Darwin, já no Século XIX, debruçou-se sobre o estudo das emoções, tanto no Homem como nos animais, tendo chegado à conclusão que as emoções, ou a expressão das mesmas, era algo inato a ambos. Para além de reforçar a ideia que já tinha de uma origem comum, levantou a questão da utilidade da expressão das emoções para a sobrevivência dos indivíduos. Darwin identificou seis emoções inatas ou universais - alegria, tristeza, surpresa, cólera, desgosto e medo, que serviriam como uma ferramenta para ajudar o indivíduo e a sua comunidade a sobreviverem (através da observação dos sinais emitidos pela expressão das emoções).
Damásio, mais recentemente, volta à questão da utilidade das emoções. Começa por fazer a destrinça entre emoção e sentimento, sendo a primeira a reacção a uma determinada situação indutora e que seria perceptível por um observador externo, e o sentimento sendo a tomada de consciência da emoção pelo próprio indivíduo e que seria apenas perceptível para si.
Apesar de Damásio concordar com Darwin na utilidade das emoções para a sobrevivência, coloca a ênfase na capacidade da emoção de fazer “disparar” reacções rápidas a determinadas situações, potenciando a probabilidade de sobrevivência.
Ao contrário do que foi a corrente dominante durante décadas, que defendia que uma tomada de decisões correcta dependia exclusivamente da razão, Damásio vem defender que a tomada de decisões não pode ser feita sem a participação activa da emoção, sendo esta um complemento imprescindível, tal como a razão, na tomada de decisões.
Hoje em dia ouve-se, amiúde, falar da Inteligência Emocional como se da redescoberta da roda se tratasse; no entanto a inteligência emocional, mais não é do que a tomada de consciência (recordamos que é esta tomada de consciência que Damásio denomina de Sentimento) das nossas emoções e consequente a resposta com base nesta auto-consciência.
O verdadeiro desafio da inteligência emocional centra-se na mudança de paradigma, no sentido de ensinar e treinar as pessoas nas tomadas de decisão com base nas suas emoções, sem medo de que essas decisões não sejam tão boas por não serem muito “racionais”.
Alexandre Teixeira