27.9.10

 

- Mãe, conta-me outra vez a tua história e do pai.

E eu contei, pela enésima vez, como eu e o teu pai nos conhecemos. Falei-te da magia que ambos sentimos quando os nossos olhares se cruzaram. Das juras de amor eterno, do casamento, da felicidade que nos invadiu por acreditarmos ser almas gémeas. Contei-te o quanto te desejamos, todos os planos que fizemos contigo e a tremenda alegria que sentimos quando te apertamos nos braços pela primeira vez. Mudaste as nossas vidas para sempre.

Durante os nove anos seguintes vivemos em estado de graça. É incrível o quão apaixonados nos sentimos, todos os dias mais um bocadinho, por um filho! Disse-te que te amava assim, com um amor que foi crescendo dia após dia, até já não caber dentro de mim.

 

Desta vez, já não contei a história até ao fim. Tu, já não a ouvias. Senti a tua mão soltar-se da minha devagarinho e os traços do teu rosto suavizarem-se, como se tivesses adormecido. Respiraste pela última vez. Eu também.

Não sei durante quanto tempo chorei depois da tua morte. Toda a gente pensou que chorava apenas por te perder de uma forma tão vil mas, na verdade, também chorava pela culpa que me atormentava. Senti-me aliviada quando partiste. Já não suportava ver-te sofrer, dia após dia, durante tanto tempo. Não suportava os teus gritos de dor quando já nada te aliviava. Consegues perdoar-me, filho? Eu ainda não me perdoei a mim própria…

Não compreendo muitos dos meus sentimentos, apenas descodifico o amor que sinto por ti…Passaram-se três anos, dizem. Não sei… O meu tempo parou quando partiste e ainda não acordei desta letargia que se abateu sobre mim.

Hoje estou aqui, ao pé da tua campa. O teu pai fez questão de a escolher; foi a última coisa que fez antes de partir. Estive muito tempo sem cá vir mas hoje saí de casa. Vim ver-te. Vim contar-te de novo a nossa história. Sei o quanto gostas de a ouvir. Dizias que os meninos deviam ser todos especiais e nascerem de histórias preciosas, como a tua. Tinhas razão, filho…

 

O teu pai já cá não está para a contar comigo. Não suportou a tua ausência e perdeu-se nele próprio, tal como eu. No entanto, descubro hoje que há amores que resistem à ferocidade do tempo e às intempéries da alma, e que se prolongam para lá da vida.

Já não te posso abraçar, nem ouvir a tua voz, mas continuas a viver dentro de mim. Aí, nunca morrerás, nunca sofrerás. Serei sempre a tua mãe, serás sempre o meu querido filho.

Sempre. Para sempre.

 

Alexandra Vaz

 

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23.9.10

 

Foi há muitos anos mas parece que foi ontem!

Era ainda criança e, naquele tempo, não abundavam as oportunidades de conhecer pessoas da minha idade, para além do círculo familiar. Mas, num domingo de Setembro fui a uma festa da aldeia, a convite da minha prima. Nesse dia, na casa grande cheia de gente adulta e alguns da nossa idade, apareceu um rapaz, primo da minha prima. Logo chamou a minha atenção. Primeiro, por ser desconhecido, depois pelo seu ar intelectual e simultaneamente cativante. Não era exuberante nos traços físicos mas exalava um charme que não passava despercebido. Não tardou a sermos apresentados: Este é o meu primo; esta é a minha prima.

Foi um dia inesquecível. O almoço, a tarde na romaria, a procissão vista da varanda. Privei com um rapaz culto, educado, atencioso e, direi até, um pouco maroto. Findo o dia da festa, despedimo-nos com um beijo. Na face, como apenas era permitido na época. Este beijo durou anos na minha lembrança! Tantas vezes o senti!

 

A vida levou-nos para caminhos e vidas distantes. Desencontramo-nos.

Anos e anos passaram. Raras vezes ia tendo notícias dele, pela minha prima. Foi sempre o melhor aluno, estudou medicina, foi assistente da Faculdade, transformou-se num notável cirurgião, casou, teve filhos. Eu também. Estudei, casei, criei e geri uma empresa, tive uma filha, uma neta, fiquei viúva, viajei, fui feliz.

