30.6.14

Damas em Giverny, Washington Maguetas

 

O encontro das duas acontece todos os dias, todos sem exceção, sempre no mesmo lugar, sempre à mesma hora, sempre com a mesma duração, um ritual eterno que ninguém sabe como começou, nem porque acontece, nem se algum dia terminará. Talvez termine quando já não houver mais pessoas, quando não houver mais mundo. Mas para já é assim. Durante o encontro as duas irmãs, que são inseparáveis, demandam uma da outra, contam pequenos episódios que as tocaram por uma qualquer razão, apoiam-se uma à outra. E depois partem, cada uma para a sua tarefa, imperturbáveis, incansáveis, eternamente laboriosas.

No encontro daquele dia, Vida chegou primeiro. Aproveitou a espera pela irmã e sentou-se um pouco, a descansar. Quando Morte chegou a irmã olhou-a e viu-a cansada e triste. Morte por vezes ficava assim, com o coração tão cheio de tristeza que só lhe apetecia morrer. Mas a morte estava-lhe interdita. Era nesses momentos que Morte invejava os homens e as mulheres, pois estes podem morrer, aliás morrem mesmo.

- Que tens? Que aconteceu? – perguntou Vida, sem se levantar. Morte sentou-se ao seu lado.

- O mesmo de sempre, cada vez mais. – e com isto Morte deixou cair a cabeça para a frente. Vida pousou a mão na cabeça da irmã gémea, acarinhou-a e perguntou:

- Continuas a sentir-te ignorada!...

- Ignorada, esquecida, indesejada, detestada. – confirmou Morte. E continuou:

- O que os homens e as mulheres inventam, o que eles fazem para não pensarem em mim, para não se prepararem para a minha chegada, para a minha presença.

Ficou apenas o silêncio e a mão esquerda de Vida a afagar os cabelos de Morte com compreensão e com ternura. Alguns minutos depois, poucos, pois estes encontros são sempre muito breves, Morte disse:

- Preparam-se para tanta coisa durante as suas vidas, mas nunca se preparam para me receber, para conviverem comigo. Sabem que eu ando sempre por aqui, que faço parte da vida deles, mas desprezam-me. E depois, quando eu chego, quando eu estou por perto, ficam surpresos, entram em choque, tentam fugir – como se fosse possível fugir de nós duas.

Vida suspirou, um tanto entristecida pela sina de sua irmã. Sabia que Morte tinha razão, que as pessoas a ignoram ostensivamente – observava-o permanentemente e era injusto. Mas, paradoxalmente, não ignoravam Morte para se entregarem completamente a Vida. Antigamente não era tanto assim. Antigamente as pessoas ligavam-se mais a Vida e sabiam estar com Morte, ao pé dela, a conviverem com ela. Agora não são tão chegadas a Vida, e desprezam Morte. Vida também tinha os seus momentos de tristeza, quando a sua consciência era ferida pela distância das pessoas. Mas hoje estava serena e bem-disposta. Ainda bem que assim era para poder aconchegar a irmã. Morte continuou:

- E o que sofrem com isso!... O medo, a ansiedade de que padecem. Hoje em dia, algumas pessoas estão incapazes de lidar com uma perda, com alguém que eu tenha de retirar de junto delas. Revelam uma incompreensão total sobre o mecanismo essencial da sua vida, sobre a nossa existência, sobre o nosso papel. Fico com o coração despedaçado por os ver assim sofrer. O sofrimento existe e anda por aqui para ser experimentado, mas este sofrimento, assim, resulta da incompreensão, da não-aceitação, da fuga, da não preparação. As pessoas deveriam simplificar, voltar ao que é essencial, perceber a vida e a morte, aceitar, viver plenamente. Deveriam preparar-se, Vida, deveriam preparar-se, para lidar bem contigo e para lidar bem comigo.

Vida sorriu. Sempre achou a sua irmã gémea um tanto idealista. Parou de aconchegar os cabelos da irmã. Tocou-lhe no ombro com carinho e disse-lhe baixinho:

- Vamos lá, mana, as pessoas precisam de nós. E prometo que um dia destes, deixo que troques comigo.

Riram com malandrice. Levantaram-se, abraçaram-se, e partiram, cada uma para seu lado.

 

Fernando Couto

 

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27.6.14

 

O nascimento de um filho é uma experiência única. Nesta, os pais são confrontados com sentimentos novos e contraditórios, tais como curiosidade, ansiedade, alegria, medo, etc.. Lidar com nascimento do filho “perfeito” não se apresenta como problema. Contudo, quando o filho nasce com deficiência ou malformação, assiste-se a uma dura prova para os pais, bem como a uma ameaça às suas crenças e expetativas sobre o bebé que fantasiavam e idealizavam. Ora, nesta fase primordial da idealização assiste-se à projeção parental durante a gestação da criança bonita e perfeita. Geram-se expetativas do futuro próximo e distante (gratificações e recompensas que vão obter), e o futuro lugar da criança na família é regulado por essas expetativas. Nesta fase inicia-se também a Pré-história da vinculação (Brazelton & Cramer, 1989), e é no processo vinculativo que se começam as organizar as qualidades relacionais fundamentais para a vida da criança.

