Para se sagrar vencedor há que ter predisposição para jogar, arriscar, e ter humildade de encarar o jogo na perspetiva de teoria dos jogos, especificamente de soma diferente de zero, onde haverá um vencedor e, como tal, averbar derrota não é em si um fim, talvez um sinal para futuros confrontos.
O âmago de um vencedor é a busca incessante de satisfação, alegria ou felicidade, que advém dos resultados alcançados, que podem não corresponder necessariamente a um triunfo. Jogar é uma arte, destarte saber jogar é sobretudo um gozo, deleito.
Assim, a felicidade do jogador encerra a definição atempada de um quadro de objetivos de desempenho para a disputa, dentro de um limite máximo e mínimo para ter-se uma margem de desempenho aceitável, contando que existe sempre a incerteza em forma de risco iminente e potencial, disposta a enviesar, impactando positiva ou negativamente no desempenho esperado.
Todo vencedor carrega em si uma dose de sorte, se considerarmos que a ação do risco não impediu-o de se consagrar vencedor, sabendo que a probabilidade de ser vencedor é complementada pela probabilidade de não ser vencedor.
Entretanto o mérito de ser vencedor prevalece e atribui-se a si mesmo, quem soube esquivar-se das tentações para poder preparar-se afincadamente afim de experimentar a sensação de subir ao pódio, que diga-se é viciante, preparação essa que exige muita entrega e sacrifício, virtudes que caraterizam um vencedor. O vencedor tem sólida noção de suas capacidades e limites, variáveis bastantes para proceder a monitoria e avaliação do seu desempenho, condição prévia para a auto superação considerando que há sempre espaço para improvisar o seu desempenho e alcançar níveis de desempenho cada vez crescentes, sempre que houver margem de progressão, ambiente para prosperar e um sistema motivacional que inspire a melhoria contínua numa escala de inovação aceitável.
A paciência tudo vence! A paciência é um exercício de sagacidade! Ora, no limite do processo, entenda-se do jogo, quando menos se espera, quando se carrega fé interior, quando se possui autoconfiança, os resultados positivos esperados despontam suavemente a premiar a sabedoria empreendida e em escala desferram agressivamente como que se uns atraíssem os outros, requerendo medidas pontuais de contingência para se desenfrear possíveis euforias que poderiam irritar a progressão.
O processo de progressão e desenvolvimento de carreira, uma função do desempenho passado com impacto na posição e atuação atual, depende mais do próprio indívuo do que dos outros, pois num sistema aberto e imperfeito a competitividade nem sempre favorece os melhores. Possíveis causas que podem explicar tais factos contam-se a escala de avaliação e critério de avaliação, composição e idoneidade dos avaliadores, compromisso com ética e moral, e objetividade do processo.
Finalmente não se pode falar de vencedor sem considerar a composição implícita ou explícita da equipe de que o vencedor faz parte, seja ela real ou virtual, citando uma máxima: em equipe que vence não se mexe - as melhores equipes fazem grandes vencedores. Este vencedor assemelha-se a cereja no topo do bolo, a sua ascensão e projeção foi possível graças a sua afiliação a uma rede tanto quanto vencedora.
António Sendi (articulista convidado)