Muito tempo foi passando, menos contacto com a minha prima, escassas notícias daquele rapaz que se fez homem e que nunca saiu do meu pensamento.

 

50 Anos depois …

Num almoço com vários amigos, fora do país, quando me preparava para sair, um senhor que conversava com uma das amigas próximas, perguntou-me: Não nos conhecemos? Lembras-te de mim? Ao ouvir estas palavras e a forma como foram ditas, respondi: És tu? Ele disse: Sou. Não quis acreditar! O homem por quem estive apaixonada durante tantos anos, estava ali, tinha partilhado o almoço com ele. Não resisti ao impulso e disse-o. O meu primeiro amor! Apagou-se tudo à minha volta, nem reparei que estava rodeada de tantas pessoas! Caí em mim quando vi o ar de constrangido dele.

Não poderia permitir que este encontro ficasse por um só dia, como o primeiro. Trocámos contactos para não mais nos perdermos.

Desde então encontramo-nos regularmente para conversar, recordar o que eu sonhei com ele. Sempre que há disponibilidade de ambos, lá vamos almoçar. Sinto que a intensidade não é recíproca, mas que importa isso? Quando há amor, nunca acaba. Por isso o amor que senti há 50 anos atrás ainda existe. Vivemos de palavras, de emoções, de desejo.

 

Cumpriu-se o ditado: “Não há amor como o primeiro”. Houve amores maiores, melhores, os apaixonadamente vividos, os dificilmente conquistados, mas nenhum deles superou o primeiro.

 

Ana Santos

 

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20.9.10

 

O nosso amor já dura há mais de cinco anos.

Estávamos de férias, em mais uma lua-de-mel, desta vez em Singapura. Tinha acabado de nascer o dia, desci do quarto para tomar o pequeno-almoço e, faz parte da minha rotina matinal, passar os olhos pelo jornal. Fiquei intrigada, quando vi um anúncio que dizia: “Quer adoptar um bebé? Ligue e entregamos na hora.”. Achei que poderia ser brincadeira, parecia que de uma mercadoria se tratava. Era mesmo o que eu queria. Um bebé com entrega na hora e ainda por cima poder dar a uma criança melhores condições sociais, económicas e afectivas do que as que teria se ficasse no seu meio natural de vida.

Falei com Dany, o meu marido, que me alertou para a possível falta de legalidade daquele anúncio e que me acompanhou até à embaixada de Portugal. Foi-nos informado que era legal e que é um processo rápido, pagando o montante que é solicitado, assinando um contrato, a criança é entregue no acto. Decidi de imediato ligar para a agência que faz os contactos com o orfanato e só perguntaram qual a profissão do meu marido. De imediato disseram: “Temos o vosso bebé, podem vir levantá-lo.”.

Já estava tudo preparado. Depois do pagamento, a menina estava à nossa espera - tinha três dias de vida e acabado de chegar da maternidade. Pelo que soubemos, a mãe é prostituta e não reúne condições para abarcar com as despesas, cuidados e educação, para lhe garantir um desenvolvimento saudável. Não sabia quem era o progenitor.

 

De facto, quando a vimos com os seus três dias de vida, tão frágil, tão pequenina a necessitar tanto de nós, apaixonamo-nos de imediato por ela. Foi amor à primeira vista!!! E agora, já com quatro anos, é a luz da nossa vida. Ela sente que não é uma filha qualquer: foi querida e amada desde o primeiro momento. Ela também percebe que é uma filha diferente dos outros: não é de sangue, mas de coração.

 

Sónia Sequeira

 

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16.9.10
 
Há histórias de amor que são transversais à História, passam de país para país até à sua universalidade, ano após ano, década após década, séculos, até à sua imortalidade.

Gosto dos finais felizes. E, nos casos em que o trágico imortalizou a história, torço pela reversibilidade do final. Importar-me-ia pouco, ou quase nada, se a História não trouxesse até mim o amor de Romeu e Julieta, desde que os dois não morressem no final. Alterar o final é assassinar a imortalidade deste romance, mas que ao menos Julieta acordasse antes do seu amado tomar o veneno fatal.

E o que teríamos perdido se Pedro e Inês simplesmente tivessem casado e vivido felizes para sempre, enfrentando a contrariedade de D. Afonso IV e o despeito de D. Constança? Gosto de histórias de amor e os finais tocam-me particularmente. Conheci recentemente mais uma história de amor à qual, tivesse eu possibilidade, alteraria o final.

