29.6.15

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- Eu não tenho em atenção o dinheiro?! Eu?! – grita ela saltando da cadeira.

- Exato!! – estica ele com o indicador direito.

- Meu querido, se há aqui alguém que não presta qualquer atenção ao dinheiro és tu! – diz ela tentado humilhá-lo, com as mãos abertas, abanando a cabeça num curto movimento reprovador.

- Minha querida, não sou eu que gasto uma fortuna no cabeleireiro, em tratamentos à pele, em tratamentos às unhas, em massagens com nomes esquisitos, em carteiras, em pulseiras e colares!!

- Eu gasto fortunas nisso?! Ai, gasto?! Pois fica sabendo: eu tenho de me arranjar!! Ou queres eu ande para aí como uma sem-abrigo?! Queres?! Uma desarranjada, deslavada, descuidada?! É isso que queres?! Não te importas que eu, a tua mulher, ande de qualquer maneira?! Não te importas, pois não?!

- Importo sim, mas não é isso que aqui está em causa! O que está aqui em causa… - e perdeu a vez pois ela já gritava bem mais alto:

- Não, não te importas, não!! A única coisa que te importa, são as comezainas e as noitadas com o gangue dos teus velhos amigos da escola! Nisso tu podes gastar tudo o que te apetecer! Com isso não tens tu preocupações! Com isso e com a porcaria das músicas e dos filmes! Esse dinheiro não faz falta; o que faz falta é o dinheiro que eu gasto para não parecer uma pindérica!!

- Já só cá falta isso… Os meus amigos e mais as músicas e mais os filmes! Pois fica sabendo minha menina, de uma vez por todas pois já estou cansado de explicar isto: um homem tem de se divertir, de espairecer, tem de ter outros interesses e distrações que não seja só o trabalho!! E o que eu gasto nisso é uma parte ínfima do dinheiro que tu atiras fora com as tuas amigas, nessa treta dos centros de beleza! Beleza! Nota bem: beleza! Ainda por cima elas são feias que nem bodes… como se tanto centro de beleza alterasse alguma coisa… Tu nem precisas disso, mas gostas de alinhar com elas!! E isto para não falar dos rios de dinheiro que vão na compra de sapatos! Ainda estou para descobrir para que queres tantos sapatos quando só tens dois pés!! – disse ele enquanto ela se retorcia para não começar a partir as peças que estavam sobre os móveis.

- Tu és um bruto!! E um grunho!! Tu estarias bem era a chafurdar num chiqueiro com uma porca qualquer ao teu lado!! Estúpido!! A minha mãe bem me avisou que tu eras um bruto, mas eu estava como que anestesiada… As minhas amigas são feias?! Ai são?! E os teus amigos queridos, são o quê?! Já olhaste bem para eles? E para ti? Tens olhado o espelho? Todos gordos, barrigudos e carecas?!

- Eu sou careca?! Careca?! Estás a confundir-me com quem? E agora já nada falta nesta nossa fantástica conversa – a tua estimadíssima mãezinha já chegou! Ela e os seus sábios conselhos!! Não são as alarvidades que ela deita pela boca fora que pagam a escola da nossa filha, nem o que ela come, nem tudo o que ela precisa! Deveis achar que o dinheiro estica, não?! Só tenho pena é do teu pai! Coitado, a aturar uma catatua daquelas durante tantos anos! Aquela nasceu a dizer mal da própria parteira!!

- Tu… Meu ignorante!! Tu… - agora o indicador direito dela também estava esticado.

- Eu o quê?! Fala! Diz: eu o quê?!

- Tu, meu bruto… - e foi interrompida pelo grito da Rita:

- Se neste ano eu for apenas a três festivais de verão, isso ajuda a que não discutam?!

 

Fernando Couto

 

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28.6.15

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Foto: Business – Petr Kratochvil

 

A realização de uma atividade por um profissional qualificado tem um papel primordial e indispensável no desenvolvimento das organizações e das sociedades, independentemente do nível de desenvolvimento industrial e tecnológico que são apadrinhados pelo desenvolvimento científico, outra atividade profissional. O trabalho sempre foi um dos desideratos do ser humano qualificável, enquanto ser criativo e prenhe de necessidades; essa foi a característica que mais distinguiu o Homem dos outros seres.

Por sua vez, os homens distinguem-se, dentre outros parâmetros, pela sua produtividade e pelo seu valor, elementos conseguidos através de um percurso baseado na valorização de suas aptidões e competências, um investimento do tempo focalizado na educação e formação contínua, forjando o capital humano que gera value for money.

Este perfil acima traçado e comprometimento com o sucesso é um exercício de feedback que os profissionais procuram de si na justa medida, o seu contributo e papel num processo de trabalho é observável pelos resultados conseguidos com e sem a sua participação. Efetivamente, a capitalização das suas aptidões e competências valorizam ainda mais a sua contribuição individual para o processo como um todo e para o sucesso do grupo.

