30.8.13

 

A era da informação nunca foi tão atual como hoje. Se antes a informação passava de modo mais vagaroso, no que diz respeito à perspetiva global, hoje a velocidade é tal que nem conseguimos, muitas vezes, processar a globalidade da própria informação. Muitas vezes fragmentada, retalhada, porque imensa, mas necessária à sua rapidez na transmissão, a informação real reparte-se muitas vezes por perspetivas. Nem sempre com a profundidade merecida, com propósitos nem sempre transparentes. Velocidade é a ordem, não só na transmissão de informação e processamento da mesma, mas a ordem do dia-a-dia. Tempo que se escasseia entre os dedos e não permite fazer mais do que ler superficialmente, e não mais fundo. E se informação está intimamente relacionado com mensagem, conhecimento e transformação, e se cada vez mais retalhada e superficial, qual será no fundo a mensagem apreendida? Qual será no fundo o conhecimento absorvido? A transformação? Seremos apenas seres fragmentados, sem o verdadeiro conhecimento?

Se desde o nascimento somos colocados num mundo de informação, cada vez mais díspar, mais redutora, mutável, como é que tudo isso influencia na nossa própria formação?

Somos seres em formação e que dependemos da informação para a nossa própria construção. Com um acesso tão ilimitado, como nunca antes, como por exemplo nas redes sociais, com tanta mensagem, com tanta opinião, com tanta diversidade, como nos sabemos situar e identificar com tanto e por vezes, tão pouco? Como sabemos que com tanto e tanta rapidez, teremos a segurança de nos construir de forma sólida e profunda? Como saberemos que somos capazes de apreender o mais profundo da mensagem, a nossa essência, se somos habituados a processar tudo o que nos rodeia à velocidade da luz? Como descobrimos o tempo e o silêncio necessário para o fazer? Talvez esse seja o desafio da era da informação, saber fazer parar o tempo, descartar o demasiado, focar no essencial e processar a transformação que todas as ideias, conceitos, realidades nos oferecem.

Mas num mundo com tantas exigências, com tanta competição, com tanta mutação, menos dicotómico e mais esquizofrénico, será que parar no tempo, nos fará perder a carruagem, ou nos permitirá realmente estar in formação, tal qual qualquer peça em construção, como o barro, que precisa do devido tempo para assumir a sua verdadeira forma, a sua derradeira mensagem?

Realmente, Roma e Pavia não se fizeram num dia...

 

Cecília Pinto


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27.8.13

 

O que têm em comum os novos dados sobre o défice e possíveis medidas de corte da despesa subsequentes, a série O Sexo e a Cidade, a página de fãs de apoio ao casal Kelly Baron e Pedro Guedes, ex-concorrentes do Big Brother Vip, A República de Platão e a entrevista feita pela Judite de Sousa ao jovem milionário Lorenzo?

É fascinante o universo da inFormação. Temos acesso ilimitado a um manancial de informação que nos poderia fazer criar as mais imprevistas e incríveis teorias, quiçá potencialmente transformadoras da vida, em algum domínio, sem que disso tenhamos consciência. Mas nós preferimos terceirizar a responsabilidade da inFormação, com suas inevitáveis decorrências.

Influenciamos e somos influenciados. De maneiras que, novamente, talvez não tenhamos consciência. Daí que o questionamento surge indispensável: qual o valor real da inFormação? Estaremos a dispensar, ociosamente, alguma coisa, em sua essência, mais relevante e fundamental, às expensas de uma integralidade horizontal aparente com nossos pares? É mesmo necessário seguirmos um trilho de ideias lavradas por outros?

Não sei como foi convosco, mas nas escolas que frequentei não me foi ensinado a pensar, de modo que eu me sinto, mais vezes do que desejaria, uma réplica ou um clone de algo ou alguém que, democraticamente, não escolhi ser. Contudo não posso deixar de estar grata ao sistema educativo, porque me facultou o ensinamento que considero mais estruturante: aprender a desaprender. É como uma espécie de puzzle: se eu souber identificar as áreas-chave incoerentes dos sistemas inFormativos, conseguirei rearranjar as peças criando um panorama que faça sentido. E essa é, sem dúvida, uma grande competência a adquirir.

Então, lá estava eu, debatendo com um amigo, a entrevista da Judite de Sousa ao jovem milionário Lorenzo, seguindo fielmente a corrente da informação que fazia manchete, até que me dei conta que a apresentação de argumentos em torno do tema não tinha qualquer valor inFormativo.

