Há perguntas que, volta e meia, nos colocamos sem conseguirmos obter uma resposta satisfatória. Porque sonhamos? Qual é o significado dos sonhos e qual a sua função?
Parece haver várias teorias para explicar o porquê de sonharmos. Freud apresentava o sonho como um guia para chegar ao inconsciente. O sonho representaria uma forma de o indivíduo realizar um desejo real inconsciente, conteúdo latente, que por ser censurado pelo consciente, pela moral e pelas regras sociais aprendidas e incorporadas, teria de se tornar consciente de uma forma disfarçada, conteúdo manifesto. Quando devidamente analisado seria possível chegar ao conteúdo latente.
Freud apresentava alguns símbolos oníricos para o conteúdo manifesto e o seu verdadeiro significado no conteúdo latente. Por exemplo, sonhar com maças ou pêssegos representaria seios, subir escadas ou passar uma ponte significaria relações sexuais. “Tudo” se relacionava, basicamente, com sexo.
Atualmente essa teoria está um pouco colocada de parte. Os sonhos parecem refletir as vivências, as preocupações e o próprio ambiente que nos rodeia. Dement & Wolpert, 1958, demonstraram isso mesmo. Numa experiência com dois grupos, quando durante o sono um dos grupos era borrifado com água, esses sujeitos relatavam mais sonhos que envolviam água enquanto que o outro grupo não.
Para tornar tudo isto ainda mais interessante, temos outras teorias como a da aprendizagem invertida, a teoria dos sonhos com valor de sobrevivência e a teoria da ativação de síntese.
Na teoria da aprendizagem invertida os sonhos, segundo Crick e Mitchison, 1995, não representam nada, servem sim para filtrar a informação útil acumulada durante o dia e eliminar a desnecessária.
Na teoria dos sonhos com valor de sobrevivência o sonho tem a função de processar e fixar a informação do dia durante o sono, isto é, o cérebro estaria a funcionar, a aprender durante as 24 horas. Aqui os sonhos traduzem as preocupações pessoais diárias e anseios. O sono e o sonho solidificam memórias e aprendizagens.
A teoria da ativação de síntese de Hobson refere que o sonho, decorrente da ativação energética cerebral, agrupa as várias memórias, preenche as lacunas existentes e dá-lhes um sentido inteligível, criando, através do sonho, uma sequência histórica congruente.
Estes sonhos ocorrem durante o sono e não temos controlo sobre eles. E que tal se dedicarmos mais tempo ao sonho acordado. Sonhos sem sono! Dissociamo-nos da realidade, por alguns minutos, e “fantasiamos”, e conseguimos aquilo que tanto ansiamos, e visualizamo-nos a ser outro tipo de pessoa, a falar de forma diferente, e acreditem, podemos, de facto influenciar o nosso comportamento e a nossa atitude futura com esta mistura de sonhos acordados e visualização mental. Só é necessário motivação, vontade e cor, e conseguimos!
Alas para o sonho!
Ana Teixeira