para assegurar eficácia e eficiência da nossa atuação face aos objetivos definidos.

Indagado sobre a receita mágica para o sucesso não se adivinha uma resposta fácil porém, é momento ímpar para iluminar, sem eliminar ou canibalizar, a vivência consentida pelo inquiridor, compensar a humildade demonstrada e preencher a necessidade de busca de modelos para a almejada receita mágica.

 

António Sendi

 

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24.10.14

Magia é transformação.

Mudar, transformar, juntar, misturar, cortar, acrescentar, esperar, podem ser verbos irmãos da magia. Em todos nós habita um aprendiz de feiticeiro, capaz das mais incríveis proezas, das mais inacreditáveis transformações. Ouvi no outro dia uma receita infalível de magia. Vou partilhá-la pois tudo o que adoça a Alma, deve ser para todos:

 

Rezar de manhã. Ainda antes de sair da cama, pedir a Deus, ao Universo, aos Anjos ou a si mesmo tolerância para com todas as pessoas e situações que se cruzarem consigo no dia que vai enfrentar.

 

Estampar um sorriso no rosto. Nem sempre é fácil, mas as pessoas agem por reflexo. Quanto mais sorrimos para elas, mais elas sorriem para nós.

 

Escutar. A si, aos outros, aos sinais. Escute a sua voz interior. Escute o que lhe dizem. Escute o que não lhe dizem e que fica dependurado no silêncio. Escute os pormenores.

 

Ajudar. Não é necessário fazer votos de pobreza e castidade para ajudar o outro ou a si. Ajuda-se no ato mais simples: elogiando, sorrindo, oferecendo um presente, estando lá. A ajuda precisa de um coração aberto e criativo.

 

Ultrapassar. Estar para lá da ideia pré-concebida. Não ser demasiado duro e injusto consigo. Nem com os outros. Compreender que aqueles que mais prejudicam são os seres mais feridos, que mais precisam de si.

 

Valorizar. O mais simples da vida: acordar de manhã. Ter uma cama onde dormir. A música que escuta no rádio e já não ouvia há tanto tempo. Comer um gelado. Andar à chuva e molhar-se. Andar descalço. O mais simples. Sempre!

 

Brincar. Fazer coisas que realmente ama fazer. Reservar tempo para si. Só para si.

 

Agora junte estes ingredientes q.b. e permita que a magia aconteça…

 

Sara Almeida

 

 

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22.10.14

Desde tempos imemoriais que o Homem procura incessantemente encontrar o elixir da eterna juventude, a pedra filosofal e outros artefactos que possibilitem uma existência mais bela, mais rica e mais confortável.

O fracasso da Alquimia deveu-se essencialmente a dois problemas: aos trâmites da física e da química terrestres que impedem, por exemplo, que o tempo ande para trás ou que o chumbo se transforme em ouro; e ao local onde o investimento era feito, sempre no exterior da pessoa.

Sobre a física e a química, compreende-se, até porque se viviam épocas de descoberta e de excesso de vontade. Já sobre o local, convenhamos: continuamos, como dantes, velhos alquimistas do restelo, com excessiva vontade de encontrar fora, aquilo que está, desde sempre, dentro de nós.

Hoje temos uma variedade infindável de máscaras do tempo (cosméticas, cirúrgicas, editoras de imagem) e de estratégias circenses para desenterrar dinheiro. No entanto confundimos o objetivo com o processo: nem beleza nem riqueza são, por si só, sinónimas de felicidade, apesar de residir nelas boa parte dela. São apenas um meio volátil e instável de definirmos a nossa autoestima.

Esta sim, a verdadeira e a legítima felicidade… ou infelicidade.

A autoestima mais não é do que o produto da nossa atitude perante nós mesmos. Vai-se construindo lentamente, ao sabor da convivência com os outros e com o mundo. Tem na sua génese a experimentação, aquilo a que os teóricos chamam de condicionamento (mais operante do que clássico): quando somos crianças, cada situação solicita um comportamento, cada comportamento gera uma reação e cada reação assinala o valor que julgamos ter naquele momento para aquelas pessoas. Assim, de futuro, em situações similares, tendemos a adotar o comportamento que melhor proveito traz para a nossa autoestima. Quando crescemos e nos fazemos adultos, apesar de já dominarmos as ferramentas racionais e de nos conseguirmos posicionar no mundo com a higiénica distância, continuamos a adotar procedimentos tendentes ao ensaboamento do nosso ego. Porquê? Porque esta é a verdadeira essência da felicidade. Sermos aceites e reconhecidos pelo que somos perante as pessoas que nos são significativas é a definição da nossa existência.