- “A sério?! Pensas mesmo que ela estava a demonstrar inveja pelo facto de ele ser um miúdo com milhões e ela só receber 20.000 € por mês?!”

- “ Ouve lá, e aquele jornalismo demagógico do “esmaguemos os ricos e vamos dar tudo aos pobrezinhos?”

- “ Olha, a época da monarquia e sua ostentação já acabou! É preciso ter consciência social! Em grande medida, é responsabilidade da classe política a existência da pobreza mundial.”

Muito interessante, de facto.

Pára tudo!

(“É sério! Tu pensas mesmo que ela estava com inveja por não poder carregar a mesma quantidade de diamantes ao peito.”) E, assim, eu tinha caído mais uma vez numa conversa que, francamente, não tinha qualquer importância. Tanta formação, tanta informação, tanta reflexão… talvez momentaneamente desperdiçadas!

Valha-nos o Youtube com músicas fantásticas que vamos descobrindo, e excelentes documentários.

 

Marta Silva (articulista convidada)


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23.8.13

 

O modo como a sociedade está organizada e a inserção das pessoas, cada um de nós, nela, tem sofrido alterações com uma rapidez cada vez maior; pensando em termos da nossa capacidade de absorção e adaptação às modificações, essa velocidade chega a ser verdadeiramente estonteante.

Por falar em velocidade, ocorre-me aquela frase, talvez um pouco maldosa e, de certeza redutora, tantas vezes usada: “devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos”. Há uma outra frase, dirigida à população jovem estudantil atual: “respeitem os vossos pais, lembrem-se que quando eles eram estudantes não havia Google nem Wikipedia!”.

Portanto, a sociedade global tem acesso à informação global, instantaneamente, com um simples clique ou toque num qualquer ecrã tátil que passámos a ter sempre à mão. Quase com a mesma facilidade e conhecimentos, cada um de nós na sociedade global pode fornecer, partilhar, informação - correta ou incorreta, lapidada ou em bruto - opiniões, trabalhos, fotos que ficam disponíveis em (quase) qualquer ponto do globo… e mais além.

Como é que todo este volume de informação, que tem a forma de verdadeira enxurrada, pode ser, digamos, validado? Qual é o filtro que separa e permite distinguir informação “boa” de informação “falsa”, sem valor, “lixo”?

Então não é verdade que quanto mais rápido, simples, amplo e fácil o acesso às fontes ou plataformas de informação, mais bem preparados estaremos para aceder ao conhecimento?

Concluímos então, abreviando, informação e conhecimento não são a mesma coisa. Continuando a simplificar, o conhecimento é a informação filtrada e usada por um espírito crítico, que usa de critérios.

Precisamos de formação contínua – pessoal, familiar, escolar, profissional – para que o mar imenso de informação disponível seja um tempo e um espaço onde saibamos navegar, ler as cartas de marear, ter faróis que nos orientem, evitando ao máximo os riscos de naufrágio ou de atração pelo vórtice que nos pode levar fatalmente a cair pelo ralo. Rodopiando a uma velocidade estonteante.

 

Jorge Saraiva


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20.8.13

 

Certo dia, um dos discípulos de Sócrates procurou-o para o informar de algo que considerava ser importante e grave. O mestre, reparando que o seu discípulo estava muito esbaforido e entusiasmado com a revelação que estava prestes a fazer, interrompeu-o para lhe perguntar se ele já tinha passado essa informação pelos três crivos.

O discípulo, intrigado, perguntou ao mestre de que crivos falava, ao que ele respondeu:

- O primeiro crivo é o da verdade. Tens a certeza de que o que vais contar é verdade?

O homem, depois de pensar um pouco, respondeu:

- A certeza não tenho, mas se toda a gente diz é porque deve ser...

- Tens dúvidas portanto, e dúvidas não são certezas - respondeu Sócrates. O que tens para dizer não passou no crivo da verdade, mas talvez passe no segundo crivo, o da bondade. O que queres dizer, não sendo verdadeiro, é algo de bom?

O homem, respondeu que tem realmente muitas dúvidas sobre a bondade da notícia. Bem pelo contrário, o mais certo é a notícia não ser boa.

Então Sócrates respondeu:

- Se talvez não seja verdade e se de certeza não é boa, resta avaliar a informação passando-a pelo terceiro crivo: que proveito poderemos tirar dessa informação?