De referir que a idealização não se estrutura apenas de coisas boas e positivas dado que se observam ansiedade, preocupações, angústias, receios, medos e fantasmas.

E quando há notícia da criança “imperfeita”? Bom, o seu impacto é violento, imprevisível (criança idealizada vs. criança real) e depende de mecanismos psicológicos e do ajustamento pessoal à forma como a notícia / diagnóstico é dada (Coutinho, 1997, in Brandão, 1999). Esse primeiro impacto parece condicionar, a longo prazo, as atitudes parentais e a capacidade de aceitação como referem os estudos de Cunningham, Morgan e McGuken (1984, in Brandão 1999).

Ele varia igualmente em função da relação familiar, ou seja: a mãe apresenta maiores níveis de stress; O pai aumenta níveis de stress e utiliza mais frequentemente estratégias de fuga e evitamento; Impacto positivo nos irmãos que desenvolvem competências sociais (Meyer e Vadasy, 1994, in Pereira, 1996); Duplo desgosto nos avós, pelo neto e pelos filhos (Fewell, 1986, in Craveirinha, 2003).

O que implica então um diagnóstico desta ordem? A aceitação de um filho com deficiência exige uma reorganização dos valores e objetivos da família (Amiralian, 1986), não sendo transitória e prolongando-se no tempo.

Verificam-se ainda alterações no casal, dado que aumentam o número de tarefas a realizar (Beckmam-bell, 1980, in Pereira, 1996), assim como potencialmente as situações de conflito. Contudo, em determinados casos, esta necessidade de partilha fortalece o casal. O conflito no casal pode advir dos cuidados diários da criança, das responsabilidades económicas acrescidas, da dificuldade nos acesso aos serviços de apoio e da fadiga e ausência de tempos livres e de lazer (Gupta & Singhal, 2004).

O que encontramos como exemplos de adaptação? Uma vida mais significativa e enriquecida; existência de sentimentos positivos e a consciência de um profundo crescimento pessoal, contribuição para a coesão familiar e a qualidade de vida dos membros da família. Saliente-se que existem variáveis a ter em conta na adaptação:

>  O efeito da deficiência na família depende do tipo da mesma

>  Se a evolução da deficiência é progressiva ou estacionária

>  Se é uma deficiência com final trágico e irreversível

>  Grau e tipo de incapacidade que produz

>  O significado que cada família atribui à deficiência

>  O nível sociocultural da família e de cada pessoa

>  Personalidade e capacidade de adaptação de cada um

>  As experiências pessoais vividas

>  Desequilíbrios familiares preexistentes

>  Não reconhecimento do diagnóstico ou necessidades da criança

>  Famílias com escassas ou nulas redes de apoio

 

Ok... e agora pergunta-se: O que tem a ver a deficiência com o luto?

Os pais da criança deficiente atravessam um período de luto, associado à perda do “filho idealizado” (Correia e Serrano, 1997). Na verdade definem-se mais ou menos as mesmas fases por que passam as pessoas quando perdem algo de muito significativo (O’hara e Levy, 1984, in Correia e Serrano, 1997), mas este luto não segue uma ordem lógica de fases específicas, podendo contudo ser diferenciadas. Aqui ficam elas:

Choque – confusão e desorganização;

Negação – esta é uma estratégia de coping temporária. Alguns pais procuram outro diagnóstico que seja mais favorável. Estado de incredulidade. É o tempo necessário para desgastar o impacto inicial do sonho quebrado, para descobrir as forças internas, para confrontar a realidade e para encontrar os recursos para tratar a crise;

Raiva – Os pais procuram a causa da deficiência. Sentimentos de culpa, depressão, ansiedade, solidão, medo e hostilidade. Afastamento dos contactos sociais e das suas rotinas. Ao contrário dos outros estados do sentimento de luto, a raiva é dirigida para alguém ou algo. Quem (ou quê) é o objeto da raiva parental?;

Tristeza – Pode acontecer associada à depressão. A tristeza mais ou menos profunda pode permanecer durante bastante tempo, coexistindo com outros sentimentos;

Reorganização – Nesta fase aparece a esperança;

Adaptação – Entram na fase de aceitação da criança com deficiência. Procuram fazer algo para ir ao encontro das necessidades especiais desse elemento da família e integrá-lo definitivamente como o ser único que é.