 

Um dos lugares mais carregados de simbologia na prisão de Kilmainham Gaol, em Dublin, é a capela. Simples, com um modesto altar colocado no lugar onde antes tinha sido uma porta, acesso a um pátio onde fuzilavam os presos cuja sentença ditava esse fim. Naquela capela realizou-se um casamento que teria apenas a duração do dia seguinte. Não sei que felicidade experimentaram, mas o anúncio da vida interrompida do noivo - decisão inalterável, só pode ter-lhes causado uma imensa dor.

Joseph Plunkett, com 25 anos, um dos líderes da resistência irlandesa, foi preso em 1916, julgado e condenado à morte. Apesar do peso desta condenação a sua namorada, Grace Gifford, quis casar antes que fosse cumprida a sentença. As autoridades deferiram o pedido e a cerimónia do casamento decorreu na singela capela da prisão Kilmainham Gaol onde Joseph Plunkett estava preso. Quando a cerimónia terminou Joseph foi novamente para a sua cela e a recém esposa, agora Grace Plunkett, foi acompanhada à saída da prisão. Aí permaneceu, enconstada ao muro, até às 4 horas da manhã, hora a que ouviu os tiros que tiraram a vida ao seu amado.

Poucos terão tido a honra de testemunhar este acto de amor, mas houve alguém que, com a sua bondade, surpreendeu a desgraçada Grace. No dia anterior à data do casamento, chorosa, foi comprar as alianças. A sua imagem de tristeza não combinava com o acto que iria realizar e suscitou a curiosidade do ourives que, depois de saber o que se passava, ofereceu-lhe as alianças mais caras que tinha na loja.

Enquanto houver alguém que nos credibilize como humanos, a vida tem valor e o nosso futuro é possível.

 

Não sei que força animou Grace para, naquela madrugada, abandonar o muro que a separava do pátio onde jazia o seu marido. Não me custa crer que, no seu entendimento, a melhor maneira de o chorar seria empreender a sua luta. Ela não voltou a casar mas voltou àquela prisão, no período da guerra civil, então como reclusa.

 

Cidália Carvalho

 

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13.9.10

 

A porta fechou-se nas suas costas. Ficou parado na soleira. Olhava em frente, olhos fixos, firmes e serenos. Olhos ávidos de reencontrarem o mundo, de receberem imagens de pessoas, de ruas, de carros, de árvores, de flores, de céu, de rio, de mar. Queria tudo sentir, com todos os sentidos, tudo encontrar e descobrir como se tivesse nascido naquele dia. Sentia-se renascido – tinha recebido uma segunda oportunidade. Como este dia começava diferente!

 

Reconhecia ter ontem excedido todas as medidas. Ao longo do tempo levara ao extremo, sem disso dar conta, o convencimento de que tudo girava à sua volta, de que sobre tudo tinha controlo. Ontem, as suas duas décadas de vida continham toda a experiência e sabedoria do mundo. Ontem, os outros - os mais velhos, os pensadores, os filósofos, os cientistas, as igrejas, Deus - todos treta, todos estavam errados, nada eram ou valiam. Ontem, à noite, mais uma discussão com ela, mais uma disputa, filha do seu ego sem forma, sem jeito. A maior, a mais dura e agressiva, a mais fútil de todas as discussões, em favor da mais vazia de todas as razões.

E de repente, o aperto no peito, a falta de ar, a incapacidade de se manter de pé. O coração dela já muito tinha batido, demasiadas vezes com demasiada força, por más razões, e estava agora a fraquejar.

O amor, bem por baixo de grossas camadas de estupidez por ele laboriosamente tecidas com fios de ideologia e de indiferença, agigantou-se e dominou-o por dentro. Abriu-lhe os olhos para que a visse. Abriu-lhe os ouvidos para que a escutasse. Abriu-lhe o coração para que a entendesse e aceitasse. E ao ego, com todas as certezas que continha, rebentou-o, esvaziou-o, fê-lo rodopiar como um balão moribundo dentro do cérebro dele.