- Por certo, nenhum - respondeu o discípulo.

- Então, se o que queres contar não é verdadeiro, nem bom, nem útil, esqueçamos o assunto e não percamos o nosso tempo; o caso não é edificante e nada deve valer para nós.

 

Cidália Carvalho


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16.8.13

 

Nascemos, crescemos e morremos. Desde o início vivemos e em todas as fases aprendemos.

Ainda no feto, recebemos informação através do ambiente intrauterino que nos influencia a forma de ser e o nosso comportamento à nascença e nos primeiros tempos de vida. Logo após o nascimento, voltamos a receber informação que se irá juntar à informação que já tínhamos e desde cedo a nossa personalidade começa a ser talhada.

Com o desenvolvimento do corpo e da mente, a idade também avança, assim como as várias dimensões que nos irão bombardear com informação que nos faz aprender a crescer e a escolher caminhos. Esses caminhos podem incluir formações mais formais ou não. Mesmo apenas com educação informal ou não formal, a nossa formação continua.

Em todo este percurso, cada um de nós tem a tarefa mais difícil: escolher a informação que recebemos para moldar a nossa formação como pessoa e, a determinada altura para alguns, escolher também a informação que será pertinente para que os nossos educandos se formem.

Informação gera formação. Formação dá-nos mais informação. Cada um de nós escolhe a informação e a formação que acha melhor para ser formado e informado.

Esta é apenas uma visão muito cognitiva de todo o processo de formação e informação pessoal, profissional, social…

 

Sónia Abrantes


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11.8.13

 

O calendário mostrava, para quem para ele olhasse, que a década era a de 60 (do século XX). E naquele tempo não havia enganos, as férias grandes eram mesmo como o nome indicava: Grandes! Começavam mesmo no meio do mês de junho e só terminavam quando o mês de setembro partia. Eram três meses e meio bem recheados de descanso e de cansaço, de brincadeiras, de atrevimento e de aprendizagem, nas atividades de rua com os outros miúdos. Até fartar, até esquecer o conceito de escola. Os pais não queriam obsessivamente encaixar os filhos em qualquer lugar, para poderem ir tranquilamente para a sua vida; conseguiam andar tranquilos, mesmo com os filhos ao pé. As mães estavam em casa a tratar da família. Não existia o conceito de ocupação de tempos livres, pois o tempo livre não era assim como que um defeito que era necessário ocupar, mas sim uma realidade boa, para ser vivida e desfrutada por todos. E no Porto daquele tempo, as crianças encontravam-se na rua, brincavam na rua, brigavam na rua, partiam ossos na rua, aprendiam no convívio e nos desafios da rua, nos riscos da rua, a serem adultos.

E no meio de todo aquele consolo de viver umas férias imensas, intensas de despreocupação, encaixavam-se duas semanas de ida à praia, para a Foz, para o Castelo do Queijo, ou para Matosinhos. O início dessa função era, para o João, a pior parte: tinha de ir ao médico, a uma consulta, para que ele visse se o João estava em boa condição física para aguentar a ida a banhos. Estava sempre em excelente condição; para quê aquele ritual? Certamente por muita preocupação de mãe… Atestada cientificamente a sua habilitação para as brincadeiras de praia, começava o ciclo das rotinas diárias.

