Era uma vez uma mente sem sexo que vivia num corpo sensual. Sua sensualidade transcendia o mero prazer lascivo dos corpos que se esbarram. Insinuava-se quente, atrevida, repleta de desejo, buscando a fusão sublime por duas almas que se querem. E muito!
Ah! Mas como lhe escapava a sua essência… agora nebulosa pelo arfar do orgasmo.
Ora doce, ora ambígua…
A pessoa da mente sexuada queria mais… agora insatisfeita… pela ausência do prazer.
Sofre o preconceito por viver e expressar tão intensamente suas emoções, sua sexualidade latejante… empolgante… viciante… despertando ainda mais, qual rebelde, o poderoso ensejo da transgressão. Mas sem nunca experimentar a inebriante sensação de ser uma mente livre.
Ah! Mas como é bom!
Seu desejo, suas preferências, seus excessos condensaram o fulgor da sua “injulgável” manifestação.
Não! Não lhe queiram tolher a liberdade de poder expressar- se loucamente, não lhe imponham culpas, vergonhas, nem grilhões morais.
Ah! Mas como é bom!
Mas sem nunca se permitir ser uma mente livre, apesar de esta mitigar-lhe gritantemente.
Morreu…
A pessoa da mente assexuada que se julgava sexual apaga a luz da consciência terrena, serra as portas quentes numa madrugada agora fresca. Sem culpas, sem vergonhas, nem grilhões morais.
Relampejava “quero-te”, “quero-vos”, “vem”.
A pessoa da mente assexuada não tinha mais corpo, não tinha mais sexo!
Marta Silva