 

Rui Duarte

 

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25.6.14

 

Quando tinha 33 anos a minha irmã morreu. Tinha feito 28 anos um mês antes e ocorreu-me um pensamento sobre aquela série de pessoas importantes e famosas que morreram aos 27. Na verdade, mais uma pessoa se juntava à lista — uma pessoa importante tinha morrido, mas esta mais importante do que todas e qualquer uma.

Então aos meus 33 anos a minha vida mudou de repente. A forma como passei a ver as pessoas, os amigos, o tempo, o trabalho, até o sol e os dias de chuva mudou. Os meus sentidos mudaram, até a música ficou diferente. Já não é a mesma canção! A melodia é sempre triste mesmo que seja alegre. Estes opostos esbateram-se — a alegria tem sempre tristeza, a tristeza está sempre na alegria. Há um vazio que me acompanha e que já sabe que assim será sempre, vazio, buraco escuro, oco sem nada que o encha e ilumine. É o lugar da minha irmã, pertence-lhe, não espera que ela volte, mas também não se dará a mais ninguém.

É o lugar de onde saem as lembranças, os pensamentos, o choro, o riso, as saudades, as gargalhadas e a alegria que era dela. Saem dali, espalham-se pelo corpo, ficam a circular no sangue, nas células, na respiração, na cabeça e repousam, ainda que por breves momentos.

Todos os dias penso, lembro, sinto falta, desejo, falo, rio, choro. E luto. Todos os dias luto. Às vezes de preto, outras de coração e alma. Luto para acordar de manhã e ver a luz, o sol e a chuva e sei que aquele dia vai ser assim, mas sem ela. Luto para sair da cama e me levantar e ir lá para fora, sentir o vento, o calor ou o frio, mas não a sentirei a ela. Luto para estar com os amigos, mas estarei sem ela. Luto para ouvir as nossas músicas e ver os nossos filmes e séries que agora são só meus.

Luto para chorar o que tenho de chorar e para rir sempre que me lembro do seu riso, das suas gargalhadas e da sua alegria. Luto para que a alegria dela viva em mim. Luto para que me veja feliz. O tanto que puder ser. Luto sempre. Luto todos os dias. Luto, não acaba.

Luto, luta, lutamos. As duas. Eu aqui e ela onde estiver. Para estarmos sempre uma com a outra, para estarmos sempre juntas até que a morte nos separe. 

 

Patrícia Leitão

 

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23.6.14

 

O luto aparece associado à perda e refere-se a reações depressivas de pesar. Tradicionalmente o luto traduz-se por uma vivência normal que aparece na sequência da perda de um “objeto” amado. Entenda-se aqui objeto amado como sendo, segundo A. Fernandes da Fonseca, um familiar, amigo, animal, ou objeto de estimação, reputação, etc..

Parece ser que, como seria de esperar, perdas inesperadas e de pessoas mais próximas e significativas são mais difíceis de superar e mais dolorosas. Nestas fases o suporte de familiares e amigos é essencial. Por outro lado o isolamento da pessoa enlutada tende a dificultar a sua aceitação e passagem deste período. O sentido de injustiça parece também influenciar a forma como o luto é vivenciado e aceite. A morte de uma criança e mortes repentinas, por exemplo por acidentes, tendem a ser menos aceites e o mundo e a vida pode ser visto como injusto e nada seguro.

Bastante conhecido e divulgado, aparecem-nos os estádios definidos pela Dr.ª Elizabeth Kubler-Ross, que inicialmente os usou para descrever os diferentes estados por que uma pessoa passa quando em final de vida, perto da morte, nomeadamente doentes terminais, mas que posteriormente foi emprestado a outro tipo de perdas. Os cinco estádios do luto são a negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Não necessariamente nesta ordem, nem é condição fundamental passar por todas as fases.

Podemos estender este conceito ao fim de um período significativo de vida onde grandes mudanças podem ocorrer que implicam perdas. Por exemplo, liberdade limitada ou alterações ao nível das responsabilidades como fim da adolescência ou casamento ou, no caso de criminosos que quando culpados ficam privados do estilo de vida anterior.

O luto patológico surge quando a vivência se prolonga e se intensifica no tempo gerando reações anormais de pesar que podem surgir imediatamente após o acontecimento desencadeador ou após um período de latência. Os sintomas habitualmente do tipo depressivo podem ser: tristeza, insónia, fadiga, medos, sentimentos de culpa e ideação suicida. Podem ocorrer alterações percetivas e comportamentais como o isolamento, hostilidade e agressividade.

