A era da informação nunca foi tão atual como hoje. Se antes a informação passava de modo mais vagaroso, no que diz respeito à perspetiva global, hoje a velocidade é tal que nem conseguimos, muitas vezes, processar a globalidade da própria informação. Muitas vezes fragmentada, retalhada, porque imensa, mas necessária à sua rapidez na transmissão, a informação real reparte-se muitas vezes por perspetivas. Nem sempre com a profundidade merecida, com propósitos nem sempre transparentes. Velocidade é a ordem, não só na transmissão de informação e processamento da mesma, mas a ordem do dia-a-dia. Tempo que se escasseia entre os dedos e não permite fazer mais do que ler superficialmente, e não mais fundo. E se informação está intimamente relacionado com mensagem, conhecimento e transformação, e se cada vez mais retalhada e superficial, qual será no fundo a mensagem apreendida? Qual será no fundo o conhecimento absorvido? A transformação? Seremos apenas seres fragmentados, sem o verdadeiro conhecimento?
Se desde o nascimento somos colocados num mundo de informação, cada vez mais díspar, mais redutora, mutável, como é que tudo isso influencia na nossa própria formação?
Somos seres em formação e que dependemos da informação para a nossa própria construção. Com um acesso tão ilimitado, como nunca antes, como por exemplo nas redes sociais, com tanta mensagem, com tanta opinião, com tanta diversidade, como nos sabemos situar e identificar com tanto e por vezes, tão pouco? Como sabemos que com tanto e tanta rapidez, teremos a segurança de nos construir de forma sólida e profunda? Como saberemos que somos capazes de apreender o mais profundo da mensagem, a nossa essência, se somos habituados a processar tudo o que nos rodeia à velocidade da luz? Como descobrimos o tempo e o silêncio necessário para o fazer? Talvez esse seja o desafio da era da informação, saber fazer parar o tempo, descartar o demasiado, focar no essencial e processar a transformação que todas as ideias, conceitos, realidades nos oferecem.
Mas num mundo com tantas exigências, com tanta competição, com tanta mutação, menos dicotómico e mais esquizofrénico, será que parar no tempo, nos fará perder a carruagem, ou nos permitirá realmente estar in formação, tal qual qualquer peça em construção, como o barro, que precisa do devido tempo para assumir a sua verdadeira forma, a sua derradeira mensagem?
Realmente, Roma e Pavia não se fizeram num dia...
Cecília Pinto