Sempre me pergunto se adultos sabem o que são as férias.
Quando eu era pequena, eu sabia. Colocava minhas coisas em alguma mala, fechava tudo e no carro eu sentia o vento. Eu ia sair de férias.
Mas hoje como adulta não sei bem o que é isso. Posso sair de férias, mas minha cabeça vai junto. E os problemas também. Não consigo desligar minhas preocupações como se fossem um botão, elas vão no carro também.
Tenho vontade de tirar férias no coração. Deixar o mar levar minhas mágoas, meus ressentimentos e sentir a areia que afunda nos meus pés. Queria que a brisa pudesse me fazer esquecer os dias cinzas, correr pela praia como uma criança corre, totalmente dominada pela emoção de estar ali, nada mais tem importância, não pergunta sobre o seu passado nem questiona seu futuro. Aquele momento é o dela, são suas férias.
Depois que crescemos nunca mais saímos de férias, elas saem de nós. Não existe mais ingenuidade nem a vontade de estar tão aberto a tudo. O coração e a mente não esquecem o que ficou atrás, fazem questão de misturar tudo com a água salgada do mar.
E quem mora em cidade, tira férias? Nunca. Ninguém se desliga, nem que seja apenas por uns minutos. Férias deveriam ser períodos de horas que tiramos apenas para não pensar tanto em coisa que não tem soluções.
Deveria ser aquele momento que estamos sozinhos e livres de tudo que nos atrapalha, deveríamos lembrar quando éramos pequenos e ficávamos ansiosos por tudo, felizes de conhecer coisas novas.
Férias deveriam ser isso, o momento que abrimos nosso coração ao mundo, sem preconceitos, sem julgamentos, estamos ali parados na areia admirando o momento, sentindo o vento. E só por isso somos felizes. São as férias, esse ponto onde podemos sentir o coração leve. Tudo parece estar bem, tudo parece fazer sentido, o coração e a mente nos pedem todos os dias um pouco dessa liberdade, querem suas férias, querem seu momento.
Todos precisamos de férias, todos nós precisamos nos sentir felizes de novo. Mesmo que isso não dure um verão.
Iara De Dupont (articulista convidada)