Todos nós teremos já experimentado o luto e todos com certeza nos identificamos com algo do que aqui foi dito. Poderemos descrever o momento, os momentos, os dias e as semanas em que nos tiraram, arrancaram uma parte de nós, um pedaço da nossa alma, da nossa alegria, da nossa história? Que sentimentos invadem o nosso espírito? Como descrever a imensa tristeza que nos assola? O que dizer da sensação de vazio e de desalento indescritíveis? Ficam as memórias, os sorrisos e as palavras trocados e todos os segundos em que nada foi dito mas o silêncio foi partilhado.

 

Ana Teixeira

 

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20.6.14

 

Parece mentira, mas não é: nascemos com a morte anunciada. A experiência da perda é dolorosa. Qualquer perda. O desapego necessário a uma vida equilibrada demanda muitas mortes em vida. Mas o luto não tem de ser sofrido, daí que há culturas em que celebram alegremente a morte de alguém. Contudo, não podemos renegar o peso milenar da tragédia da morte. Depende da história de um povo e do seu desenvolvimento espiritual a dimensão dada à morte. Mas suprimir as emoções que surgem da experiência do “fim frustrado” não permite assentar, assimilar e transmutar as memórias afetivas na relação com o objeto perdido.

A lacuna no senso de discernimento das realidades combinada com uma certa desinteligência afetiva, ou se quisermos, emocional abre espaço ao queixume, à mágoa, ao arrependimento na hora da perda. Uma negação da própria vida?

A certeza da perda, omnipresente, deveria suscitar em nós o aproveitamento máximo da oportunidade de viver.

 

Marta Silva

 

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18.6.14

 

Foi sempre inesperado, mesmo quando estava a contar. Já passei por tudo o que posso imaginar, apesar de saber que pode haver mais à espera, mais que não sei ou não quero imaginar.

Tu ficaste doente, e tu também, e em ambos os casos pareceu-nos disparatado e desadequado e achamos que, com a idade que tinham, não nos iam morrer assim. E tu, a mim pareceu-me que foi uma overdose, mas não se pode falar no assunto porque ninguém consegue sequer pôr a hipótese de que pode ter sido. E lá saíste da minha vida de um momento para o outro, ainda mais novo que os outros, e pareceu-me feio e injusto. E tu e tu, vocês já tinham “idade”, seja lá isso o que for, e percebe-se que com essa idade se calhar já estamos a contar, mesmo não querendo e mesmo sabendo que vai doer. No teu caso então, já estavas mesmo a pedir, literalmente. Porque já tinhas ficado sem tanta gente que amavas, porque já não vias sentido, porque já estavas cansada e sentias-te a ser punida por um crime qualquer.

E tu, tu eras só um periquito, e não estou a ser metafórica nem estou louca. Eras o meu periquito e pousavas na minha perna ou no meu ombro, ou ficavas preso no meu cabelo enquanto eu estudava coisas aborrecidas no quarto. E calavas-te quando eu me calava e fazias uma barulheira monumental se eu falava, se estivesse ao telefone então, nem me deixavas ouvir a minha voz.

Todos vocês estão ausentes. Às vezes sei isso, outras nem por isso. Contigo, demorei três anos a apagar o teu número de telemóvel da minha agenda, porque me parecia que te ia matar e que, enquanto o teu número estivesse ali, podias aparecer a qualquer momento. E contigo nem consegui acreditar e ainda me lembro de ti no caixão, com um ar calmo e quase feliz, como se tivesses atingido o nirvana, e se calhar atingiste mesmo. E de ti, nem me lembro de nada, como foi ou deixou de ser. Sei que sinto a tua falta. Tu, bem tu foste, e eu só soube depois. Houve decisões tomadas e nem cheguei a despedir-me, e nunca fui ver onde dizem que está o que resta de ti. Não sei o que fazer com isto, com esta despedida que não foi, e com o pressentimento que tive de que não te tornava a ver a última vez que te abracei. E tu, foste cremada. E eu só me lemro do caixão a desaparecer e de pensar como tinha sido bom para ti ir, porque querias tanto ir.

Mas vocês continuam aqui, todos.

Tu ensinaste-me a gostar de banda desenhada e a interessar-me por vinhos e a perceber do assunto. E tu, tu fizeste-me gostar de música e apetecia-me ter aprendido a tocar piano, mas não aconteceu. Mas mostrava-te os meus poemas e tu tinhas sempre coisas lindas para dizer, e eu não parei mais. Tu aí não estiveste nunca muito tempo comigo, porque as nossas vidas eram muito diferentes, mas eras bom e meigo e eu pensava que queria ser como tu quando fosse grande. E vocês as duas, tão diferentes e tão parecidas, foram modelos para mim, fortes, resistentes, determinadas, lutadoras.

E de todos vocês, ficou-me o sentido de humor… e muito amor.