A conquista ou distinção é mérito das pessoas que estão comprometidas com o trabalho e com o resultado. O foco, a fidelização e a responsabilização são valiosos contributos para o sucesso profissional, conseguido através da aceitação da crítica e abertura para a aprendizagem, bem como a valorização de todos como parte do processo. Efetivamente, as parcerias e os trabalhos em grupo são mais valiosos que os trabalhos individuais porque há participação de mais elementos gerando sinergias.

É consensual que dinheiro suficiente e que baste é sinónimo de sucesso num sistema justo em que os recursos são remunerados de acordo com a sua produtividade, todavia, não é líquido que sucesso, entendido como dinheiro, seja sinónimo de muito trabalho na mesma ordem. Porque os sistemas não são justos nem transparentes, é normal que ocorram desvios e que essa lógica não possa ser generalizada.

O dinheiro é, em termos absolutos, um meio de pagamento, um meio de troca usado para sinalizar as transações comerciais entre diversas pessoas. O dinheiro quando bem aplicado pode criar valor, mas somente numa perspetiva de longo prazo. Assim, entende-se que o dinheiro enquanto meio de pagamento não é valor, esse dinheiro pode resultar em valor dependendo das escolhas que efetuamos hoje relativamente a aplicação desse dinheiro.

Por sua vez, o valor é um produto, um serviço, um ativo, conhecimento ou o portfolio (conjunto destes) que sendo valioso obedeça ao seguinte ciclo: tenha utilidade, exista mercado com poder de compra e que possa assegurar a sua procura e que seja um produto ambiente e moralmente sustentável. Para tal ser verdade, há necessidade de reinventar o valor de acordo com a orientação estratégica do contexto em que está inserido e descobrindo continuamente novas tendências para validar aquele ciclo. O sucesso reside em prolongar o ciclo de vida do valor ou em maximizar os benefícios resultantes da sua exploração.

O Princípio de Pareto é recorrido para, dentre outros, explicar muitas das relações produtivas em sistemas de desempenho com foco no resultado. De acordo com esta lógica, de uma forma sintética, 80% das consequências (resultados) resultam de 20% das causas (fatores produtivos). Num mundo cada vez mais desigual, existem quadros muito mais extremos onde essa desigualdade é mais acentuada.

Relativamente ao trabalho, cultura de trabalho e desempenho, observa-se que uma minoria de pessoas contribui para o grosso do sucesso coletivo, embora um grupo misto e diversificado seja incubadora de alguns líderes que levam o peso do grupo às costas e são, ainda assim, injustamente crucificados.

 

António Sendi

 

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26.6.15

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Foto: Fist – George Hodan

 

Dinheiro. Money. Um bem do qual não se fala sem se referir a sua toxicidade, a sua capacidade inata de gerar a guerra e comprar a paz.

O dinheiro tem a capacidade ambígua de atormentar e de acalmar. Aflige tentar imaginar como será o dia de amanhã, a velhice com uma reforma baixa, a haver reformas nessa altura, entristece saber de todas as coisas que não se pode ter e dar, por falta de possibilidades, e angústia todos os meses contar trocos e fazer esforços hercúleos para chegar ao próximo ciclo.

Como se tem amplamente falado e sentido, o fator dinheiro exerce uma ação direta no estado da nossa saúde mental. Se estivermos calmos e tranquilos estaremos de ânimo em melhor estado e mais fortes e seguros de nós, do que mergulhados na aflição de quem tem que pagar contas sem saber como o vai fazer, ou pior, de quem tem que pagar dívidas e está prestes a perder a sua casa. E se vamos falar de lugares-comuns, então continuo. Dinheiro não traz felicidade, pois não, mas tira-nos preocupações, porque efetivamente o dinheiro não compra afetos, mas compra a solução de alguns problemas, ou não? Ah, e também não traz saúde, mas auxilia e permite-nos o acesso a melhores condições e tratamentos. Não nos iludamos quanto a isso.

O dinheiro é tão simplesmente um gerador universal de caráter e de consciência. Quantos de nós não conhecemos histórias de familiares que se viraram costas aquando da divisão de heranças, de amigos que se tornaram irremediavelmente inimigos por conta de negócios, ou de casais em que os problemas financeiros acabaram por levar à separação? A culpa atribuída ao dinheiro morre solteira? Então e o caráter, e os valores, e os sentimentos? Sim, a ganância é gerada pela febre do dinheiro, mas só se alimenta dela quem não tem caráter forte e princípios definidos. As tais famílias desavindas que menciono, só têm conflitos porque uma das partes, senão todas, não tem fundo moral, ou porque não foi educada com os pilares fundamentais do sentido de família, ou porque se fez, ao longo do seu caminho pela vida, egoísta e mesquinha. Tal como os amigos que a terem problemas por conta de dinheiro, não souberam, no fundo, ser amigos antes de tudo, não conseguiram ser companheiros e leais da forma que é esperado numa amizade. Da mesma forma, o dinheiro é, sem dúvida, uma prova de fogo para todos os casais que atravessam dificuldades financeiras, só os que têm alicerces bem fundados na base do amor e do companheirismo conseguirá lutar contra a maré, remando invariavelmente para o mesmo lado, no sentido da união e da felicidade, mesmo sem dinheiro no bolso. E existem casais assim.

