Que grande jogo vai ser!
Pode ser um jogo grande ou podem ser – cúmulo dos cúmulos – os Jogos, que por serem tão grandes e tão importantes só acontecem, na sua era moderna, de quatro em quatro anos. Para quem gosta de desporto há um antes, a antecipação e projeção do que pode vir a ser, a ansiedade com que se espera que chegue a hora (e o tempo que não há maneira de passar!); há um durante, aqui cabe a entrega total, o isolamento de tudo o resto, que às vezes nem sequer atinge um plano secundário, pura e simplesmente não existe mais nada, a entrega é total e absoluta, um sentimento de plenitude; e há um depois, um cansaço feliz, quando para além de toda a imaginação ainda fomos mais longe e conseguimos um momento que pode tornar-se eterno, ou, ao contrário, um vazio, um amargo de boca que a frustração do falhanço traz.
E depois? Bem, depois o melhor é deixar carregar as baterias e começar de novo.
[estou a referir-me ao desporto na perspetiva do amador, não do profissional, é claro]
Vem isto a propósito de quê? De nada e de tudo. Sendo honesto, vem a propósito da sexualidade, portanto de tudo! Pois se ainda não nascemos, estamos no ventre da mãe, e já somos sujeito da pergunta sacramental: é menino ou menina? Ainda não sabemos quem somos, o que somos e já exercitamos e brincamos com o nosso sexo, os nossos genitais (que geram, que dão o ser, in Dicionário Priberam).
O meu ponto é, portanto, que a sexualidade é tudo, comanda a nossa vida. Com idealizações, memórias, partilha, conquistas, falhanços, amor, ternura, direta ou indiretamente o rumo da nossa vida é comandado pela sexualidade.
Assim que posso dizer sobre a sexualidade, sobre tudo? Nada!
O melhor é vivê-la, conviver com ela sem deixar que me subjugue, que me complexe e, no limite, me bloqueie. A quimera é que cada um possa viver em plenitude a sua sexualidade, as suas opções; mas e a sociedade, o politicamente correto, a ética, a moral? Ontem foi diferente de hoje e com certeza vai ser diferente de amanhã.
Haja fair-play, respeitemo-nos a nós e ao(s) outro(s) e, como se diz noutro tipo de divertimento, façamos o nosso jogo, sempre com cuidado para não cair no vício.
Jorge Saraiva