2012 não será um ano que vou lembrar com um sorriso no rosto, pelo contrário, agora quase no fim, tenho vontade de fazer uma festa, apenas para comemorar o fato de ter sobrevivido a um ano tão caótico, difícil, tenso e longo. Pelo que me dizem e leio, não fui a única, muitos sentiram a mesma coisa.
Sendo um ano tão complicado me apeguei à teoria dos maias, o famoso fim de mundo em 21/12/12. Não acreditei que o mundo fosse acabar, mas pensei que alguma coisa poderia mudar, melhorar, o famoso novo ciclo e então eu sentiria o ar mais leve e o coração cheio de esperança.
Mas o dia 21 chegou e nada aconteceu. Mesmo para um fim de ciclo nada pareceu mudar, o ar é o mesmo, continua pesado e lento.
Não fui além de minhas crenças, não comprei comida nem guardei velas para esse dia, que seria o último, apenas esperei, como quem espera uma visita, sem saber se vai chegar ou não.
O mundo não acabou, mas eu fiquei com essa sensação de espera. E se acabar amanhã? Espero mais um pouco ou faço planos para 2013? Não fiz antes, estava esperando para ver o que acontecia.
Sei que existem muitas interpretações do que as pessoas supõem que os maias disseram, mas meu coração cansado gostou de pensar nesse dia final, depois de tanto sofrimento, não posso negar que me consolou pensar que um dia as coisas poderiam acabar.
Já que não acabou retorno naturalmente ao ponto inicial, aquela próxima data que muda as coisas, o ano novo. E então me pergunto, o que fazer? Não sei, não tenho a menor ideia. Não visualizei o ano novo, não comprei calendário nem agenda ainda.
Os tempos são outros, meus avós tinham os pés no chão, eu vivo em outro mundo, onde tudo muda, a economia derruba e levanta países sem avisar, as pessoas já não parecem saber o que querem, a vida é mais rápida, cheia de brinquedos e distrações. O tempo que eu tenho, que eu sinto, não é o mesmo de anos atrás. Planos, posso fazer muitos, mas dependo mais do que nunca da boa vontade divina, alguma coisa que jogue o vento na direção certa do meu barco.
O que fazer? Não sei, a única coisa que sei e acredito é que não existe mais nenhuma alternativa além de continuar a jornada, o barco continua no mar procurando seu porto seguro e um dia ele vai chegar ao seu destino, com ou sem calendários.
Iara De Dupont (articulista convidada)