Evitamos a todo o custo sermos ignorados e disfarçamos com todos os meios a consciência de uma baixa autoestima. Tendemos a cair em exageros de subvalorização dos outros e de sobrevalorização de nós mesmo quando queremos ser bem-sucedidos em tal disfarce. Tal como, quando temos manifesta e declarada baixa autoestima, valorizamos os nossos defeitos e as virtudes dos outros.

A fórmula da felicidade reside no equilíbrio entre o valor que damos a nós mesmos e aos outros. É saber reconhecer as nossas virtudes e os nossos defeitos e estar disponível para evoluir. Numa frase simples é: amo-me pelo que sou, mas posso melhorar. A materialização desta fórmula passa por ter uma atitude curiosa relativamente aos outros, saber reconhecer e elogiar com justiça e desinteresse as virtudes dos outros. Passa igualmente por saber identificar em nós as competências mais louváveis e as irregularidades mais tóxicas. Passa, por último, pela alteração do referencial com que agimos nos outros e no mundo, sublinhando cada vez mais o que de mais belo vemos nas pessoas.

 

Joel Cunha

 

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20.10.14

 

Ao longo da minha vida, com maior incidência na última década, tenho convivido com crianças de diferentes proveniências, raças, culturas e com as suas respetivas famílias ou figuras de vinculação. Aprecio as suas idiossincrasias, a forma como se organizam enquanto estruturas modeladoras familiares, os hábitos, as histórias de vida. Já me angustiei pela sensação de impotência perante realidades dantescas e pelo consentimento da injustiça calada. Já chorei em total desalinho e descrédito. Já quase perdi a fé na raça humana, mais vezes do que as que gosto de enumerar. Por outro lado, já me senti maravilhada por ter encontrado seres humanos verdadeiramente humanos, em diferentes classes sociais, em diferentes contextos, com diferentes saberes e vivências e, muitas das vezes, de quem nada se esperava. Já chorei, plena de amor e de felicidade, sem palavras suficientes para expressar a minha eterna gratidão pelo que determinados momentos e, sobretudo, pessoas me fizeram sentir.

Em busca de um processo de causa/efeito que atribuísse uma lógica de coerência aos processos que traduzem a vinculação humana, acabei perdida na ausência de um denominador estável comum. Nada garante o amor incondicional. Nada nem coisa nenhuma. Na vida a sério, a bizarria é uma cena do quotidiano: pais “de alma e coração” (nervos, pele, sorrisos e oxigénio), com uma infinita capacidade de amar e de se reinventarem, têm filhos que parecem seres de um planeta inóspito e muito escuro; pais ausentes, violentos, negligentes, envelhecem com filhos que os acalentam e amam, ainda que sem um único gesto de amor no retorno desses afetos. Nesse mesmo universo ser-se um filho “perfeito” (e por perfeito, entenda-se: com todos os órgãos, funções e aptidões que é possível um ser humano ter, numa autonomia progressiva e desejada) não garante que se seja amado por quem, afinal, lhe deu a vida. Crianças que nascem com múltiplos desafios, não raras vezes com uma dependência total e vitalícia, são profundamente amadas por quem, na avaliação contínua desses desafios, as sente como uma bênção e não como um fardo. Estranho mundo este em que nada combina com nada, em que (quase) nada é, inequivocamente, previsível. Estranha vida que para uns funciona como a chapada terapêutica - fechando feridas, encerrando capítulos, sonhando, reinventando a vida; para outros permanece uma velha película a preto e branco, sempre em “looping” -mantendo o tempo num tempo passado que mina insidiosamente o tempo presente, os sonhos e os afetos.