E por ser um gerador de consciências, também não podemos esquecer dos princípios bons que o dinheiro pode gerar e do quanto pode ajudar, através da solidariedade, da bondade, da boa vontade e da generosidade. Também existe disso! Existem organizações e fundações com missões realmente honestas que se dedicam a ajudar quem mais precisa. É verdade, existem pessoas que têm a capacidade de partilhar o seu dinheiro com quem mais precisa porque têm a capacidade da dádiva no seu coração. Nem tudo pode ser mau, pois não? Porque embora o poder tóxico do dinheiro tenha um impacto bem maior, há que louvar o lado mais humano do dinheiro. Ou seja, trocando por miúdos, há pessoas más e pessoas boas.

Não é o poder que o dinheiro tem sobre a humanidade que assusta, mas sim a inércia, a ganância e a falta de caráter que o Homem pode ter.

Talvez um dos exercícios que se imponha, para combater o efeito prejudicial que tem sobre nós, seja o de ver o que de melhor temos e nos permitirmos estar gratos por isso, porque nesse conjunto de coisas boas, não vão ser casas, carros ou propriedades que vão ter maior destaque, mas sim pessoas e afetos.

 

Ana Martins

 

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24.6.15

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Na antiga Roma surgiu um deus chamado Janus.

Estamos a falar do deus do passado e do futuro. Das portas e portões. Das mudanças e transições, incluindo a passagem da vida primitiva para a civilização. Da guerra e da paz. Das entradas e das saídas. Das trocas comerciais e do intercâmbio. De acordo com o mito, Janus foi o primeiro a cunhar moeda.

Este deus simbolizava frequentemente a mudança de um estado para outro, de uma visão para outra. Era invocado no início das plantações e das colheitas, dos casamentos, da morte. Diz-se que, muito provavelmente, era o deus mais importante do panteão romano. Era aliás a ele que se devia prestar vassalagem se se pretendia chegar a outras divindades. Era Janus que permitia o acesso, ou não. Janus era a força primordial que deu forma ao universo.

Janus tinha, muito apropriadamente, duas faces, viradas em direções opostas. Era tão importante que do seu nome surgiu Janeiro, o primeiro mês do ano.

Penso muitas vezes nesta sociedade bipolar, às vezes esquizofrénica, em que vivemos. Atualmente Janus continua omnipresente. Quando crescemos, quando recebemos a correspondência, quando casamos, quando “subimos” ou “descemos” na vida. Quando as pessoas à nossa volta nos atribuem um “valor”. É ele a definir quem somos e a nossa importância no mundo. É a ele que adoramos constantemente, em quem pensamos a toda a hora. Quando se ausenta, angustiamo-nos. Sabemos, ou pelo menos estamos convencidos, que não podemos viver sem ele. É para ele que trabalhamos, é a ele que nos submetemos.

Sem Janus, o mundo seria pois uma massa amorfa e estagnada.

Hoje em dia, Janus chama-se Dinheiro.

E, curiosamente, os gregos não tinham nenhum deus que lhe fosse equivalente.

 

Laura Palmer

 

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22.6.15

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Foto: Breadline - Peter Griffin

 

O dinheiro é um mal necessário. Nunca tive muito e sempre estive habituada à austeridade. Palavra que já nem conseguimos ouvir de tanto que nos entra pelos ouvidos dentro! Os meus pais sempre foram austeros, às vezes até de mais, e nunca fui habituada a ter muitas coisas – apenas as necessárias, pois tudo o resto era luxo! Então sempre fui muito poupada e durante muito tempo levei uma vida de monge, o que me permitiu ter umas consideráveis economias de parte. Ora tendo algum dinheiro de parte, por vezes gastava-o em coisas para mim, coisas de que gostava e, de cada vez que comprava algo que seria considerado mais caro, não o fazia sem um enorme sentimento de culpa. A certa altura apercebi-me de que não valia a pena ter dinheiro para gastar se gastá-lo me fazia sentir mal. Então fui aprendendo que não há mal nenhum em comprar coisas, mesmo que pareçam inúteis ou repetidas. Se gostamos e nos fazem sentir bem, então o dinheiro serve para isso. Não vamos andar só a trabalhar para pagar contas e para as obrigações. O dinheiro também tem de nos proporcionar algum prazer.

Durante muito tempo a minha prioridade era ter tempo. Ter tempo para estar com os amigos, com a família, poder fazer algo de que gostava sem peso na consciência de estar a negligenciar o trabalho. Arranjava emprego e não procurava muito mais, porque com aquele já ganhava o suficiente para me manter e ainda assim ter tempo para os outros. Todos os anos mudava de escola e tinha um horário novo, maior ou menor conforme o ano, mas conseguia sempre ter o bastante para mim. Mas o bastante era isso mesmo – não mais nem menos, mas o suficiente. E então tinha tempo, muito tempo, mas os meus amigos e a minha família estavam todos ocupados a trabalhar e não tinham eles tempo para mim. A certa altura apercebi-me de que não valia a pena ter tempo se aquilo com o que queria preencher o tempo não estava disponível.