Em alguns momentos, sinto muito a vossa falta, de todos juntos ou de um de cada vez. E apetece-me a vossa presença. E penso o que fariam, o que diriam, como reagiriam nos momentos que a vida nos põe à frente. E vocês lá vêm ajudar, dentro da minha cabeça.

Não sei como me despedir. Por isso, não o faço. Vocês estão todos aqui, onde eu estou. Até o estúpido do periquito.

 

Dora Cabral

 

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16.6.14

 

Um dia perguntei à minha avó materna se ela era feliz. Ela sorriu, um pouco desconfiada com a pergunta, e disse que sim, que era muito feliz. A resposta dela deixou-me perplexa. É que ela tinha perdido três (!) filhos. E na minha cabeça de 12 anos, aquilo era mais do que motivo para ela ser infeliz para sempre! Mas ela era feliz… Indaguei-a sobre a minha dúvida. Como se pode ser feliz depois de tamanhas perdas. Ela passou-me a mão pelo cabelo, encaracolou uma madeixa no dedo e disse: É o tempo! Na altura em que perdi cada um dos meus filhos, apetecia-me morrer junto com eles, não queria saber de nada nem de ninguém. Mas aquela angústia terrível que aperta o peito, vai passando, vai passando até que é possível ser de novo feliz!”.

E eu acreditei nela. E agora, que já passei por tantas perdas, inclusivamente a dela, sei que é verdade. O tempo não é um inimigo. É um aliado que ajuda a sublimar a perda em algo maior do que a própria dor.

 

Sara Almeida

 

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13.6.14

 

Deste lado do paraíso, só eu conheço a verdade. Na despedida de ti, no desprender que o tempo vai agudizando, vivo entre o que existiu, o que existe agora e o vazio que ainda preenche o lugar do futuro. Salto de lembrança em lembrança, da respiração serena à ansiedade insuportável. Do sonho ao pesadelo. Do medo ao acreditar. Fazer-te o luto significa perder-te enquanto ainda aqui estás. Significa caminhar sem ti ao meu lado mas dentro de mim. Há dias em que choro, há outros em que gostava de conseguir chorar. Há dias em que sei que a vida continua, há outros em que me apetece mandar tudo às urtigas e perder-me na minha dor. Custa passar do tudo ao quase nada. Custa ter a fasquia da alma gémea e, ainda assim, saber que é preciso sair de cena. Não me dói o que vivemos juntos, doí-me não saber o que faço com isso tudo agora. Doem-me os sonhos que ficaram pelo caminho tortuoso da minha própria ingenuidade. Crescer é uma coisa que ainda não entendi mas precisei de ti na minha vida, vê tu bem, para finalmente por a cabeça no seu devido lugar e perceber tanta coisa. Tanta energia despendida em estradas que já não me servem. Tanto sonho sem chão. Tanto chão sem segurança. Tanto amor em saldo. Tanta coisa fugaz. Tanto passado que não chega a passar. Tanto presente envenenado. Tanto futuro com a cabeça a prémio. Tanta bagagem que nunca poderei partilhar. Vou demorar muito tempo a assimilar tanta abundância, mas sei que está na altura de reorganizar desejos e prioridades. Está na altura de tirar as fraldas ao coração e limpar os óculos à alma. Está na altura de crescer, seja lá o que isso for.

Mas não quero crescer e ficar uma chata de primeira, “always by the book”. Não quero ser um daqueles seres estranhos que esquece a beleza de se deitar num jardim, fechar os olhos e ficar ali assim, em silêncio, a ouvir a relva a crescer. Não quero crescer como se estivesse a cumprir uma sentença de morte, num processo que nos arranca as memórias viscerais e espontâneas, e nos faz viver dez metros abaixo de nada. Quero crescer mas sem matar a criança em mim, a alegre inconsequente que se deslumbra genuinamente por uma cabine telefónica das antigas, um pôr-do-sol de tirar a respiração, uma gargalhada cristalina. Quero crescer e fazer o luto da ingenuidade que me rouba outros sonhos; esses sim, merecedores da minha energia vital. Preciso desesperadamente de me resgatar de mim própria e ainda não consigo. Não agora, na pior fase de todas, enquanto protagonistas, tu e eu, da nossa opereta conjugal: já nada é o que foi um dia, mas também não é ainda o que terá que ser. Andamos a brincar aos médicos, a pôr pensos rápidos em feridas abertas, enquanto nos equilibramos num limbo de emoções que não me permite chorar-nos devidamente porque já não Somos mas ainda Estamos. É isto que me mata. É isto que retarda o meu anunciado luto. Preciso que ele se instale em mim de uma vez, que consuma todas as minhas lágrimas, que enxagúe todas as minhas emoções. Preciso que me leve ao desespero, num corte cirúrgico, e não me deixe nesta agonia prolongada. Quero perceber exatamente quantos buracos isto vai deixar na minha alma. Quero contá-los um a um e quando já não doeres em mim, vou deixar a luz entrar por cada um deles e enchê-los de novas cores.

