O nosso amor já dura há mais de cinco anos.
Estávamos de férias, em mais uma lua-de-mel, desta vez em Singapura. Tinha acabado de nascer o dia, desci do quarto para tomar o pequeno-almoço e, faz parte da minha rotina matinal, passar os olhos pelo jornal. Fiquei intrigada, quando vi um anúncio que dizia: “Quer adoptar um bebé? Ligue e entregamos na hora.”. Achei que poderia ser brincadeira, parecia que de uma mercadoria se tratava. Era mesmo o que eu queria. Um bebé com entrega na hora e ainda por cima poder dar a uma criança melhores condições sociais, económicas e afectivas do que as que teria se ficasse no seu meio natural de vida.
Falei com Dany, o meu marido, que me alertou para a possível falta de legalidade daquele anúncio e que me acompanhou até à embaixada de Portugal. Foi-nos informado que era legal e que é um processo rápido, pagando o montante que é solicitado, assinando um contrato, a criança é entregue no acto. Decidi de imediato ligar para a agência que faz os contactos com o orfanato e só perguntaram qual a profissão do meu marido. De imediato disseram: “Temos o vosso bebé, podem vir levantá-lo.”.
Já estava tudo preparado. Depois do pagamento, a menina estava à nossa espera - tinha três dias de vida e acabado de chegar da maternidade. Pelo que soubemos, a mãe é prostituta e não reúne condições para abarcar com as despesas, cuidados e educação, para lhe garantir um desenvolvimento saudável. Não sabia quem era o progenitor.
De facto, quando a vimos com os seus três dias de vida, tão frágil, tão pequenina a necessitar tanto de nós, apaixonamo-nos de imediato por ela. Foi amor à primeira vista!!! E agora, já com quatro anos, é a luz da nossa vida. Ela sente que não é uma filha qualquer: foi querida e amada desde o primeiro momento. Ela também percebe que é uma filha diferente dos outros: não é de sangue, mas de coração.
Sónia Sequeira