Depois, como todos trabalhavam muito, tinham mais dinheiro do que eu e, portanto, quando tinham eles tempo para mim não tinha eu dinheiro para estar com eles e fazer o que eles queriam fazer. Estava sempre limitada e à parte. E sentia-me infeliz.

Este ano tive um horário pequeno e ocupei todo o meu tempo com muitas outras coisas. Vou fazer como eles e ocupar-me para ganhar mais dinheiro e poder fazer com eles o que eles fazem. Não tinha tempo para nada, andava sempre de um lado para o outro. Ganhava mais do que nos outros anos, mas não muito, porque agora trabalha-se mais e ganha-se menos! Não tinha tempo para nada e raramente estava disponível. E sentia-me infeliz, porque não ter tempo e andar sempre sob pressão com horários loucos não me dava qualquer prazer, pelo contrário, acrescentava-me stress e insatisfação constantes. A certa altura apercebi-me de que ocupei o meu tempo, trabalhei mais e continuei a ganhar o suficiente. Tinha o mesmo dinheiro mas menos tempo e era mais infeliz.

Já estou farta disto! Estou farta de estar sempre à rasca, sempre à justa, sempre no limbo de pagar ou não pagar, de conseguir ou não conseguir. Corto aqui e corto acolá, mas nunca corto o suficiente! A vida não tem de ser isto, trabalhar para pagar contas. Ser escravo do dinheiro! Revolta-me cada vez mais este sistema de coisas! Odeio cada vez mais esta ditadura do dinheiro! Não me identifico com nada do que está vigente, mas não sei onde escontro o meu ninho. Angustia-me não ter ainda encontrado um lugar onde não preciso do dinheiro para nada, posso apenas dar de mim aos outros, criar, contribuir e não ter de me preocupar a ganhar dinheiro para me manter ou para ter coisas. Mas acho que esse lugar não existe!

Portanto, o dinheiro é um mal, algo de nefasto, mas é preciso. Necessitamos dele para nos mexermos no mundo. O dinheiro move o mundo, mas não me move a mim, e enquanto não encontrar uma sincronia, o dinheiro vai continuar a revoltar-me e a desesperar-me. Sem descontos.

 

Patrícia Leitão

 

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19.6.15

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Foto: Cartão de crédito – Petr Kratochvil

 

O dinheiro, no geral, deve ser a maior motivação do ser humano. E a maior prisão. Regula, controla, esmaga, mata.

O dinheiro, no geral, deve ser a maior motivação do ser humano. E a maior liberdade. Faz crescer, afirma, liberta, dá vida.

Está presente em todos os aspetos da nossa vivência e da nossa sobrevivência. É culinária: “Nunca metas os ovos todos no mesmo cesto”, informação de pais para filhos: “Poupa para a velhice” e lema de negócio: “Só se fia a pessoas de 90 anos quando acompanhadas pelos seus pais”. É o “mal do mundo” e “o principal motivo de discussão entre casais”. É termo de atos, pactos, guerras e manifestações. É novo vocabulário para o povo. Troika, BES e FMI... Enfim... Dá-nos de tudo, de Rendeiros a sucateiros e novelas à porta de prisões. Ninguém escapa ao seu encanto, por muito alta que seja a posição.

Eu, diariamente, lido profissionalmente com a outra face. Ou a falta dela neste caso, dado que a sua existência implicaria a existência da moeda completa. Desemprego, habitação social, dependências, contas de farmácia, atrasos de pagamento. Apoios sociais cortados, pensões e reformas por invalidez de escassos cento e tal Euros.

Um certo dia, um economista disse-me: “Os bancos existem para se pedir dinheiro”. Mas isso não é para todos e muito menos agora. Nos idos 2000 era mais fácil entender a coisa assim. Queres dinheiro para casa? Leva para a mobília! E porque não para o carro na mesma prestação?

Estamos agora mal. Mas já estivemos pior. Já se perderam as casas por falta de pagamento e muitas vidas por falta de casas. Suicídios... Em certa medida parecem estúpidos quando andamos de Audi e Mercedes. Quando o crédito nos paga colégios, férias e telemóveis.

Mas atenção que “eles” continuam por aí. Já não podem emprestar para as casas, para a mobília e para os carros. “Eles” também já não têm o que tinham e sabem que boa parte do que já emprestaram não vão receber. Ou recebem em paredes vazias, prontas a revender em leilões. Mas se no domingo fores incauto no shopping, lá está... para além do passeio trazes um cartão de crédito. Daqueles sem comissões. Daqueles que só pagas qualquer coisa se o ativares. Ou daqueles para os electrodomésticos, ou para os discos e livros. Afinal de contas, quem não gosta de pagar as contas em suaves prestações?

