5.3.13

 

Entre duas pessoas:

- Já te sentiste vencido, mesmo tendo ganho? – questiona com olhar perdido.

- Quem nunca ganhou ou perdeu na vida? – responde em jeito de reflexão.

- Por vezes, sinto-me derrotado. Que sensação! – desabafa.

- Derrotado por não vencer ou por ainda não ter vencido? – questiona.

- Derrotado por não ser o que se imaginara. Derrotado, porque num preciso dia, todos os ganhos de outrora parecerem em vão. Menores do que as vitórias ainda por alcançar. Ou que queremos tanto possuir!

- Somos todos vencedores… algures na nossa vida… - reflete, o outro.

- Somos todos perdedores também, então. – contrapõe.

- Talvez não perdedores… mas seres perdidos, por vezes. Seres que perdem, por vezes também.

- E o que vencemos, então, todos, algures? – indaga.

- Vencemo-nos a nós próprios. Algures, vencemos, por exemplo, por nos superarmos. - conclui.

- Vencemos a nós próprios? – replica, intrigado.

- Sim.

- Então derrotámo-nos a nós próprios também?

- Deixamo-nos derrotar, não só por nós, mas pelos outros também.

- Basta não deixar, é isso? – olha, intrigado.

- Talvez. – sugere.

- E se perdermos?

- O que podes perder?

- Sei lá! Coisas, tempos idos, pessoas…

- Coisas são coisas. As pessoas já nos são, e serão, se assim o quisermos. Embora nunca nos pertençam. O Tempo não se tem. Vive-se.

- O Tempo não se perde, então?

- Perder, é como quem diz. Talvez o deixemos passar. Talvez não o vivamos. Se o vivemos, não o perdemos.

- Não?! – exclama.

- Não. Ganhamos. – afirma.

- Como assim? – confuso.

- Já pensaste nas memórias? Ganhámo-las! São nossas!

- Então ganhamos memórias com o Tempo?

- E não só! Ganhamos aprendizagens.

- E se não aprendermos? – questiona.

- Perdemos uma boa oportunidade para tal e para nos sentirmos vencedores. Às vezes, a sensação de derrota, pode advir daí.

- Ficamos perdidos, é isso? – interroga.

- Perdido, só se te deres por vencido. – remata.

 

Cecília Pinto


Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 07:00  Comentar

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