Mas agora, neste instante em que escrevo estas linhas, preciso mesmo é de te chorar. Preciso de esquecer os sonhos que nunca realizaremos juntos para poder aceitar dentro de mim que, talvez um dia, os possamos viver com outras pessoas. Preciso que o meu luto envolva a minha solidão no seu casaco e a leve consigo na saída. Tenho tantas saudades da paz absoluta em mim. Tenho tantas saudades da alma, com cicatrizes, sim, mas sem úlceras de pressão. Tenho saudades da solidão em que nunca me sinto só. Abomino esta solidão acompanhada, que dura enquanto as coisas morrem lentamente dentro de nós, mas em que não estamos verdadeiramente sós: estamos vazios. Todos os dias, perdendo mais um pouco de nós.

Um dia destes, sentada no jardim, no meio da Praça, perdida neste processo, esbarra em mim a Maria. Olha-me de cima a baixo e, do alto da sua apregoada clarividência, diz: “É que nem preciso de te perguntar nada… Incrível… Como tu estás...” Senti-me despida até ao tutano, certa de que ela tinha lido cada um dos meus pensamentos e ia agora dissertar sobre o fim do amor e o princípio de outro sonho qualquer, blá blá blá, blá blá blá. Olhou-me fixamente nos olhos. Retorqui, “Ai sim? E o que te dizem os meus olhos?”. Responde-me ela, carregadinha de certezas, e um sorriso de orelha a orelha, “Tu. Finalmente, tu! O amor! A paixão! A felicidade! É que não enganas ninguém! E sempre tão colorida! Quem anda triste e amargurado, até na roupa se adivinha. E tu… é que nem preciso do meu dom, rapariga, tu irradias felicidade!”. Incrédula, esbocei o meu melhor sorriso e suspirei de alívio. Quem era eu para a contrariar? Na verdade, poupou-me a trabalheira de uma conversa que eu ainda não quero ter.

Deste lado do paraíso, morre lentamente um sonho, todos os dias. Mas como nunca me visto de preto, ninguém imagina o peso do teu luto dentro de mim. Nem mesmo tu.

 

Alexandra Vaz

 

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11.6.14

 

Não sei bem quando vi a Morte pela primeira vez. Segundo as minhas contas terá sido a do meu Avô. A mulher dele, minha Avó, exigiu-me o preto por dias. Os meus pais não rebateram. Eu tinha dez anos.

A sensação do luto, esse sentimento ligado a uma perda, normalmente trazendo com ela dor e angústia - eternas enquanto duram - não entra na minha casa. Nunca morou em mim. Não concebo viver um luto. Sei que não é racional, é emocional; para mim é todo um corpo e uma alma a avançarem para um caminho escuro, negro, cancerígeno, até a um fim – seja qual for a vantagem ou a desvantagem desse final. Tal como uma carta com um esqueleto quando lançamos o destino dos outros, o fim não implica Morte. A Morte não implica fim. O luto pode ser limpeza. O luto deve ser limpeza. O luto deve ser respeito. O luto não é só o preto ou o branco das calças e do casaco.

Mas o luto não habita em mim. Nunca habitou. Sou das que cai das falésias e se esmaga no chão agreste de terra batida e não enluta. Sou das que ouve (quantas vezes, Vida, te ouvi a anunciares-me isso?!) “Quero preparar-te para uma notícia: ele morreu.” “Sofia, ela está morta.” Ouvi vezes sem fim a Morte nas palavras das notícias dos outros. Nunca fiz luto. Limpei cadáveres e beijei-os na cara. No dia seguinte não mais me lembrei deles.

Por vezes pergunto-me se não deveria assumir um pouco o papel da carpideira chorosa. Reconheço que me perco na minha própria (in)sensibilidade. Vou para casa pensar nela. Não sofro a perda de um familiar, de um cão, de um emprego. Sofro mais por quem não nasceu, pelo que não nasceu, por aquilo que nem ousei que se criasse. Creio que o meu maior luto será mesmo o luto pelos sonhos não cumpridos, pela estrada que não segui, pelo livro que escrevi e que esqueci na gaveta das memórias sem interesse.

Não sei se por defesa se por ciclos fechados, a verdade é que vivi sempre intensamente a Vida mas nunca a Morte do que tive e de quem tive. Um pouco como o autocarro seguinte que passa minutos depois de perder o atual. Faz-me bem pensar que sigo em frente, nariz empinado e costas direitas.