Bom... sejam felizes, ou o mais próximo disso que conseguirem. E lembrem-se da velha máxima: “O dinheiro não traz felicidade”. Grande treta. Vou almoçar.

 

Rui Duarte

 

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17.6.15

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Foto: Beach Handstands - Lucy Toner

 

O dinheiro há muito que deixou de ser um mero instrumento ao serviço das trocas comerciais. É, numa das suas maiores definições, um agente de saúde mental. Salvo raras exceções, o bem-estar económico anda de braço dado com o bem-estar psicológico. O dinheiro não é só a possibilidade de aceder a bens ou a serviços. É o poder que essa possibilidade nos confere, é a liberdade de lhes aceder. Esta forma de poder e de liberdade coaduna-se lindamente com a mais moderna expressão de saúde mental.

A educação económica começa cedo. Somos treinados para a aquisição e coleção de dinheiro para que, mais tarde, saibamos e possamos competir em sociedade. Nada contra a oferta de brinquedos e a sua exibição junto de outras crianças; nada contra o método da semanada ou da mesada desde tenra idade. Mas tudo contra a questão de fundo: uma sociedade não deveria assentar os seus alicerces na densa areia da competição. Os enredos dessa competição determinam o nosso comportamento económico e, consequentemente, limitam a qualidade da nossa saúde mental.

Imaginar uma sociedade sem dinheiro ou quaisquer outros artefactos que o substituam, ou seja, um lugar onde as trocas comerciais se façam não em nome da necessidade mas antes da boa vontade, em que a educação económica assente desde cedo na ajuda ao outro, é imaginar um mundo resguardado de nichos de poder, livre de competição e de doença mental.

A razão base da constituição das sociedades é a possibilidade de nos auxiliarmos uns aos outros pela proximidade: as minhas competências são úteis aos outros e as dos outros são-me igualmente úteis. Devo estar disponível, já que escolhi viver em sociedade, para oferecer as minhas qualidades a quem se cruze comigo e delas necessite. No entanto, dou por mim a vendê-las e a comprar as dos outros. Chegamos a uma configuração social em que as necessidades de cada um já não são o despertar de uma consciência coletiva de interajuda, mas antes uma oportunidade de negócio. E não me parece que a coisa venha a tomar outro rumo, pelo menos enquanto endeusarmos o dinheiro como o garante da nossa saúde mental.

Uma sociedade sem dinheiro teria que retirar melhor partido dos recursos existentes, nomeadamente dos recursos humanos que gravitassem nela. Teria que providenciar pela sustentabilidade das sociedades circunvizinhas. Teria que cuidar mais e melhor dos seus. Aboliria as classes sociais, as diferenças de poder e a ganância. Uma sociedade sem dinheiro trabalharia inteira e determinadamente para o mesmo fim: para o fortalecimento dos laços entre as pessoas.

Mas não, calcorreamos caminhos cada vez mais intrincados para a conservação da individualidade e do capitalismo. O dinheiro parece exercer um fascínio hipnótico nas pessoas: encontram-se novos métodos para desenterrar dinheiro e, ao mesmo tempo, novas fórmulas para separar o lorpa do seu pecúlio. Sim, porque o sistema mantém-se à conta do máximo lucro, não do estritamente necessário.

Quase toda a história da humanidade contempla a existência de dinheiro. Mal largámos as barbatanas, institucionalizámos de imediato a prostituição e o dinheiro. E daí até hoje, pouco ou nada evoluímos.

Não pretendo fazer aqui qualquer apologia à anarquia ou ao comunismo: quero apenas lembrar que a sociedade compõe-se de pessoas, pessoas pensantes que fazem escolhas e que essas escolhas não têm necessariamente que andar ao sabor de objetivos economicistas. Para o bem da conservação do planeta, das sociedades e da saúde mental das pessoas, reflitamos sobre a importância do dinheiro e do lugar que queremos habitar daqui em diante. Procuremos a felicidade no sítio certo.

 

Joel Cunha

 

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15.6.15

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Foto: Máscaras e Livros – Talia Felix

 

Sonhos, motivações, aspirações, desejos, vontades, expectativas… O que nos move?

Há em cada um de nós uma vontade que nos impele a alcançar os nossos objetivos.

Em todos os dias da nossa vida, falamos e vivenciamos as coisas que influenciam a nossa personalidade, a essência daquilo que realmente somos. Há quem se foque essencialmente na perfeição que buscamos e na imperfeição que tanto odiamos. Mas o que realmente nos move é a incessante busca pela felicidade.

Felicidade esta encontrada no realizar dos nossos sonhos, no concretizar das nossas aspirações, no satisfazer dos nossos desejos, no contentar das nossas vontades, no atingir as nossas expetativas…

Existem vários caminhos para encontrar a dita felicidade. Para muitos, um simples gesto, um sorriso, uma palavra amiga é o suficiente. Mas para outros, só o dinheiro é capaz de a trazer. É muito comum associar o dinheiro à felicidade, àquilo que podemos ter com um simples punhado de notas no bolso, com um simples “papel” que nos abre portas a mundos cuja entrada é proibida caso o dinheiro não exista.