Corremos em busca de ideais, de segurança, de princípios e de regras que nos validem os dias e as intervenções quando, na verdade, tudo isso vale o que vale em face do quão rapidamente a mesa pode virar. Num pestanejar de assustadora lucidez percebo que a minha zona de conforto é a maior das armadilhas. A minha e a de todos os demais. Não controlamos a morte, a doença, os incidentes do quotidiano, os estados de alma daqueles que connosco se cruzam. Não controlamos humores, pensamentos, interpretações. Não controlamos as marés dos oceanos nem tão pouco os ciclones da alma. Não controlamos o impulso do vento ou o desvario da nossa mente. Não garantimos imortalidade própria ou dos que amamos. Fingimos uma guerra psicológica com a morte como se pudéssemos fintá-la apenas com o olhar e ela se esquecesse que existimos. Pois lamento informar os, ainda, sonolentos: não se esquecerá de nenhum de nós.

Abomino os rótulos e as desistências, as críticas de “encher chouriços” e a “caridadezinha” que funciona em causa própria. Não há crime mais hediondo que rotular um ser humano até ele desistir de si próprio, sobretudo “com a melhor das intenções”. Não há “marés cor-de-rosa” em mares revoltos e zangados. Mas somente em mares agitados, e ainda que com muito medo de naufragar, é possível ir além dos limites, desfrutar da onda perfeita e renascer. Não há violinos no ribombar dos trovões da jornada. É preciso, primeiro, silenciar o grito que vem de dentro.

Não há uma receita universalmente mágica na vida - não uma que sirva a todos os seres humanos - mas parece haver um “zilião” delas, validadas por uma riqueza interior que se encontra em todos os povos deste planeta (Amor, Humanidade, Compaixão, Alegria, Altruísmo), expressa em pequenas/grandes coisas do quotidiano, que nos lembra a todo o momento o que é realmente importante. Se há receitas mágicas, existem na alma de cada um de nós, na forma como podemos fazer a diferença nas coisas que estão ao nosso alcance, na força com que acreditamos que mágica é a receita que não pode ser prescrita mas que, quando devidamente administrada, salva vidas. Sobretudo a nossa. Vezes sem conta.

 

Alexandra Vaz

 

 

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17.10.14

 

Da combinação amorosa entre uma senhora pequenina com um senhor alto e magrinho, nasceu um bebe. Um rapazito com uns olhos azuis fabulosos, com uns cabelos encaracolados que mais tarde iriam dar lugar a uma calvície charmosa e sedutora.

A primeira vez que o vi não pude deixar de reparar na sua presença e logo me fascinaram as suas gargalhadas. Um moço com um sentido de humor muito próprio, que me faz rir como nunca ninguém até hoje conseguiu.

Um papel que me entregou, com uma flor desenhada, juntamente com o seu autoretrato e uma inscrição “Toma lá uma flor para tu!” encantou-me.

O tempo foi passando e eu conhecendo as suas particularidades, dei conta que nem tudo era doce; uma pitada de sal e de mau feitio dá um sabor especial.

Mas não sei se foi naquele momento em que roubou uma maçã, a caminho de casa, o que o fez correr como um louco, ou no almoço com uns panados despidos que me convenceram... Não! Acho que foi mesmo naquele momento que reparei que fazia um som peculiar com a boca que mais parecia estar sempre a chupar um rebuçado.

Pensando melhor, acho que talvez tenham sido todos os momentos passados juntos ao som de uma mescla de músicas dos La Union, com mais um niquinho dos Duncan Dhu, um não sei o quê de Waterboys, uma colherzinha de Eros Ramazzotti e  algumas gramas de U2, que me conquistou!

 A verdade é que a mistura explosiva entre o delicioso brincalhão do Bruce Willis em “Moonlighting”, com o charme hipnotizante de Daniel Craig como “007” e uma requintada cobertura romântica de Nicolas Cage em “Cidade dos Anjos” faz dele a receita mágica.

 

Susana Cabral

 

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15.10.14

 

 

Gosto muito de receitas tradicionais, especialmente de cozinha portuguesa, da chamada culinária de tacho. Mas não desdenho, nada, várias outras, que vou conhecendo de Espanha, França, Itália, Cabo Verde, Índia, ...