Sou quem recusa o luto: o luto da geração atual, das doenças do século, da política que escolhemos, do meu País moribundo. Sou das que abraça o luto dos outros, que limpa as lágrimas nas saudades dos amigos que precisam, sou a força da dor de quem se abale na Morte em si e no Luto seu.

Mas não enluto. Nem no meu Avô o fiz, mesmo desrespeitando veemente o que a minha Avó desejava.

Quando um dia chegar a Morte também a quero assim: nua, crua, fria. Que abracem quem de facto me amou. E que sigam o seu caminho sem mim. E sem luto. Porque nada se perde e tudo se transforma.

E a Vida é tão mais bonita que a Outra… Até a palavra é mais melodiosa. E essa sim, habita em mim com a luminosidade e força de quem move as montanhas.

Concretiza. Concretiza sempre! Concretiza em todos os projetos que avançares na tua Vida. E o luto será apenas uma palavra que, provavelmente, se transformará em Saudade.

 

E assim mesmo o digo, em honra da saudade do meu Avô.

 

Sofia Cruz

 

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9.6.14

 

O luto anda de braço dado com o apego. Enlutamo-nos, com maior ou menor severidade, sempre que perdemos alguém (ou algo) a quem (ou a que) éramos apegados. O luto é uma mescla de sentimentos pesados que emerge quando nos é subtraída uma parte significativa de nós. O apego é a pertença a alguém ou a algo. Esta pertença, quando ultrapassa o plano material e passa a revestir-se de emoção, começa a fazer parte de nós, contribuindo para o nosso bem-estar e até para a nossa identidade. Somos, para o bem e para o mal, o que temos, as pessoas que amamos (e as que odiamos), principalmente as que gravitam perto de nós, somos tudo aquilo que entra na nossa vida e na nossa história pessoal.

Tenho ouvido umas vozes convictas a defenderem e a apregoarem fórmulas "ganhadoras" de felicidade que têm o desapego na sua raiz. Se bem entendo, o desapego é a capacidade de nos desligarmos das pessoas, dos objetos, dos feitos, das aquisições e do passado sem que, contudo, ponhamos de lado aquilo que por tudo isso sentimos. É conceber o mundo e as pessoas como existentes nos seus contextos e vidas sem que façam verdadeiramente parte de nós, sem que nos pertençam. É uma espécie de libertação emocional que diminui o sofrimento quando alguém nos é arrancado por morte, divórcio, separação, perda ou desaparecimento. É, numa das melhores metáforas que li, como ter um pássaro pousado na mão, que voará a qualquer momento e nós sabemos disso e aceitamo-lo.

Este conceito parece-me válido em situações nas quais não há alternativa, como por exemplo, quando o povo tibetano começou a ser atrozmente perseguido e massacrado pela tirania imperialista chinesa de meados do século passado. Parece-me igualmente válido para quem aprecie uma boa teoria e queira para si uma vida de emoções moderadas. E julgo ser particularmente útil para todos os que procurem soluções místicas para o sofrimento.

Do meu ponto de vista, o desapego tem na sua essência uma existência contaminada pelo medo: medo de perder, de sofrer, de não controlar as emoções, de ficar dependente dos sentimentos... Como convivem os desapegados com a vida, com os prazeres da vida, com o outro lado do apego? Moderadamente, também?

A vida vai tendo, em maior ou menor grau, aqui e ali, agora ou mais tarde, estes dois lados: o prazer e o sofrimento. Um sem o outro não têm definição. Por muito que custe, o luto faz parte dela: estamos sempre sujeitos a perder alguém ou algo. E nem sempre é para dar lugar a uma reposição ou a uma melhoria. Simplesmente perdemos. Mas a vida tem também todo o outro lado, o do amor, da proximidade, da boa gargalhada, da intensidade, da entrega absoluta ao outro, voluntária, para dar e receber.

Não há fórmulas e cada um escolhe a postura que melhor lhe serve: o desapego é um conceito interessante, mas não, obrigado!

 

Joel Cunha

 

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6.6.14

 

Manifestação humana de solidariedade e indiferença face ao desaparecimento físico de alguém, próximo por consanguinidade ou por afinidade, caraterizada por um período de isolamento temporário do exercício de atividades de manifesto regozijo, devolvendo alguma serenidade e aconchego à alma da pessoa enlutada para poder libertar-se da dor da perda e assim reconstituir-se emocionalmente para dar seguimento a socialização corrente.

O estado de luto sujeita-nos necessariamente a um período deprimente, sentimento de solidão, questionamento do “eu” que naquele instante encontra-se abalado por não poder exercer a socialização como se, e não é para menos, a pessoa que partiu fosse o único ou o melhor ser na face da terra sem o qual a vida não fará mais sentido.