Mas será mesmo o dinheiro a resposta para aquilo que nos traz felicidade? Será o dinheiro capaz de permitir que mais facilmente se alcancem os objetivos e metas da nossa vida?

É verdade que o dinheiro é um atalho para alcançar inúmeras metas… simplifica caminhos e viabiliza experiências únicas. Mas será o dinheiro capaz de comprar as coisas mais básicas da nossa vida?

Com dinheiro pode comprar-se uma casa… mas não um lar! Com dinheiro pode comprar-se um livro… mas não o conhecimento! Com dinheiro pode comprar-se um relógio… mas não o tempo! Com dinheiro pode comprar-se pessoas… mas não amigos! Com dinheiro pode comprar-se um novo sorriso… mas não a felicidade!

Cada um de nós tem nas suas mãos o poder para decifrar aquilo que o move e que lhe traz felicidade. Se o que nos move é o papel… que seja o papel que desempenhamos no teatro da vida…

 

P. Melo

 

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12.6.15

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Foto: Pink Piggy Bank – George Hodan

 

Dinheiro, cifrão, vil metal. O diabo, a perdição, a bolsa de oxigénio ou tranquilidade financeira. Ganância ou medo. Perder ou ganhar.

Cada pessoa terá uma vivência muito particular em relação ao dinheiro. O que é que tu pensas sobre dinheiro? O que pensas sobre ter ou não dinheiro? O que sentes quando pensas em dinheiro? Qual a reação do teu corpo quando pensas em dinheiro? Certamente a tua resposta difere consoante a experiência que estejas a ter no momento com essa tão importante energia. Se estiveres a receber uma bela quantia, talvez te sintas feliz, satisfeito e seguro. Se gastares o pouco que possas ter, talvez te sentiras ansioso, preocupado ou magoado. Isto significa que a experiência de lidar com dinheiro é muito emocional e, por isso, pessoal, pois a maior parte das pessoas não é racional quando lida com questões financeiras e essa é uma vivência que mexe profundamente com as emoções. Se me roubam, vivencio uma emoção muito forte, negativa, pois sinto-me traída, invadida, abusada. Se ajudo financeiramente alguém, uma causa ou instituição, experimento emoções muito positivas, porque estou a contribuir para um mundo melhor ou estou a ajudar a aliviar o sofrimento, sinto-me uma pessoa bondosa e fico, assim, com uma boa autoestima. Mas, em abono da verdade, o dinheiro é neutro. Ele não é nem bom, nem mau. Portanto, a relação que estabeleço com ele é uma fonte riquíssima de informação pessoal, ajudando a construir uma identidade mais real de quem, de facto, sou. Sou confiante? Sou insegura? O valor que atribuo a mim mesma é proporcional ao meu saldo bancário? Alimento autoculpa, pois acho que, por algum motivo, não sou merecedora da vida equilibrada e feliz que o bem-estar financeiro proporciona? Tenho coragem para utilizar as minhas forças de modo a criar mais valor no mundo, inclusive financeiro? Faço, profissionalmente, aquilo que me realiza e faz feliz? Sou madura emocionalmente ao lidar com diferentes pessoas e desafios? A minha relação com o dinheiro é saudável? Sei dar, mas sei, igualmente, receber? Sou obcecada ou vivo preocupada, aprisionando-me cada vez mais numa miríade de emoções e pensamentos desgastantes, quer tenha muito, quer tenha pouco? E, por último, vejo a importância de construir a independência financeira, que dar-me-á liberdade mas, sobretudo, apaziguamento mental e emocional, responsabilizando-me, totalmente, pelo meu futuro?

Não sejamos franciscanos nesta matéria, pois o dinheiro permite-nos ampliar os nossos recursos culturais e desenvolver variadas competências importantes no nosso caminho para uma maior autonomia, e também para trazermos mais prosperidade à vida de outros.

Nem todos os preços que pagamos, valem a pena. Alguns até prejudicarão mais a nós e aos outros do que beneficiarão, se não prestarmos atenção e refletirmos com muita sapiência sobre as consequências futuras que implicarão as nossas decisões.

Mas a conquista da autossuficência, autonomia, liberdade e tranquilidade não tem preço. Custe o que custar.

 

Marta Silva

 

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10.6.15

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Foto: Dog – Lora Kirchner

 

Já fui pobre, tremendamente desgraçado; já fui rico, estupidamente excêntrico. Já tive tanta fome, uma vontade tão diabólica, que me passou tudo pela cabeça, até fazer mal a alguém. Já experimentei os pratos mais exóticos e mais refinados, cheguei a vomitar por excesso de comida. Já sofri dores crónicas por não ter um tostão para me tratar, tremi com febre debaixo de chuva; já me deixei operar, por pura vaidade, achando enganar a morte e a velhice. Já tive frio, dormi na rua, tremi em cada segundo do tempo, achando que não podia fechar os olhos com medo de não voltar a acordar. Já tive quem me preparasse o banho, a roupa, a alcova, num cenário em que, frio, nem como nome de cocktail era usado.

