9.8.13

 

Penso que ninguém discordará se eu afirmar que as férias são essenciais para a manutenção da saúde mental. E que, como em todas as ocasiões, dá um certo jeito usufruir de “boa saúde mental” durante as férias. Temos assim, então, que saúde mental e férias serão indissociáveis, mas isso não significa de todo que sejam temporalmente coincidentes. Pelo contrário, o que geralmente sucede é o desfasamento entre as duas. Tal torna-se óbvio pela utilização da expressão “estou/estás a precisar de férias”, em que o observado/observador constata, pelo menos, uma qualquer diferença no normal funcionamento de si/do outro. Contudo, tenho de referir que esta menor ou maior diferença não significa propriamente existência de doença. Num quadro de doença mental podemos estar só na presença de um “resfriado” que, tal como acontece com o resfriado (físico), os cuidados para a cura não serão alargados nem complexos e, assim sendo, as próprias férias encarregar-se-ão do caso. Evidentemente que se a constelação sintomatológica for relevante, a “cura” terá de passar por outros procedimentos que não uma simples semana na Manta Rota...

 

Pensando economicamente na coisa, abordo então o tema no ponto de vista da prevenção, tentando assim evitar “resfriados” e fugindo terminantemente das “pneumonias”.

 

Através da constatação diária dos factos sociais todos nós atualmente conhecemos o panorama laboral em que nos encontramos. Simplificando, as entidades patronais tentam espremer o colaborador retribuindo uma remuneração também ela espremida. O colaborador, pelo clima que impera, sujeita-se às regras do mercado e assim vai dirigindo forças para levar a bom porto a sua vivência que se quer digna. E claro que ninguém é de ferro. Este tipo de pressão dá cabo de qualquer um e, com sorte, quando se dá por ela já “estou/estás a precisar de férias”. Mas lá está: ainda não é a primeira quinzena de Agosto. “De facto ainda estamos em Maio! E agora? Como faço para aguentar estes meses?” Bom, neste ponto tenho a dizer que não tenho uma solução universal... O melhor que consigo é transmitir-vos o que para mim funciona e, se tal puder ajudar de alguma forma, dou-me por satisfeito.

 

Simplesmente tiro férias todo o ano. Passo a explicar: as férias não são, no meu entender, blocos de dias em que haverá forçosamente uma expetativa anterior aos mesmos, com a ansiedade a acompanhar o facto. Não faço calendários a contar o que falta nem repito à exaustão os meus planos com os colegas de trabalho. Reparem: só aqui estamos a poupar a nossa saúde mental (através da supressão da ansiedade) e a dos outros (brincadeira...). Para mim, férias são momentos que podem durar dias. São válidos se forem planeados, mas, na maioria das situações, são ainda melhores se surgirem de imprevisto. Uma folga pode ser férias. Um fim-de-semana pode ser férias. Um mês pode ser férias.

 

Usando esta simples fórmula de restruturação cognitiva do dossier “férias”, garanto-vos que vão estar mais vezes de férias por ano e menos ansiosos pelo começo e término das mesmas. As férias encontram-se precisamente no interior das vossas cabeças. O setting onde as passam, não passa disso mesmo: da paisagem que pagaram para levar as vossas cabeças até lá. Férias todo o ano... Impossível? Nem por isso.

 

Rui Duarte


Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 06:00  Comentar

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