A praia era para ser desfrutada bem cedo, quando havia mais iodo e o sol não impedia de pisar a areia, sinal de que era hora de partir. O João nasceu com um gene que não gosta de dormir e por isso sempre lutou para nunca adormecer, ou, na prática, adormecia apenas quando o corpo já não aguentava nem mais um esforço. Por isso, levantar às 7 horas da manhã era algo que só acontecia porque a mãe o retirava da cama. Do que acontecia durante a hora seguinte, tinha apenas uma ideia, por alguma imagem que teimava em entrar-lhe no cérebro, ou de ouvir a mãe contar. Ao que parece, aconteciam nessa hora alguns atos que tinham a ver com higiene pessoal, e com vestir-se, depois era o preparar da merenda, para ser devorada ao meio da manhã, sempre com o sabor a pouco (que a brincadeira na praia sempre deu muita mais fome do que na rua), sair para a rua em direção ao Marquês para o autocarro, o 20 ou o 21, em direção à Boavista, atravessar a rotunda até junto à remise e entrar no elétrico, o 17, o 18, ou o 19, em direção ao mar. Quando entrava no elétrico, por magia, o cérebro do João ligava-se; a partir daí a sua atividade era consciente. A próxima meia hora era o melhor do dia e da sua vida. Adorava os elétricos, em especial aqueles que tinham portas de fechar e eram fechados nos extremos, como o 364, como os carros. A mãe a e a irmã do João entravam no elétrico e dirigiam-se aos lugares sentados. O João, logo que sentia o cheiro do elétrico acordava, entrava nele pela porta de trás (como era regra naquele tempo), e dirigia-se, como um raio, à plataforma da frente, para se colocar ao lado do guarda-freio. A mãe que tratasse do bilhete com o condutor… E ali, de pé no seu posto, como se fosse um guarda-freio suplente, com a aragem da manhã a acariciar-lhe a cara, sonhava conduzir todos aqueles passageiros, naquela máquina, até à praia, pela Avenida da Boavista abaixo. A sua parte preferida começava quando as linhas nos dois sentidos se chegavam uma à outra no centro da avenida, sem se tocarem, o que acontecia a partir da Fonte da Moura. Dali em diante, a viagem decorria a maior velocidade, entre as paredes laterias feitas de plátanos. Quando cruzavam um elétrico que subia no sentido contrário, por instantes bem juntinhos, lado a lado, era um êxtase. E a partir de certa altura, o elétrico era inundado pelo cheiro do mar.

Pelas 8 e meia estava a pisar a areia e a partir daí já se sabe, era o banho no mar, as brincadeiras na areia, essas coisas menos interessantes. Mas na cabeça do João estava já a expetativa da viagem de regresso, no elétrico.

No regresso, a emoção não era tanta, pois o cansaço sobrepunha-se-lhe. Na rotunda, abandonava o elétrico já com saudades, atravessava penosamente o jardim, tolhido pelo cansaço, seguia no autocarro, que o adormecia embalando-o. Acordava pelo meio da tarde, ávido pelo lanche, sem perceber como chegara a casa e como é que o almoço lhe tinha ido parar ao seu estômago, como tinha sido digerido sem que desse conta. E acordava zangado. Sempre detestou as sestas, desde logo porque eram dormir, e depois, porque achava que sempre que acordava era um novo dia, e com uma sesta, um dia ficava feito em dois.

Já não há férias mesmo Grandes, com elétricos. É pena!

 

Fernando Couto


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9.8.13

 

Penso que ninguém discordará se eu afirmar que as férias são essenciais para a manutenção da saúde mental. E que, como em todas as ocasiões, dá um certo jeito usufruir de “boa saúde mental” durante as férias. Temos assim, então, que saúde mental e férias serão indissociáveis, mas isso não significa de todo que sejam temporalmente coincidentes. Pelo contrário, o que geralmente sucede é o desfasamento entre as duas. Tal torna-se óbvio pela utilização da expressão “estou/estás a precisar de férias”, em que o observado/observador constata, pelo menos, uma qualquer diferença no normal funcionamento de si/do outro. Contudo, tenho de referir que esta menor ou maior diferença não significa propriamente existência de doença. Num quadro de doença mental podemos estar só na presença de um “resfriado” que, tal como acontece com o resfriado (físico), os cuidados para a cura não serão alargados nem complexos e, assim sendo, as próprias férias encarregar-se-ão do caso. Evidentemente que se a constelação sintomatológica for relevante, a “cura” terá de passar por outros procedimentos que não uma simples semana na Manta Rota...

 

Pensando economicamente na coisa, abordo então o tema no ponto de vista da prevenção, tentando assim evitar “resfriados” e fugindo terminantemente das “pneumonias”.

 

Através da constatação diária dos factos sociais todos nós atualmente conhecemos o panorama laboral em que nos encontramos. Simplificando, as entidades patronais tentam espremer o colaborador retribuindo uma remuneração também ela espremida. O colaborador, pelo clima que impera, sujeita-se às regras do mercado e assim vai dirigindo forças para levar a bom porto a sua vivência que se quer digna. E claro que ninguém é de ferro. Este tipo de pressão dá cabo de qualquer um e, com sorte, quando se dá por ela já “estou/estás a precisar de férias”. Mas lá está: ainda não é a primeira quinzena de Agosto. “De facto ainda estamos em Maio! E agora? Como faço para aguentar estes meses?” Bom, neste ponto tenho a dizer que não tenho uma solução universal... O melhor que consigo é transmitir-vos o que para mim funciona e, se tal puder ajudar de alguma forma, dou-me por satisfeito.