Já fui pelintra. Já fui nobre. Já fui um pelintra nobre e um nobre sem honra. Já chorei por não ter, outras vezes por ter demais. Já ri de satisfação por encontrar uma costeleta podre no contentor e aquilo me saber à melhor coisa do mundo. Já senti a mesma alegria por ver o sol nascer nos Himalaias.

Odeio a falta de dinheiro tanto como aprendi a odiar o seu excesso. Nunca tive amigos, a não ser o Teófilo. Conheci-o quando vivia na rua, numa noite gelada de inverno, abandonado para morrer depois de ter sido atropelado. Eu salvei-o e ele salvou-me a mim. Nunca mais nos separamos. É a única criatura no mundo que gosta de mim tal e qual como sou. Quando a minha vida mudou, para ele nada se alterou. Tudo o que lhe importa, genuinamente, é a minha companhia e poder dormir enroscado nas minhas pernas; seja numa caixa de cartão, num beco manhoso, seja aqui, nesta cama king size que partilhamos.

Não confio em ninguém, não posso baixar a guarda, a não ser com o Teófilo. Tive três mulheres que nunca o suportaram mas, corriam tanto atrás do meu dinheiro, que me davam muito tempo de qualidade com o “feioso”, como gentilmente lhe chamavam. A única razão por que ele correria atrás de uma nota era se eu a amassasse, fizesse uma bola e o chamasse para brincar. Não conheci lealdade no Homem e, à medida que fui tendo mais e mais dinheiro, tornei-me ainda mais incrédulo e azedo. Cada vez mais só, prisioneiro numa jaula dourada à qual só o Teófilo teve sempre livre acesso.

Apesar da vida financeiramente despreocupada, de não conhecer limites aos meus sonhos e poder ter tudo aquilo que desejar, todo o dinheiro que possuo não impediu que o Teófilo morresse hoje nos meus braços, perante o olhar desanimado do médico que não se deixou subornar, na minha ridícula tentativa de resgate à morte. Dinheiro nenhum os demoveu e a morte levou o companheiro da minha vida, arrancou-mo dos braços sem piedade. Hoje senti-me paupérrimo. Mais pobre do quando vivia na caixa de cartão, com um cobertor que tresandava e o corpo mordido pelas pulgas. Hoje senti-me, pela primeira vez, realmente miserável: cheio de dinheiro e incapaz de salvar o único ser que deu sentido à minha existência.

Abomino o dinheiro e a pobreza que me trouxe mas já não tenho idade nem saúde para largar tudo e voltar à rua. Não sem o Teófilo. Vou ficar aqui, nesta gaiola em que me prestam vassalagem, até chegar o meu dia. Já não tenho qualquer motivo para me preocupar. De hoje em diante, resta-me apenas aguardar o momento em que verei a morte pela segunda vez. Quero abraçar o meu companheiro no final da travessia. É tudo o que importa.

 

Alexandra Vaz

 

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8.6.15

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Foto: Reading Girl – Kathrym Bennett

 

Já agradeceu hoje por tudo o que tem e que milhões de pessoas não têm?

Já agradeceu o ar que respira? Pois se respira ainda está ligado ao invisível fio da vida.

Já agradeceu pelos olhos que lêem este texto?

Pela paz que reina neste país permitindo que passeie na sua rua sem uma bomba por companhia?

Já agradeceu pelo meio de transporte que o leva até ao seu destino e que o protege do frio ou do calor?

Já agradeceu pelos alimentos que ingere? Pela água que consome?

Já agradeceu o facto de alguém neste planeta gostar de si de verdade? Porque há sempre alguém que gosta de nós de verdade.

Já agradeceu pelo dom da vida? É que milhões de pessoas lutam neste momento por mais um tempinho de existência…

O maior bem da vida não é o dinheiro! Não existe dinheiro que pague mais uma inspiração.

O tempo… talvez o tempo seja o nosso bem mais valioso, pois permite a transformação, a aceitação, a possibilidade que transmutar o que hoje é desafiante para algo estimulante.

Talvez sejamos muito ricos… porque ainda temos tempo…

 

Sara Almeida

 

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5.6.15

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Foto: Atrás de dinheiro – Petr Kratochvil

 

Dinheiro, carcanhol, pilim… São várias as designações desse motor de uma sociedade (cada vez mais) capitalista. É a nossa moeda de troca e, às vezes, até de crenças: pensamos, irremediavelmente, que nos salvará a vida. Mas quando em excesso, algo se perde… algo de humano. Perde-se a (pouca?) humanidade que ainda nos resta. As pessoas mais ricas acabam por se fazer valer da sua influência financeira para ocultar todo o tipo de perversidades, sejam elas morais, sociais económicas, políticas… O dinheiro anda sempre de mãos dadas com o poder político. Há, inclusive, estudos demonstrativos de que quanto maior a riqueza, valores como a compaixão, bondade e empatia vão diminuindo. A vaidade toma-lhes o lugar. Quem pouco tem, arranja maneira de encher mais os bolsos; quem já tem muito, quer sempre mais. Torna-se um ciclo vicioso (queremos viver nele?!).