E assim, alterado, regressou a si mesmo. Inundou-o o medo da morte, o medo de que ela morresse, assim, ali, por sua causa, por tanta tristeza acumulada sem dele desistir. Quis levá-la ao hospital, insistiu, persistiu na vontade. Ela recusou, insistiu, persistiu na recusa. Ele não tinha como a obrigar mas sentia que sem isso a perderia para sempre. E isso seria injusto para ela. Teve de aceitar a recusa e encontrar outra forma de conseguir que ela vivesse. Abriu a memória, procurou algo que por vontade própria rejeitara, deitara fora, espezinhara. Ajoelhou-se e começou a rezar. Rezou toda a noite, de joelhos no chão, cotovelos na cama dela, com determinação e fé. Bem mais tarde ela acalmou, repentinamente. Ele receou o pior, mas logo se tranquilizou. Fixou a hora – uma hora - e continuou a rezar, até que adormeceu. Acordou entorpecido e como já tudo estava bem, cambaleou até à sua cama.

De manhã, bem cedinho, o telefone tocou. Ele acordou e atendeu. Era a vizinha do lado que noticiava que naquela noite, era uma hora, o seu marido morrera súbita e inesperadamente. Ele compreendeu que naquela noite a morte estivera naquela casa. E Deus também.

 

A porta fechou-se nas suas costas. Ficou parado na soleira.

 

FCC

 

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10.9.10

 

Hoje, 10 de Setembro, é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

 

Para este ano de 2010 a IASP (International Association for Suicide Prevention / Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio), escolheu como lema "Muitas Faces, Muitos Lugares: Prevenção do Suicídio ao Redor do Mundo" e alerta-nos para a realidade de cerca de um milhão de suicídios em cada ano, para a taxa global de mortalidade por suicídio de 16 por cada 100 mil pessoas, ou seja, um suicídio em cada 40 segundos.

 

Nem todos os suicídios podem ser evitados, mas a sua maioria pode. Um factor importante na prevenção é o acesso aos meios de suicídio, que deve ser dificultado, por exemplo controlando o acesso a armas de fogo e à aquisição de fármacos, bem como a criação de barreiras que impeçam a precipitação de sítios altos. É necessário que as comunidades desenvolvam e implementem programas de prevenção do suicídio. É muito importante que a comunicação social saiba que ao noticiar um suicídio poderá estar a induzir outros, pelo que sempre que o fizer deverá informar onde pode ser obtida ajuda, por exemplo, nos serviços de apoio emocional (ver lista na coluna da direita).

 

A ISAP propõe para este ano, uma actividade na qual todos podem participar: "Acenda uma vela no Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, à 20 horas". A ideia é a de acender uma vela, junto a uma janela, às 8 da noite, para mostrar apoio à prevenção do suicídio, para recordar um ente querido e pelos sobreviventes de tentativas de suicídio.

 

Mil Razões...

 

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Que memória tenho do que fui?

Num exercício nada fácil, arrumo por instantes num canto a consciência de mim. Distancio-me do presente e faço o percurso ao contrário, caminho na direcção do passado. A criança que vejo sente-se confortável no seu mundo. Dele faz parte a família e as poucas pessoas da aldeia onde nasceu. Vai à escola, brinca com outras crianças, ou não brinca, e então tem tempo para pequenas tarefas sem importância. Corre até ao rio, observa os peixes sempre tão rápidos e livres nos seus movimentos. Nunca param para descansar? E porque será que a sua cor prateada brilha mais ao sol? O verde das rãs é bonito, acha no entanto que é uma cor estranha para um bicho, se calhar é para melhor se confundir com as plantas e poder defender-se dos outros bichos. Gosta de as agarrar e senti-las a mexer nas mãos - fazem coceguinhas e, quando por fim se libertam, dão grandes saltos para a água. Splash! Desaparecem!

 

A horta é um dos sítios que mais a fascinam. Com imaginação vê nos pequenos cursos de água abertos para regar, grandes rios onde as folhas que são arrastadas se transformam em barcos à deriva. Uma pequena elevação na terra cria uma ondulação que logo se transforma nas ondas gigantes que o Vasco da Gama teve que enfrentar e que estão ilustradas no livro da 4.ª classe. E as árvores, sempre tão bonitas na primavera e tão fascinantes quando os seus frutos começam a crescer! A curiosidade de saber como se processa o crescimento leva-a a abrir os pêssegos e as melancias ainda verdes, e nem o ralhete do avô impede que ela continue a descobrir o mundo que a rodeia. A infância é lenta mas a criança não vive com pressa. Não espera ansiosa o dia seguinte - ele irá acontecer naturalmente, se a morte não vier. Esta é talvez a única ideia que a atormenta. Não quer separar-se da família e, ainda que não ache bonito, não lhe agrada que a vida continue sem ela, as amigas continuariam a ir à escola, a brincar sem ela. Inquieta-a esta ideia.