Perante, por exemplo, um cabrito de leite assado no forno, o arroz de miúdos e os legumes a acolitar, penso algumas vezes na conjugação de fatores, misturados q.b. com a passagem do tempo, com o clima, a agropecuária, tudo muito afinado para gerar momentos únicos, em certo sentido quase mágicos, em que estamos à mesa, convivemos e fazemos destes momentos algo quase eterno, de gravados indelevelmente na memória.

Já não sou assim tão fã ou entusiasta da prestidigitação, das ilusões produzidas e apresentadas pelos mágicos. No entanto há mágicos que conseguem efeitos espetaculares, por impossíveis ou invesosímeis que são, de se ficar com a boca aberta e os dedos a coçar a cabeça. Parecem ultrapassar, contornar as leis da física. É magia, pronto.

Está bem, confesso, esta conversa tem uma moral!

É isso mesmo, há receitas, há “magias”, mas não dá para juntar, não há receitas mágicas.

Resultados são efeito de uma causa que é o trabalho; feito com conhecimento, técnica, método, inovação, experimentação, organização de tempo, persistência, dedicação, rotina. Ufa!!

Na realidade, para lá da ilusão, os mágicos trabalham, trabalham, trabalham, para fazer de conta que são mágicos e assim conseguirem ultrapassar as leis da física e nos deixarem boqueabertos.

Quanto ao trabalho, gerações após gerações, que deu para se chegar à invenção e ao apuro (únicos e maravilhosos) de um bolinho de bacalhau, vale mais nem pensar. O melhor é comê-lo mesmo. Se possível, repetir.

 

Jorge Saraiva

 

 

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13.10.14

 

Andava sempre com a cabeça cheia de perguntas. Irrequieto, saltitava sempre entre os adultos e com os seus olhos grandes, que só tem quem é feito de sonhos. Questionava tudo o que não conseguia compreender, ou simplemente, a lógica das coisas do mundo.

Enquanto saboreava a fatia de bolo de laranja da avó Maria, mirava todos os movimentos que a velha senhora fazia na sua lida caseira.

- Vó, como fizeste este bolo? – perguntou curioso.

- Com muito amor e carinho, meu querido! – respondeu a avó com bondade.

- Oh! Não foi isso que perguntei… que tem este bolo? É bom! Hummm! – exclamou.

- Se me perguntas quais os ingredientes, eu posso dizer-te que tem os que vêm na receita: ovos, farinha, açúcar, leite, laranja, manteiga e fermento.

- Se me perguntares, que utensílios usei, posso dizer-te que usei uma batedeira, uma espátula, chávenas, um raspador, colheres e uma forma.

- Se me perguntares que medidas usei para preparar o bolo, posso dizer-te que usei 4 ovos, 300 g de farinha, 200 g de açúcar, 250 ml de leite, 1 laranja e 1 colher de fermento.

- Se me perguntares quanto tempo dispensei para fazer o bolo, posso dizer-te que demorou 3 minutos a ler a receita, 10 minutos a preparar a massa, 45 minutos a cozer no forno.

- Ah, agora já sei como se faz o bolo! Se eu fizer desta forma fica igual ao teu, não é vó?! – interrogou o menino.

- Bem, tecnicamente sim. Se fizeres todos os passos, é provável que fique um bolo de laranja. Mas, não é só com técnica que se faz um bolo. – informou a avó.

- Não?! – exclamou.

- Também é importante como se faz o bolo. Ou seja, com amor e carinho. – Disse-lhe a avó.

- Porquê? – questionou com olhar intrigado.

- Porque é quando te empenhas no que fazes, que consegues ter o melhor sabor, a melhor textura, o melhor aspeto. Porque é quando te dedicas com o coração que estás atento a cada passo, que transmites todo o cuidado, que dás toda a tua energia e que envolves a massa com toda a tua alegria. E tudo isso, resulta depois num bolo especial que ofereces a quem mais gostas. E aí, de certeza, será um bolo maravilhoso. Diferente dos bolos que são resultado apenas da receita. – explicou a avó.

- Por isso é que os teus bolos são sempre os melhores, vó? – sorriu o menino nos seus olhos grandes.