É uma experiência necessária, viver enlutado, momento de profunda escuridão marcada pela incerteza, que antecede a um período cinzento (nebuloso) e finalmente um período transparente de renascimento, redescoberta, esperança e luz na contínua peregrinação e crença na vida pós-morte.

Por culpa ou impunidade própria podemos azedar ou atenuar este sentimento de acordo com a estabilidade que nos ligava ao falecido, percetível, dentre outros sinais, pelo ambiente ou clima dos mais recentes encontros.

O clima social entre 2 pessoas resulta do entendimento, na concórdia ou discórdia, e do saldo do fluxo das transações emocionais. Quando o saldo é favorável o estado emocional facilmente recompõe-se e renasce a esperança de um ”até logo”, pois a ligação entre 2 pessoas tem uma dimensão transcendental forte e que ultrapassa o limite da existência física.

Haverá necessariamente uma razão substantiva para a morte de uma pessoa, e outra razão suprema associada a própria vida, apenas Ele detêm o dom da vida e da morte.

A vida é nossa como soe-se dizer, no entanto que o complexo de necessidades e desejos carnais que orientam a nossa ação, mas a alma não nos pertence. Todo o ser, desde o mais indefeso, tem a sua alma blindada por Quem a concede, protege e repara. Surge daí que a saúde de alguém tem quatro dimensões: física, psíquica, emocional e paz interior. Enquanto o aspeto físico e fisionómico é herdado dos nossos progenitores, e a personalidade é fortemente moldada pelo ambiente e contexto, a paz interior (consciência) é um “órgão” que não tendo existência física no sistema personifica a anatomia humana.

 

António Sendi

 

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4.6.14

 

Estou de luto. Possivelmente este meu luto há de terminar um dia, mas não tenho a certeza disso.

Já estou de luto há tanto tempo que já nem me lembro como é não estar de luto; mas não é por estar assim há tantos anos, desde os meus nove anos e meio, era dia de Consoada, que este passou a ser o meu estado normal.

Não. Sem ser um pensamento ou um sentimento obsessivo, sinto a falta do meu pai com frequência. Ainda não atingi a maneira de me habituar a não tê-lo entre os meus. Falta-me pelo que sei e pelo que não sei, pelo que nunca cheguei a ter.

A morte do meu pai, acrescida dos prolongados meses de doença que o impediram de fazer a sua vida normal e que fizeram com que já estivesse afastado do convívio habitual com ele desde os oito anos e qualquer coisa, por motivo dos diversos tratamentos tentados, até no estrangeiro, fazem com que me lembre pouco, demasiado pouco, como era, como foi, de estarmos juntos.

A morte dele teve influência no rumo da minha vida. Até agora. Até quando?

O que me marcou muito foi o facto de ter sido decidido que eu ainda não tinha idade para vê-lo morto ou, sequer, acompanhá-lo no funeral. Compreendo-o, percebo as razões que levaram aos meus familiares (a minha mãe não estava em condições de resolver a questão) a tomarem essa decisão, mas não aceito. Por maior que tivesse sido o meu sofrimento, eu teria querido, deveria tê-lo acompanhado até ao cemitério, nessa ocasião única. Talvez assim pudesse ter começado mais cedo e melhor o meu luto; ou talvez não, não interessa. Gostava de ter estado no funeral e não estive. E não há maneira de remediar esta falta.

A minha vida é normal, com momentos de alegria, de felicidade, felicidade extrema, assim como de tristeza e arrependimento. Nada me tirou o luto.

Posso estar enganado, mas dificilmente algo dirá exteriormente que estou de luto. Mesmo que o meu pai tenha morrido no Natal, decapitando a minha família, tal não me impede de gostar tanto desta festa que comemora a família.

O facto é que ainda não recuperei desta perda. Por baixo do meu sorriso ou gargalhada mais genuínos, estou de luto.

 

Jorge Saraiva

 

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2.6.14

 

De luto!

Nem sempre significa vestir de preto as memórias, chorar pelas recordações ou sentir as saudades de uma ausência permanente.

Esse luto que nem sempre associo ao passado, aos momentos que vivi e ao desprendimento da totalidade dessas vivências e a sua aceitação.

O conformismo, de que tudo acabou e que jamais voltará.

 

Por vezes visto-me de preto e faço o luto pelo que não terei.

Pelo que não partilharei.

O luto que tenho que fazer pelo presente e pelo futuro.

 

Fazer o luto, por momentos que vivo e nos quais não tenho a tua companhia!

Estar de luto em situações únicas, onde tu não te encontras.

Chorar pelo que tu já não conheces...

Sentir-me triste por saber apenas usar verbos no passado e nunca, nunca no presente.

Quanto mais no futuro...

 

Por te ter dito adeus e jamais voltar a dizer-te, olá!

 

Susana Cabral

 

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