 

Simplesmente tiro férias todo o ano. Passo a explicar: as férias não são, no meu entender, blocos de dias em que haverá forçosamente uma expetativa anterior aos mesmos, com a ansiedade a acompanhar o facto. Não faço calendários a contar o que falta nem repito à exaustão os meus planos com os colegas de trabalho. Reparem: só aqui estamos a poupar a nossa saúde mental (através da supressão da ansiedade) e a dos outros (brincadeira...). Para mim, férias são momentos que podem durar dias. São válidos se forem planeados, mas, na maioria das situações, são ainda melhores se surgirem de imprevisto. Uma folga pode ser férias. Um fim-de-semana pode ser férias. Um mês pode ser férias.

 

Usando esta simples fórmula de restruturação cognitiva do dossier “férias”, garanto-vos que vão estar mais vezes de férias por ano e menos ansiosos pelo começo e término das mesmas. As férias encontram-se precisamente no interior das vossas cabeças. O setting onde as passam, não passa disso mesmo: da paisagem que pagaram para levar as vossas cabeças até lá. Férias todo o ano... Impossível? Nem por isso.

 

Rui Duarte


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6.8.13

 

Preciso de férias com urgência! Férias definitivas das minhas frustrações, férias dos meus medos e anseios, das minhas preocupações mesquinhas e receios. Preciso libertar-me e descansar do supérfluo. Quero deixar de fingir que vivo e que está tudo bem. Quero renascer e sentir-me de novo vivo!

 

As pedras que fui encontrando no meu caminho não estão no meu bolso, estão hoje na minha mente e ocupam muito espaço e são extremamente pesadas.

 

O que é necessário para exorcizar o negativo da minha mente? Como posso fazer desaparecer esta insegurança que me assola e destroí? Onde está o guia completo para viver e não apenas sobreviver?

 

Que desassossego, que desesperança...

 

Quero preocupar-me apenas comigo de forma consciente. Quero ser egoísta, muito egoísta!

 

Quero sair e deixar de representar! Caminhar ao ritmo do vento e das brisas e sentir o cheiro da natureza. Quero respirar!

 

Amanhã quero voltar a sentir as pedras no meu bolso:

 

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.

E que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um “não”.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

 

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”

 

(Fernando Pessoa)

 

Ana Teixeira


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2.8.13

 

Daqui a duas semanas, mais coisa menos coisa, começa aquilo a que oficialmente chamo de férias. Esperei-as com ansiedade, fiz planos sem um guião rígido, sonhei acordada e, numa vírgula da existência, tudo se alterou. Caminhar para o período de ócio lembra-me a força que não sinto, a esperança que se esfumou, o rasgar dos afetos que ainda não digeri e todo o tempo do mundo para que me engulam, sem mastigar. Tenho medo de parar, em boa verdade, e já me irrita o som desta tipa aos berros na minha cabeça, apre. Enquanto me mexo, enquanto a rotina me obriga a agir e a esquecê-la por momentos, quase lhe sou imune. Trabalhar é, portanto, o meu ipod antigralha. Mas, quando eu parar, quando não houver horários profissionais a cumprir, quando nada validar por o pé fora de casa, como fingirei que não a oiço? O que sentirá ela então, quando todo o tempo lhe pertencer e me puder atormentar com pompa e circunstância? Temo-a tanto quanto temo pela vida que me escorre entre os dedos, veloz e impiedosamente. Temo-a porque sou eu que lhe viro as costas para que me empurre com graciosidade pelo penhasco abaixo.

Nestas férias quero fugir à consciência que me tem trazido angustiada e cabisbaixa, quero isentar-me desta nuvem que me afunila a caminhada e me tolda o pensamento. No saco de praia, ao lado do protetor solar, levo a indignação de me ver sucumbir com tal falta de graça. Pergunto-me porque raio tenho de “dar a volta” tanto quanto me bate “…e porque não?” Resumindo e baralhando: estou cansada de chorar mas não me canso de sorrir. Nem que seja a última coisa que eu faça.

Nestas férias, gostava que vencessem o amor, o sol num céu limpo e sem nuvens, o pé que caminha sem hesitação, a mão na mão que nela vive e a esperança que prolonga os dias e guia a alma no meio da tempestade. E depois, gostava de regressar a casa, plena, inteira, ávida de muitos mais capítulos – ainda por escrever – na história da minha existência.

 

Alexandra Vaz


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