- Se são os melhores não sei, mas todos eles têm esses ingredientes especiais: amor e carinho. – disse a avó, sorrindo.

- Vó, para conseguir ser como tu, é só preciso amor e carinho? – perguntou, fisgando a avó com o olhar.

- Para Ser não há receitas mágicas. Cada um é como é. Para seres o melhor que podes ser na tua vida, nunca deves esquecer que na tua receita deve haver sempre um ingrediente só teu. Porque ninguém é igual a ninguém. – disse a avó.

- E assim serei feliz? – perguntou.

- Tenho a certeza que serás, se colocares amor e carinho em tudo o que fazes. Porque isso faz parte de seguir o coração quando as tuas perguntas te incomodarem. Aí, saberás as respostas para as tuas dúvidas. E, nessas alturas, perceberás que não há receitas mágicas para os desafios da vida. Mas, graças a essa vozinha que vive dentro de ti, se a seguires, a tua vida poderá transformar-se em algo, verdadeiramente, mágico. E, cada momento será tão delicioso, como é para ti essa fatia de bolo. – respondeu docemente a avó.

- Mas, quanto amor e carinho, avó? – perguntou.

- Q.b., meu amor. – sussurou a avó.

- Q.b.?! o que é isso? – exclamou.

- A quantidade exata que sentirás, em cada momento, ser a certa para usar. Só tu poderás saber. Será a teu gosto. E, será, quanto te bastará!

 

Cecília Pinto

 

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10.10.14

 

Numa das minhas muitas pesquisas acerca da nossa existência, fui iluminada por esta abençoada interpretação:

 

“A ideia de que Deus é um gigante barbudo de pele branca sentado no céu, é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que regem o Universo, então claramente existe um Deus. Só que Ele é emocionalmente frustrante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade!” CARL SAGAN

 

Carl Sagan um astrofísico, um homem da Ciência presenteou-nos com uma das melhores definições acerca do fenómeno Deus, de que todas as religiões falam, e que eu nunca senti veracidade nas suas interpretações.

Agora sim, encontrei por palavras um credível testemunho de quem é Deus; olhando para Ele desta forma tudo passou a ter outro sentido... E esta passou a ser a minha receita mágica para viver cada vez melhor, mais em paz e em harmonia com tudo e todos.

É muito comum responsabilizarmos Deus quando a vida nos presenteia com situações dramáticas, perdemos automaticamente a Fé e andamos à deriva.
Mas conhecendo algumas das leis energéticas que regem o nosso Universo podemos sentir a presença de Deus em cada batida do nosso coração.

As vibrações de puro Amor, Luz e Força encontram-se sempre ao nosso lado, só precisamos de aprofundar mais sobre como podemos fazer uso delas para nos tornarmos seres humanos cada vez melhores. Com a aprendizagem, junto de um professor qualificado, aprendemos a receita para eliminar do nosso sistema todos os ingredientes que não fazem parte da bela e majestosa refeição com que queremos presentear a nossa existência. A tristeza, a ansiedade, a depressão, a irritação, os vícios, o apego, o ciúme, o desespero, a inveja, o medo, e muitas mais caraterísticas que nos vão acompanhando quase diariamente, são produtos criados por nós, muitas vezes sem consciência, que nos levam ao envelhecimento, à doença e a uma vida sem esperança e cheia de problemas sem resolução. Sim, tudo isto é possível controlar, a transformação acontece quando soubermos como desintegrar este tipo de energias da nossa essência.

E quando aprendemos a viver com a consciência de que somos nós os próprios responsáveis por tudo o que nos acontece, a magia da vida é finalmente recordada e fluiremos como a Natureza, tudo na hora certa, e harmonioso como deve ser.

Semeemos Amor e Paz em todos os nossos pensamentos e ações...

Desta forma os nossos dias passam a ser alimentados com a doce sobremesa elaborada através da receita mágica que sempre esteve no livro que se encontra no nosso coração.