 

Quando se muda para a cidade, para prosseguir os estudos, descobre que o mundo tem outra dimensão. O lugarejo que ficou para trás, longe de ser o fim é, isso sim, o princípio. A cidade parece-lhe encantadora mas, ainda assim, resiste à adopção de uma nova forma de vida. Observa as diferenças com uma admiração provinciana de quem sabe ser de outro lugar, um lugar bem mais simples. Não sabe como, nem exactamente quando se rendeu, mas sabe qual a razão da entrega lenta e nem sempre pacífica: ser aceite. Ser querida e principalmente ser admirada, sobretudo pelas adolescentes que, como ela, acabam de chegar ao “admirável mundo novo”. Finge uma alegria que não sente e, não fora o rubor das faces que não controla, até parece desinibida e com à vontade para enfrentar os rapazes. Dá-se ares de modernidade começando a fumar. Impressiona parafraseando famosos. Espanta com a capacidade de decorar os pensamentos dos pequenos livros de bolso. Admira a música e os grupos musicais tão na moda, embora tenha outro entendimento sobre o que é verdadeiramente música.

É aceite! Ela não se aceita. O esforço para agradar, cansa-a. Tem saudades de si, da sua simplicidade, de estar tal como é.

 

A mulher de hoje aproxima-se da criança que foi, vive calmamente o dia-a-dia, não espera ser amada por todos, antes exige o respeito que a todos é devido.

 

Cidália Carvalho

 

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6.9.10

 

15 anos… Sonhos não encontrados, e mais tarde sonhos desestruturados.

Na altura de encontrar rumo, um caminho, o concretizar de um sonho, obter uma profissão e o contributo social, de tanta importância, apercebemo-nos que só isso não chega…

E eis que chega mais um papel, o ser mãe, que nunca estamos preparadas para o ser, mas que nos enche de coragem para tal.

 

Mas afinal o que é esse ser?

Ser mulher e ser mãe, ou ser homem e ser pai, é muito mais que ter direitos, é principalmente ter deveres e responsabilidades parentais que por vezes são esquecidos, abandonados.

A responsabilidade e o sentimento de colocar uma criança no mundo não é indiferente a ninguém, nem para o adolescente mais irreverente do mundo e é sinónimo do poder que o desencadear de uma nova vida pode trazer. Os filhos ensinam a ver a vida de outra forma. Começa-se a ter mais cuidado com a segurança, com a alimentação, e os problemas de educação, que até à data não mereciam muito interesse, são o grande quebra-cabeças do dia-a-dia.

A criança devolve, também, emoções afectivas puras, que qualquer pessoa possui no seu interior e sem qualquer interesse por trás. Rir, sorrir, sentir, começam a fazer parte do universo dos pais. Descobre-se, novamente, o conceito de surpresa. A imprevisibilidade dos actos das crianças faz brotar um sentimento diferente nas reacções dos pais, perante as novidades que se lhes deparam.

A necessidade de uma melhor qualidade e futuro de vida é também uma necessidade para os pais, que desejam para os seus filhos um mundo melhor do que aquele no qual são protagonistas. Na realidade, trazer uma nova vida ao mundo faz desenvolver o lado humano, nem sempre presente ou visível no nosso quotidiano.

A maneira como se encaram as coisas e a forma como as mesmas se sentem, passam por uma ternura e compreensão tais que só é possível senti-las dessa forma quando se é mãe. Se já possui esse nobre estatuto, os nossos Parabéns, pois certamente já aprendeu muito sobre os laços humanos da vida.

 

Contribuir para o desenvolvimento da criança e a sua educação não é tarefa das instituições de ensino, temos que pensar, que é nossa tarefa, e a todos os níveis.

Lembremo-nos que quem compra um piano não passa a ser pianista, mas quem tem um filho passa a ser mãe, e pai…

 

Sónia Sequeira

 

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