Não posso ser hipócrita: traz felicidade? Não sei… Mas ajuda em muita coisa. Quem não gosta de ter um sítio para morar e o que comer? Chegar ao fim do mês e saber que tem como fazer face às despesas? Seria utópico viver no mundo onde este não existisse… se não fosse esta a moeda de troca seria outra, com certeza, baseada (quase) nos mesmos princípios. Pensar que chega fazer o que gostamos, não é suficiente… É bom e motivador ser recompensado pelo trabalho, por aquilo a que damos o litro todos os dias. Dadas as circunstâncias, hoje em dia, nem sempre é assim… e a sensação de frustração cresce. Ter o suficiente para começar a ser independente, para não voltar todos os dias ao quarto da filha-família, à casa que não é nossa, conseguir desenvencilharmo-nos sozinhos… sem incomodar os pais, não depender deles até sabe-se lá quando…

Mas é também necessário que não nos tolde os sentidos, que o dinheiro – ou melhor o poder que vem associado ao dinheiro – não nos suba à cabeça, não nos torne prisioneiros dele. Para todos os efeitos não somos somente números (ou não deveríamos), somos gente! E é preciso não esquecer a humanidade que ainda resta em cada um, num todo que ainda acredito existir…

 

Sandra Sousa

 

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3.6.15

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Foto: River – Charles Rondeau

 

Nos dias que correm, escrever sobre dinheiro torna-se algo complicado: que o dinheiro não é o mais importante já todos ouviram muitas vezes, mas quem se debate pela falta dele, com custo, a cada dia, frisará arduamente que tais palavras são bonitas mas que a vida é cruel e que a realidade é dura. É um tema delicado.

Todos sabemos que é importante contar, planear minimamente; lançar um olhar ao futuro para precaver o que venha. Não gastar mais do que se tem, etc., etc. – mas então e quando o que se tem parece não ser, de todo, suficiente?

Nesta confusão de mundo em que vivemos, que, aparentemente, roda em volta de dinheiro a cada dia, sinto agora não saber nada sobre o tema, não ter absolutamente nada para dizer.

Enfim – obviamente que não tenho soluções, mas tenho uma perspetiva. O dinheiro é uma forma de troca; uma materialização de energia. Como energia que é, deve apenas fluir – muito ou pouco, enquanto for e vier e fluir com desapego, manter-se-á algum tipo de equilíbrio.

Parece-me inútil discutir necessidades de cuidado, ou moderação a ter com o dinheiro. O que acredito, independentemente disso, é que é bom olhá-lo com alguma calma e confiança. É saudável. O dinheiro é uma materialização de energia; vai fluindo, como um rio. Que flua, então, a seu ritmo – com calma, com confiança; e nós estaremos cá procurando que a água não evapore e que o rio continue sempre, sob o sol, a correr no seu curso.

 

Isabel Pinto

 

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1.6.15

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Foto: Oldtimer und sexy frau – Gerhard Lipold

 

Começo por levantar-me respeitosamente e fazer uma ligeira curva com o tronco, baixando a cabeça, num sinal de reverência: vamos falar de dinheiro e o respeitinho é muito bonito.

Francamente, receio não ter suficiente perspetiva histórica para poder fazer comparações, dizendo, talvez, que atravessamos tempos em que o dinheiro ordena. Atravessamos?! As travessias, penso que hão de ter um princípio e um fim; aqui o princípio, poderemos localizá-lo aquando da conceção e criação do dinheiro ou o constante alastrar da sua utilização pelas diversas (todas?) civilizações, contribuindo até para a sua progressiva uniformização planetária. Mas, e o fim? Pois é, não se vislumbra... Quanto muito o dinheiro poderá tender para acabar enquanto matéria, no entanto com a sua progressiva desmaterialização, mais presente e mais importante e determinante se vai tornando para nós.

Quem é rico? O que é ser rico? Quem é importante? Com que meios se viaja para longe ou por períodos prolongados? De avião ou de barco, não é? E como é que se consegue espaço para as pernas ou cabine com escotilha e vistas para o exterior? Foi, pacientemente, respondendo dinheiro? Parabéns!

Voltando à questão da travessia, lembram-se? De facto, não, isto não me parece uma fase, o dinheiro está para durar (dizer que está também para lavar não deixa de ser uma tentação), alastra para todo o lado e é cada vez mais a medida de todas as coisas. Portanto não terá fim, teve o seu big-bang e depois não parou de se expandir.

Para terminar, que tempo é dinheiro, e respigando para aqui outro assunto também, digo eu, muito importante e presença perene nas nossas vidas: o dinheiro até empresta às pessoas aquilo a que os ingleses chamam de sex appeal (ou, olhando para a outra face da moeda, subtrai, quando escasso, ausente)!

Aqui ficaram os meus €0,05 sobre o assunto...

 

Jorge Saraiva

 

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