23.4.13

 

O termo violência assume muitos sentidos para além dos relacionados com agressividade; pode-se associar a velocidade, dinamismo, acidente, enfim um conjunto de atributos que descrevem o impacto de um ato, tornando-se assim um sincrónimo que é utilizado com recorrência para realçar os resultados de um determinado ato. É, em muitos casos, uma figura de linguagem e de retórica, porque comunica um impacto que apesar de agressivo é igualmente positivo. Assinala-se a aparente (falsa) facilidade de se abordar, por ser um vocábulo comum, conquanto trata-se de um termo sobejamente aplicável em muitos campos de ciências humanas e sociais, pelo que o seu tratamento merece alguma atenção e profundidade de análise.

Entretanto, o seu uso associado a agressividade tem maior notoriedade e preponderância que os outros sentidos colaterais, até porque o seu sentido figurado aleita-se em raízes da área de ciências sociais. Segundo Wikipedia, “violência é um comportamento que causa intencionalmente dano ou intimidação moral a outra pessoa... Tal comportamento pode invadir a autonomia, integridade física ou psicológica e até mesmo a vida de outro. É o uso excessivo da força para além do esperado”. No extrato acima vinca-se a natureza comportamental do termo que carateriza o estágio de início de conflito no âmbito das relações humanas.

Numa outra aceção mais eloquente, fervorosa e prática, Wikipedia estabelece diferença entre violência e força, embora sejam palavras próximas na língua e pensamento corrente. Enquanto força designa, no seu sentido filosófico, a energia ou firmeza de algo, a violência carateriza-se pela ação corrupta, impaciente e baseada na ira, que ao invés de convencer o outro através da persuasão, simplesmente agride-o.

Se olharmos para as relações humanas como um jogo de interesses, com necessidades e desejos em foco, o iminente conflito que pode resultar em violência surge quando a priorização das necessidades humanas não obedece a hierarquia natural, por um lado, e/ou quando a pirâmide simplesmente não existe, contrariando a sequência lógica das necessidades humanas para o estabelecimento do estado de equilíbrio.

A violência é, assim, a expressão da atrocidade, quando as partes envolvidas não conseguem manipular a comunicação através da informação que dispõem para verem satisfeitas as suas necessidades. Esse estado de frustração de necessidades e desejos é tão biológico quanto natural que possui uma forte capacidade de contágio e réplica a outras pessoas. Na época contemporânea e em sociedades mais avançadas em termos de acesso ao conhecimento, que a informação é um recurso quase que limiarmente livre, os conflitos são iminentes, pelo que a gestão de conflitos torna-se uma prática recorrente e uma competência vital para a manutenção de estabilidade. Esse equilíbrio sobressai quando as diferentes gerações encontram uma atmosfera de interacção e nítida separacção de papéis, onde os jovens desempenham um papel preponderante de ligação entre os dois extremos.

Ora, o jovem pela sua mocidade é por natureza sedente e força motriz de uma sociedade. A dinâmica esperada a nível operacional de uma sociedade, no que respeita a constituição da força produtiva e ligação operacional entre as diferentes atividades económicas e sociais, depende sobremaneira do compromisso, motivação e empenho na sua participação, na prossecução dos desafios da sociedade. Porém, nem sempre essa juventude é acompanhada de assertividade suficiente para manipulação favorável das ferramentas que dispõem para a satisfação de suas necessidades imediatas. Algum medo, receio e timidez que os caracteriza, fruto da violência imposta pelos mais experimentados e ortodoxos que repreendem sem pedagogia, e sobre-dosagem de demagogia, pelos erros e falhas cometidas (fraquezas desculpáveis), impedem-os de serem tão ferozes quanto o expetável.

Para fortalecer a capacidade interventida e vantagem comparativa dos jovens, devia-se apostar, dentre outras variáveis, na solidificação dos soft skills, em paralelo ao sistema de educação formal, para torná-los mais audazes e arrojados sem implicar o uso da força física, pressa e ansiedade no alcance dos seus anseios. Para se atingir o estado de equilíbrio evitando-se violência, deve-se evitar entrar em pânico diante de uma situação aparentemente impossível ou de iminente problema, o fenómeno movimento harmónico simples encarregar-se-á de restabelecer o equilíbrio estático.

 

António Sendi (articulista convidado)


Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 06:00  Comentar

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