 

Joana Pereira

 

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8.10.14

Por falar em fórmulas mágicas, ocorreu-me um texto que li há muitos anos, não consigo precisar onde nem em que circunstâncias, talvez no livro de leitura da minha escola primária. Também não ficou registado na minha memória o nome do autor, personagens, nem o ambiente em que se integravam, mas o texto era tão assertivo na mensagem que queria passar que, essa sim, ficou retida e quero aqui recriar:

 

Se fosse mágica transformaria tudo à sua volta. O mundo seria diferente e a vida bem mais fácil e alegre. Acabaria com a escola porque bastaria querer saber para, por magia, ficar tomada de conhecimento. Nunca mais teria de arrumar o quarto porque bastava o desejo de o ter limpo e arrumado para de imediato se transformar num espaço ordenado e agradável. E, com os trabalhos de casa e da casa resolvidos, ficar-lhe-ia tempo para se dedicar a imaginar as guloseimas que fariam as suas delicias. Sim, a vida seria bem mais alegre, e claro, também mais doce. Tudo isto a menina cogitava sem qualquer esperança de se concretizar, mas sempre que lhe atribuíam uma tarefa - a que mais lhe custava era arrumar o quarto - lá se refugiava ela na sua imaginação fértil em criar mundos mágicos.

A mãe é que não se compadecia com a inadaptação da filha ao mundo real e começava o dia a dar-lhe ordens. Levantar, arrumar o pijama, lavar os dentes, e tantas outras que faziam do seu dia um pedaço de vida triste. Eram tantas as tarefas que se sentia perdida sem saber por onde começar, normalmente, só reagia à repetição da ordem, agora já sem o tom benevolente de quem lhe concedia a tolerância de uns minutos. Quando, finalmente, optava por fazer alguma coisa e estabelecia prioridades, estas não coincidiam com as da mãe, e lá ouvia novamente um rol de recomendações de tarefas que tinha de levar a cabo. Tinha o seu ritmo mas, também este não era o mesmo dos adultos, de maneira que, com muita tristeza sua, tinha que reconhecer-se preguiçosa e desarrumada. Não fazia de propósito, mas parecia que a mãe andava sempre zangada com ela.

Um dia ficou desesperada, tinha que arrumar o quarto até à hora do almoço. Impossível, nunca o conseguiria fazer. De novo se refugia num mundo mágico, alimentando o desejo de que a magia lhe resolva a tarefa hercúlea da arrumação do quarto. O seu desejo foi ouvido. Para seu espanto viu sentada na janela a fada madrinha, com a varinha de condão, que lhe sorriu e disse:

- Vou mandar dez mágicos para te ajudarem a limpar o quarto.

A menina nem queria acreditar.

- E quando é que eles vêm?

Perguntou a menina.

- Não tardam.

Respondeu a fada madrinha.

- Enquanto esperas, vai fazendo a cama.

A menina assim fez. Quando acabou, ansiosa, voltou a perguntar quando é que os dez mágicos chegariam ao que a fada madrinha respondeu que não deveriam demorar, mas para que não lhe custasse tanto esperar deveria ocupar o tempo, aconselhou-a a arrumar as roupas que estavam espalhadas no chão. Sem demora a menina obedeceu. E quando voltou a perguntar pelos dez mágicos, a fada madrinha voltou a dar-lhe nova tarefa que a menina concluiu na esperança de ver chegar os seus salvadores. Quando finalmente, com o quarto arrumado e limpo, ela perguntou porque é que os mágicos não vieram para a ajudar, a fada madrinha segurou-lhe nas mãos e disse-lhe que os mágicos não vieram porque estiveram sempre ali, nas suas mãos, e mostrou-lhe os seus dez dedos.

A menina encontrou a sua fórmula mágica: aprendeu a usar os seus próprios meios para realizar as suas vontades e desejos.

 

Cidália Carvalho

 

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6.10.14

Ou Fórmula resolvente?

Eu, que sou de matemática, penso que seria realmente mais fácil se houvesse uma fórmula que resolve-se qualquer situação da vida.

Será que há?

Às vezes penso que encontrei. Há dias que basta sorrir, com um sorriso sincero, de alma e coração, vindo bem lá do fundo.

Às vezes amanheço assim, partilho essa sensação com que me cruzo e colho daí bons resultados. Mas, ao longo do dia, vou perdendo esse ânimo, trocando o sorriso profundo por um sorriso que quero manter porque sei que é bom, sei que me faz bem a mim e aos outros.

No final desses dias, penso que afinal não é tão simples como parecia no início. Afinal, a fórmula tem muitas variáveis e cada uma com ponderações diferentes, consoante cada pessoa com quem interagimos, consoante o estado de espírito de cada um.

Já referi isto noutros artigos, mas não me canso de repetir que em tempos recebi um e-mail, daqueles que circulam anónimos, que dizia que não devemos aceitar ser o caixote do lixo dos outros. Concordo plenamente com isso, mas a verdade é que as pessoas existem, o lixo circula e é depositado por aí, normalmente em local indevido.

Qual a solução para isso?

Qual a receita mágica para viver bem com o lixo dos outros?

Pensar isso mesmo, que conseguimos viver bem na mesma admitindo que o lixo não é nosso e reutilizá-lo da melhor forma transformando-o em algo aproveitável.

Às vezes não é possível, então, tentamos eliminá-lo da mente pura e simplesmente. Fazer de conta que não existe.

Para mim a receita não é criticar negativamente nem procurar erros. É sim deixar que as coisas aconteçam naturalmente e a seu tempo.

A vida tem pressa? Não.

Amanhece e anoitece quando tem que ser e só isso comanda o nosso dia.

 

Sónia Abrantes

 

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3.10.14

Acordar… rebolar para ver a porta entreaberta e constatar: “Já é de manhã!” Os pesadelos, os xixis e as insónias ficaram de folga, deixando os miúdos (e em maravilhosa consequência, a mim!) dormir a noite toda.

Abrir a persiana e espreguiçar o olhar pela terra, pelas casas, pelo mar e pelo céu e ter a certeza de que não existe paisagem mais bonita.

Partilhar beijos, abraços e mimos para carregar as baterias de boa disposição.

Expedir as “encomendas” e respectivos acessórios (casacos, mochilas, lancheiras), com a expetativa de que lá fora o mundo lhes vai oferecer muitas e magníficas experiências.

Respirar fundo… e enfrentar o dia com o otimismo possível, ajustando expetativas e produzindo o suficiente para me sentir útil e de consciência tranquila.

Ajudar, sempre. Com uma palavra, com um gesto, com aquilo que tenho e sei.

À noite, sem luz nem movimento, apenas o som cada vez mais sereno da respiração pueril, sentir-me abençoada por esta “rotina” tão boa de saúde, paz e segurança.

E concluir com naturalidade: “Sim. Sou feliz.”

 

Sandrapep

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1.10.14

 

Receitas? É-me difícil respeitá-las integralmente. Na cozinha vou provando e acrescentando os ingredientes que me parecem em falta. Na vida também é assim: vivo experiências e vou refletindo nas variáveis que me faltaram para que a experiência fosse diferente ou, quem sabe, mais positiva. Altero a perceção que tive dessas experiências à custa de algumas mudanças que surgem em mim e também no mundo: mudanças relacionadas com a maturidade; relacionadas com o conhecimento que vou obtendo sobre alguns assuntos inerentes a essas experiências; sobre a forma como as pessoas me vão avaliando e; com as alterações inerentes ao próprio mundo. Facilmente digo: “não tenho receitas para isto e para aquilo”, porque, de facto, é difícil assumir que algum fenómeno só tem um caminho e uma interpretação e, por essa razão, eu não arrisco receitas. Poderíamos falar das caraterísticas de “um bom aluno” de “uma boa pessoa” de “um bom profissional”, mas nunca as assumiria como os ingrediente necessários para ser “um bom…”, porque cada pessoa é “um bom aluno”, “uma boa pessoa” e “um bom profissional” de acordo com a sua história de vida, a qual é composta por várias experiências com diferentes pessoas, em diferentes locais geográficos e em diferentes fases da vida. Receitas? Eu não arrisco nenhuma para nenhum fenómeno. Vou observando e corrigindo e ajudando a corrigir o que me parece desadequado… claro que me socorro de alguma evidência empírica que me facilita essa correção. Era bem mais fácil e, quem sabe, menos interessante, se a vida fosse, ela própria, uma receita mágica.

 

Ermelinda Macedo

 

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